A skatista e a Sereia-Rayssa Leal

Sombra na areia

Era madrugada, e a praia estava envolta em uma névoa densa, quase sobrenatural. Rayssa e Marina haviam decidido sair da cabana para caminhar um pouco e aproveitar o silêncio que a chuva havia deixado para trás. Mas, à medida que avançavam pela areia, ambas começaram a sentir que algo estava errado.

"Você sente isso?" Rayssa perguntou, parando de repente. Seu olhar se fixou na escuridão adiante, onde o mar parecia brilhar de forma estranha, com um tom levemente esverdeado.

Marina franziu o cenho. "Sim... está tudo muito quieto. Até o som das ondas parece diferente." Ela olhou ao redor, tentando entender o que estava causando aquele desconforto. A névoa densa parecia se mover, como se tivesse vida própria.

De repente, um som baixo e grave ecoou pela praia, como um rugido distante. Rayssa e Marina se entreolharam, seus corações disparando. "O que foi isso?" Marina perguntou, a voz tensa.

Antes que Rayssa pudesse responder, um movimento rápido chamou sua atenção perto das rochas próximas. Algo—ou alguém—parecia se mover ali, mas era impossível dizer o que era por causa da névoa.

"Fique perto de mim," Rayssa disse, segurando a mão de Marina com força. Elas caminharam lentamente em direção às rochas, seus passos afundando na areia molhada. Quanto mais se aproximavam, mais o som grave parecia intensificar, agora misturado com um estranho zumbido que fazia os ouvidos latejarem.

Quando chegaram às rochas, o que encontraram fez seus corpos congelarem. Havia marcas profundas no chão, como se algo muito pesado tivesse sido arrastado dali em direção ao mar. Mas o mais perturbador era a presença de pequenos cristais espalhados pela areia, emitindo uma leve luz azulada.

"O que é isso?" Marina murmurou, abaixando-se para pegar um dos cristais. Assim que seus dedos o tocaram, seus olhos se arregalaram e, por um momento, ela congelou no lugar.

"Marina? Está tudo bem?" Rayssa perguntou, mas Marina não respondeu. Em vez disso, seus olhos ficaram completamente vidrados, e ela começou a tremer levemente. Rayssa a segurou pelos ombros, alarmada. "Marina! Ei, o que está acontecendo?"

De repente, Marina começou a murmurar palavras incoerentes, e sua respiração ficou pesada. Rayssa olhou ao redor, desesperada, mas a névoa parecia crescer, envolvendo-as como um manto sufocante.

"Marina, olha pra mim!" Rayssa insistiu, mas era como se Marina estivesse em outro lugar. Seus olhos não focavam em nada, e seu corpo parecia preso em um estado de paralisia.

Enquanto Rayssa tentava acordá-la, Marina foi transportada para outro lugar. Ela estava de pé em uma versão distorcida da praia, onde o céu era vermelho-sangue e o mar parecia uma massa negra borbulhante. As rochas estavam cobertas por uma substância viva que pulsava lentamente, como se estivesse respirando.

"Marina..." uma voz sussurrou, ecoando ao redor dela. Era profunda e assombrosa, e parecia vir de todos os lados. "Você encontrou o que procurávamos."

Marina tentou se mover, mas seus pés estavam presos à areia escura que agora parecia grudenta e viva. "Quem está aí?" ela gritou, a voz cheia de pavor.

De repente, uma figura alta e indistinta surgiu da escuridão, seus olhos brilhando em um tom verde intenso. "Você abriu a porta. Agora, não há volta."

De volta à praia real, Rayssa continuava lutando para trazer Marina de volta. "Marina! Por favor, volta pra mim! Você consegue me ouvir?!"

Ela balançou Marina com mais força, mas nada parecia funcionar. Então, em um momento de desespero, Rayssa se lembrou do cristal que Marina havia tocado. Ela olhou para o objeto brilhando fracamente na areia e, com cuidado, afastou-o para longe com o pé.

No instante em que o cristal se afastou, Marina deu um grande suspiro e caiu nos braços de Rayssa, como se estivesse emergindo de um pesadelo profundo.

"Rayssa..." ela sussurrou, ainda ofegante, os olhos cheios de pavor. "Eu vi... algo. Um lugar... escuro, distorcido. Eles estão nos observando."

Rayssa segurou o rosto de Marina com ambas as mãos, os olhos cheios de preocupação. "Você está segura agora, está comigo. Mas precisamos descobrir o que está acontecendo antes que isso piore."

Marina assentiu, mas a sensação de estar sendo observada ainda a perseguia. O mundo ao seu redor parecia o mesmo, mas ela sabia que algo havia mudado. Algo perigoso.

As duas ficaram em silêncio por alguns instantes, enquanto o zumbido que as cercava diminuía lentamente. Mas ambas sabiam que aquilo era apenas o começo.