Doce Destino - House Of The Dragon

09 - Macaco Verde

Alicent entrou no quarto do filho com Otto e Criston em sua cola, Daeron abotoava a camisa quando teve seu quarto invadido.

O alfa mais novo se encolheu, ter seu quarto invadido assim a essa hora da manhã não significava coisas boas e pela cara de sua mãe as coisas realmente não estavam nada boas.

— Porque não me defendeu de Daemon ontem? — questionou furiosa — porque não moveu um dedo por mim Daeron só tive você de filho e ainda sim não presta para defender sua mãe?

— O que eu poderia fazer? Não posso ir contra minha irmã ela é a princesa her....

Não teve tempo de terminar pois sentiu a mão de sua mãe se chocando contra seu rosto, um estalo foi ouvido e sua cabeça pendeu para o outro lado. Daeron mordeu o lábio inferior para reprimir a vontade de chorar.

Alicent se aproximou e segurou nas bochechas do filho com uma das mãos, usando força o suficiente para fazê-lo formar um bico nos lábios mesmo que enconcientemente.

— Você e o herdeiro Daeron você é quem será coroado — gritou o apertando mais — Não há Rhaenyra aqui! Você quem é a objeção que temos contra Rhaenyra!

A rainha o soltou o empurrando para trás.

— Tenho notícias a você — o olhou durante — a cada Martell confirmou a única entre você e Eleanor Martell

Daeron a olhou, seus olhos transbordavam a ira que sentia. Seu lobo se remexia e gritava dentro de si, arranhando sua alma e clamando por Visenya que jamais viria.

— Já disse que não irei me casar com ela — rosnou firme — a única que eu aceitarei a me casar será com Visenya

— Porque insiste nisso? Porque insiste em manchar o nosso sangue com o sangue dos bastardos de Rhaenyra? — Alicent rosnou — se me desobecer irá se arrepender, eu nunca permitiria que se casasse com aquela prostituta mirim eu a mataria antes

Daeron arfou desacreditado nas palavras da própria mãe, não podia crer que ela era tão cruel assim.

— Não ousaria machucar Visenya ou Rhaenyra, seria castigada por isso

Alicent riu, se Daeron soubesse, se ele soubesse o quão longe Alicente pode ser capaz de ir para conseguir manter o trono em suas mãos. Se ele soubesse o que ela já havia feito para isso ele não duvidaria tanto assim de sua capacidade.

— Não seja tão tolo, eu já fiz tanto para deixar alguém me impedir quando eu já estou tão perto. Não duvido de mim — andou até a porta — se arrume logo irá para a casa Martell com seu avô o casamento ocorrerá lá e quando voltar com sua esposa faremos uma cerimônia valiriana

Alicent saiu do quarto com os outros dois alfas deixando Daeron sozinho novamente, o rapaz se deixou cair sobre sua cama. Sua vida estava um caos.

Queria poder ter a coragem de dizer o que sente a Visenya, mas era covarde demais para isso. Seria melhor que ela nunca soubesse de nada. Levantou a cabeça quando sua porta se abriu novamente, mas felizmente dessa vez não era Alicent, ou Otto.

A filha mais nova de Rhaenyra sorriu e fechou a porta, tinha um livro em mãos.

— Eu estava na biblioteca e vi esse, lembrei que você tinha me dito que nunca havia escutado a história da lebre e da tartaruga

E lá estava ela, tão linda, brilhante... estonteante. Visenya sempre estava bela e Daeron jamais se cansaria de a admirar.

— Que foi? Esta me encarando tanto me achou bonita ou algo assim?— perguntou com um tom de diversão na voz

— Sim.

— Como? — sua expressão ficou mais séria, não por desgosto mas por surpresa.

— Merda!

Foi a única coisa que falou antes de avançar contra a menina, segurou em suas bochechas e uniu seus lábios. Visenya arfou e soltou o livro que caiu no chão com um baque quase mudo.

Daeron a soltou suspirando, seu lobo estava feliz, ele uivava de felicidade dentro de si. Como nunca antes. Daeron estava feliz e seus lábios firmigando pelo contato, ele poderia ter um pouco de Visenya antes que tivesse que perdê-la, antes que tivesse que abrir mão da garota de uma vez por todas.

— Daeron... o que está fazendo?

O alfa colou suas testas e suspirou fechando os olhos.

— Visenya. Nós não podemos...

A esperança no coração da garota se afogou em sua própria decepção, ela se afastou e empurrou o alfa para longe de si.

— Você quem me beijou e agora vem com essa?

— Sinto muito. Eu nem se porque fiz isso, eu... foi um erro

Visenya arfou e sentou seus olhos se encherem d'água.

Erro.

Essa palavra ecoou por sua cabeça, ser chamada de erro pela pessoa que amava era destrutivo. Seu lobo se revirou em seu interior choramingando.

— Fique longe de min Daeron, seja o cachorrinho da vádia da sua mãe e me esqueça seja tudo que ela quer que você seja e morra sabendo que falhará em sua missão ridícula

A garota cuspiu as palavras e saiu do quarto do alfa batendo a porta, tudo que a casula se Rhaenyra e Daemon via em sua frente era um grande borrão.

Se aproximou dos aposentos de seus pais, precisava de um mínimo de consolo e sabia que o encontraria no colo de seu pai, Daemon era bruto e mal educado na maioria das vezes mas era um ótimo pai pra si. Sempre tão gentil e carinhoso, lógico a sua maneira  mas não deixava ser e Visenya o amava e amava seu jeitinho torto e grosso.

Levou a mão a maçaneta e abriu entreabriu a porta, o suficiente para que as vozes abafadas de seus pais atingissem seus ouvidos.

— Seria tudo tão mais fácil se Visenya fosse uma alfa como os rapazes...

Não era segredo algum em todo os sete reinos que a jovem princesa Visenya Targaryen filha de Rhaenyra e Daemon Targaryen era a jovem mais bela e querida entre todo o reino, mas naquela noite, naquele momento, ela não se sentiu nada mais do que uma escória, ouvir da sua própria mãe, aquela que tanto amava que seria mais fácil se ela tivesse nascido uma alfa foi tão doloroso.

A dura comparação que sempre fizera com seus irmãos, já havia perdido a conta de quantas vezes  pediu aos deuses valirianos para que lhe transformassem magicamente em uma alfa na calada da noite mas como esperado não obteve nenhuma resposta.

Seu coração está a disparado e seus feromonios já começaram a ficar descontrolados, o cheiro de chateação e amargura transbordavam de si, não esperou que mais nenhuma fala de nenhum dos dois adultos e fechou a porta de modo tão silencioso quanto foi quando a abriu e saiu pelo corredor.

— Rhaenyra minha bebê não nasceu pra ser alfa.

— Se ela tivesse nascido alfa como os rapazes seria sim mais fácil meu dragão, eu não precisaria me preocupar com alfas a cercando e muito menos com a decepção que virá quando ela perceber que Daeron jamais irá contra Alicent por ela

— Aquele macaco verde...

Rhaenyra riu, estava tão inerte no aroma adocicado e tranquilo que o marido emitia que nem conseguiu reparar no cheiro amargo da filha.