Um|| Pressão e Escapismo

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| Carlos Sainz |
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Londres me recebeu com seu céu cinzento habitual e um ar que parecia tão pesado quanto o meu dia. Mal havia desembarcado, e já me encontrava imerso em uma agenda frenética. Reuniões intermináveis com patrocinadores, entrevistas cuidadosamente monitoradas, flashes de câmeras que nunca pareciam cessar. A Fórmula 1 não era apenas sobre velocidade; era sobre contratos, compromissos e manter a imagem impecável.

Hoje foi um desses dias. Longo, exaustivo. O tipo de dia que te suga por completo. No final da última reunião, minha gravata parecia estar me sufocando, e a sala de conferências no hotel de luxo era claustrofóbica, com paredes que pareciam se fechar ao meu redor. Tudo que eu queria era fugir.

— Você tá bem? — Gus perguntou, me observando com aquele olhar de quem me conhece há anos.

Afrouxei a gravata, tentando disfarçar o cansaço.
— Tô. Só... cansado.

Cansado. Uma palavra que parecia tão simples, mas que não capturava a profundidade do que eu realmente sentia. Era mais do que físico. Era mental, emocional. O tipo de exaustão que se acumula ao longo das semanas, meses... anos.

— Você precisa de um tempo pra respirar, cara. — Guzmán se aproximou, cruzando os braços. — Vamos sair. Hoje à noite. Nada de trabalho, nada de compromissos. Só nós três.

Pensei em recusar. Eu poderia simplesmente ir pro meu quarto, me jogar na cama e apagar por algumas horas. Mas, honestamente, dormir não parecia suficiente. Algo dentro de mim precisava de mais do que descanso. Precisava de uma pausa da realidade.

— Não sei... — murmurei, indeciso.

— Sem desculpas. — Gus me deu um tapa amigável no ombro. — Conhecemos um lugar perfeito. Privado, exclusivo. Ninguém vai te incomodar.

— Que lugar? — perguntei, ainda relutante, mas começando a ceder.

— Lux. Um clube no centro de Londres. Elegante, discreto. Você vai gostar.

Suspirei, passando a mão pelo cabelo. Talvez eles estivessem certos. Talvez eu precisasse sair da bolha por uma noite.
— Tá bom. Vamos.

Pouco depois, estávamos em um táxi, atravessando as ruas iluminadas de Londres. A cidade parecia viva, pulsando com energia mesmo naquela noite fria. O Lux ficava em uma rua discreta, longe da agitação dos bairros turísticos. A fachada era minimalista, quase anônima, com apenas uma placa dourada exibindo o nome do clube.

Quando entramos, fui imediatamente envolvido por uma atmosfera que era ao mesmo tempo luxuosa e intimista. A música era alta, mas não invasiva, uma batida eletrônica suave que vibrava no ar. As luzes em tons de dourado e azul criavam um ambiente sofisticado, onde cada canto parecia cuidadosamente projetado para conforto e exclusividade.

No bar, o mármore negro refletia as luzes suavemente, e o cheiro de perfume caro misturava-se ao aroma de drinks elaborados. Havia algo nesse lugar... algo que me fez relaxar um pouco, como se ali eu pudesse deixar as expectativas do lado de fora.

— Bem-vindo ao paraíso, meu amigo. — Guzmán sorriu, olhando ao redor com aprovação.

— O que vai beber? — Gus perguntou.

— Whisky. Com gelo. — respondi automaticamente. Eu precisava de algo forte, algo que me ajudasse a desconectar.

O barman me entregou o copo com um sorriso discreto, e eu levei o líquido dourado aos lábios. O calor suave do álcool desceu pela garganta, trazendo um alívio momentâneo. Me apoiei no balcão, observando o ambiente.

As pessoas ao redor pareciam estar em um mundo à parte, rindo, dançando, vivendo o momento. Por um instante, me perguntei como seria não ter o peso de uma carreira pública, de milhões de olhos acompanhando cada movimento meu. Apenas ser... Carlos. Sem títulos, sem compromissos, sem expectativas.

— Vai ficar aí parado a noite toda? — Guzmán provocou, já animado com a noite que apenas começava.

Dei de ombros, um sorriso discreto surgindo no canto da boca.
— Só estou... observando.

Mas a verdade era que algo dentro de mim já havia mudado desde que entrei ali. Não sabia o quê, nem por quê, mas a sensação era clara: algo estava prestes a acontecer.

Eu só não sabia que, em breve, meus olhos cruzariam com os dela.

E que aquela noite no Lux seria tudo, menos comum.

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𝐋𝐔𝐗 || CARLOS SAINZ Onde histórias criam vida. Descubra agora