✵O Sacrifício do Príncipe✵

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2669 Palavras 

O ar estava mais pesado naquela tarde, como se a própria Terra Média pressentisse o perigo. O grupo já estava na estrada por alguns dias, os limites de Rivendell (Valfenda) ficando cada vez mais próximos, avançavam por um caminho cercado por colinas cobertas de vegetação densa. Apesar da beleza do ambiente, havia uma tensão no ar que não podia ser ignorada. Os passos dos cavalos pareciam ecoar mais do que o habitual, e mesmo o canto suave dos pássaros parecia hesitante.

Legolas cavalgava na frente, os olhos atentos ao horizonte, pois cada movimento na vegetação poderia revelar algo sinistro. Aragorn vinha logo atrás, igualmente alerta, enquanto Elenwen seguia em silêncio, observando os dois com um misto de curiosidade e preocupação. Havia algo no comportamento deles que parecia diferente daquela manhã.

— Alguma coisa não está certa — Aragorn murmurou, a voz baixa, quase como se não quisesse incomodar o silêncio ao redor.

Legolas apenas assentiu, os olhos fixos à frente. Sua mão desceu até o arco, o gesto automático de alguém acostumado a estar sempre pronto para o perigo.

Foi Elenwen quem finalmente quebrou o silêncio. — Vocês dois estão estranhamente quietos. O que estão pensando?

Aragorn lançou-lhe um olhar rápido, mas foi Legolas quem respondeu. — Estamos sendo seguidos.

O coração de Elenwen apertou. — Seguidos? Por quem?

— Ainda não sabemos — Aragorn disse, a voz calma, apesar da gravidade da situação. — Mas seja lá quem for, está escondendo bem seus rastros.

Naquela noite, quando acamparam em um pequeno bosque para descansar, Legolas fez questão de se afastar um pouco do grupo para verificar o perímetro. Aragorn fez o mesmo no lado oposto do acampamento, deixando Elenwen sozinha junto ao fogo por uns instantes. Ela sabia que eles estavam tentando protegê-la, mas o silêncio e a tensão estavam começando a incomodá-la profundamente.

Ela fechou os olhos por um momento, tentando acalmar a inquietação que pulsava em sua mente. Foi então que aconteceu: Uma pressão invisível tomou conta de sua cabeça, como se algo estivesse tentando invadir seus pensamentos. Um sussurro distante, quase inaudível, começou a ecoar em sua mente. Palavras em uma língua antiga, que ela não compreendia completamente, mas que carregavam uma ameaça clara em seu tom. A dor que surgiu era intensa, como uma lâmina ardente atravessando sua mente.

De repente, ela viu. Uma imagem tomou conta de sua mente, e o mundo ao seu redor desapareceu. Na escuridão de sua mente, uma figura flamejante emergiu, os olhos como poços de fogo, encarando-a com uma intensidade que a fez recuar. Era Sauron. Ele estava procurando por ela, sua voz como um trovão ecoando em seus pensamentos.

"Eu a encontrarei..."

Elenwen gritou, levando as mãos à cabeça, a dor intensa irradiando por todo o seu corpo. Ela caiu no chão de joelhos, as mãos se apoiando na terra fria, momento em que algo inesperado aconteceu.

A dor deu lugar a uma conexão. Um calor estranho percorreu suas mãos, como se a terra estivesse respondendo ao seu toque. Ela sentiu as vibrações do solo, cada raiz, cada pedra, cada fragmento de vida conectado a ela. De repente, sua mente foi além, viajando através da energia natural do solo até um ponto distante.

Ela viu os Uruks. Um grande grupo deles, movendo-se rapidamente em direção ao acampamento. A visão era clara e nítida, como se ela estivesse lá, observando-os de perto. Eles estavam organizados, mais do que o normal para criaturas de sua espécie, e avançavam com determinação.

Quando a conexão foi rompida, ela estava deitada no chão, as mãos ainda pressionadas contra a terra. Seus olhos estavam completamente brancos, sem pupilas visíveis, e sua respiração era irregular.

Sombra e Luz: O Destino de ElenwenOnde histórias criam vida. Descubra agora