A skatista e a Sereia-Rayssa Leal

O medo do "nao"

A noite estava tranquila, a brisa fresca da praia acariciando o rosto de Rayssa. Elas estavam sentadas na areia, em silêncio, olhando para o céu estrelado. Desde o confronto com o monstro, o mundo parecia estar mais calmo, mas dentro de Rayssa, as emoções estavam em um turbilhão.

O som das ondas quebrando era o único som entre elas, e por mais que o silêncio fosse confortável, Rayssa não conseguia deixar de se sentir ansiosa. Marina estava ao seu lado, mas Rayssa sentia como se houvesse uma parede invisível entre elas. Algo que ela ainda não sabia como quebrar.

Rayssa olhou para Marina de relance. Ela estava tão serena, tão tranquila. Como se estivesse em paz, como se tudo estivesse no seu devido lugar. Mas Rayssa sabia que o que ela sentia não era simples. Não era só amizade. Ela já havia percebido isso, mas o medo de falar sobre isso a paralisava.

"E se ela não sentir o mesmo?" Rayssa pensou, mordendo o lábio inferior. "E se eu colocar tudo em risco? E se eu a perder por causa disso?"

A ideia de confessar o que estava em seu coração a aterrorizava. O amor... o sentimento que surgia dentro de si quando estava com Marina. Era algo que ela não conseguia controlar, mas que também não sabia como lidar.

Marina parecia perceber que algo estava acontecendo com Rayssa. Ela virou-se lentamente, seus olhos buscando os de Rayssa com uma suavidade que fazia o coração de Rayssa bater mais rápido.

"Rayssa," Marina disse, a voz suave, quase como um sussurro. "Você está pensando demais."

Rayssa olhou para ela, tentando desviar o olhar, mas Marina a fitou com tanta intensidade que não conseguiu escapar. "Eu... não sei do que você está falando," Rayssa respondeu, sua voz mais tremida do que gostaria.

"Você está diferente," Marina falou, sem desviar o olhar. "Desde o incidente com o monstro, você tem se comportado de um jeito... como se estivesse carregando um peso. Eu sinto isso."

Rayssa sentiu um nó apertar em sua garganta. Ela queria dizer a verdade, mas o medo a impedia de abrir a boca. "O que eu sinto por você, Marina... é mais do que amizade. E se você não sentir o mesmo? E se eu estragar tudo?"

Marina deu um sorriso gentil, como se estivesse compreendendo a luta interna de Rayssa. Ela puxou a mão de Rayssa, suavemente, e segurou-a com delicadeza.

"Rayssa..." Marina começou, com a voz cheia de ternura. "Eu sinto o que você está sentindo. Eu também. Não precisa ter medo de me contar. Não importa o que você tenha em seu coração, eu não vou me afastar de você."

Rayssa piscou, surpresa. A confirmação não vinha da boca dela, mas dos gestos e da proximidade de Marina. "Você... você sente o mesmo?" Rayssa perguntou, quase em um sussurro, seus olhos procurando os de Marina, buscando alguma pista de que talvez, sim, fosse verdade.

Marina assentiu, com um sorriso suave nos lábios. "Eu já senti isso há algum tempo, Rayssa. Só não sabia como falar. Mas agora, vendo você tão... distante, eu sabia que você estava se segurando. Estava com medo de dizer o que sentia, não estava?"

Rayssa engoliu em seco, os sentimentos se aflorando mais do que nunca. Ela sempre soubera, de alguma forma, que havia algo ali, mas o medo a havia impedido de ver as coisas de forma clara. A revelação de Marina fez seu peito apertar e seus olhos se encherem de lágrimas.

"Eu... eu não queria te perder," Rayssa disse, a voz embargada. "Eu não sabia o que isso significava, Marina, mas... o medo de confessar e não ser correspondida... isso me paralisava."

Marina segurou a mão de Rayssa com mais firmeza, olhando-a nos olhos com uma intensidade que fez Rayssa sentir uma calma estranha, mas reconfortante. "Rayssa, eu nunca iria te deixar. O que sinto por você é real, e eu sabia que você estava com medo de enfrentar isso. Mas agora, não precisamos mais ter medo, não é?"

As palavras de Marina, tão simples e diretas, derreteram as barreiras que Rayssa havia levantado ao redor de si mesma. Ela finalmente entendeu que, assim como ela temia perder Marina, Marina também temia perder ela.

Rayssa se inclinou um pouco para frente, sem poder mais esconder o que estava sentindo. "Eu... acho que estou apaixonada por você," disse, a voz baixa, mas cheia de sinceridade.

Marina sorriu, e dessa vez, não foi um sorriso qualquer. Foi um sorriso de alívio. Ela aproximou-se de Rayssa, com os olhos brilhando, e colocou a mão no rosto dela, acariciando-a suavemente.

"Eu também, Rayssa. Eu também estou apaixonada por você."

As palavras de Marina estavam ali, como um peso que se dissipava, mas também como algo que florescia com uma intensidade nova. A ansiedade e o medo que Rayssa sentia antes começaram a se dissipar, e, pela primeira vez, ela se sentiu leve, como se finalmente pudesse respirar livremente.

"Eu não vou te perder," Rayssa sussurrou, mais para si mesma do que para Marina. "E eu quero que você fique sempre aqui comigo."

"Eu sempre estarei," Marina respondeu, com uma suavidade que fez Rayssa sorrir. "Sempre que você precisar de mim."

E assim, entre sorrisos tímidos e olhares cúmplices, o medo finalmente deu lugar a algo mais. Algo forte e puro. Elas sabiam que o caminho à frente não seria fácil, mas, naquele momento, ambas sabiam que, juntas, poderiam enfrentar qualquer coisa.