Capítulo 1

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Direitos autorais do texto original © 2015 Marcella Rossetti

Todos os direitos reservados

Revisão: Camila Machado, Thais Lopes e Miriam Machado

Capa: Talita Persi

Dedicatória:

Para minha mãe,

que acreditou que eu poderia conquistar tudo em minha vida.

NOTAS:

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1


Ela estremeceu quando foi engolida pela escuridão. Apenas uma luz amarela, muito fraca, escapava sob a porta. A menina piscou tentando afastar as sombras para conseguir ver as silhuetas dos objetos à sua volta. Sim, estava realmente sozinha no banheiro da suíte.

Mamãe! – pensou ela.

Tudo ficou tão quieto que dava para ouvir o som da própria respiração. Algo úmido e salgado roçou seu rosto, escorrendo até os lábios. Enxugou depressa, pois chorava quase sem se dar conta, e sua mãe tinha pedido para que não chorasse. Ela deveria ficar bem quietinha.

Um baque surdo cortou o ar e Bianca deu um pulo para trás, com o coração na mão. Em algum lugar da casa, talvez no andar de baixo, alguma coisa tinha sido arrancada e destruída.

Sentindo um aperto no estômago, deu um passo para trás e depois outro e mais outro, sem tirar os olhos da porta. A pele delicada de sua perna tocou a porcelana fria do vaso sanitário e ela estremeceu, arquejando alto. A menina imediatamente colocou as mãos sobre a boca, censurando-se, pois podia sentir na pele: não deveria fazer qualquer ruído.

Outro som, como o toque de algo afiado raspando o assoalho, uma vez e depois outra. Aproximando-se.

De repente, um rugido invadiu o aposento atrás da porta, fazendo-a perder o equilíbrio e cair sentada ao lado do gabinete da pia. Sons de tiros cortaram o ar, seguidos por flashes de luz sob o vão da porta, clareando os azulejos do banheiro. Bianca mordeu os lábios para não gritar. No instante seguinte, mais urros animalescos, flashes, estrondos e gritos. Tentou cobrir os ouvidos com as mãos. Seus olhinhos fixaram-se nas sombras dançantes que escapavam por entre as frestas. Outro grito doloroso. Infelizmente, suas pequenas mãos não eram suficientes e parecia impossível bloquear os sons de coisas sendo partidas e rasgadas. Ela se encolheu ainda mais, arrastando-se até ficar contra a parede de azulejos frios.

Mais rosnados e sons abafados de dor. E então o silêncio.

Mamãe! Carlos!

A menina afastou cuidadosamente as mãos dos ouvidos. Apertara tanto que agora as sentia doloridas. As sombras sob a porta tinham parado de se mexer, mas lentamente algo viscoso e escuro penetrou pelo vão, espalhando-se pelos azulejos. Bianca teve que reunir coragem para arrastar-se à frente, o suficiente para ver melhor o que formava uma poça circular em sua direção. Seus olhos arregalaram-se quando a pouca luz refletiu o vermelho líquido pegajoso, e um cheiro metálico entrou pelas suas narinas. Um cheiro que ela nunca mais esqueceria. Horrorizada, afastou-se do sangue ao mesmo tempo que a luz sob a fresta desaparecia completamente.

Filhos da Lua: o LegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora