Capítulo 32

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Maven Dawson
Quatro anos atrás

Houve um tempo em que eu e meu irmão nos dávamos bem, que éramos amigos, que, mesmo com as típicas brigas de irmãos, tínhamos aquele amor fraterno que apenas quem tem irmão sabe como é.

Mas aí a minha mãe morreu. Acho que com ela, o carinho e amizade entre eu e Matt também se foi. Tudo se esfriou, bem como o corpo dela, o coração dela e a pele dela. Não conseguia conviver com Matteo, não sem sentir medo de receber todo aquele ódio e, se ainda estou vivo é porque o evitei ao máximo naquela época.

Mesmo com esse medo de anos presente em meu peito, segui Matteo até o quarto dele. Faz anos que não entro lá, anos que não brinco ou durmo com ele por medo das tempestades.

Ele girou a maçaneta e me deu espaço para entrar. Não é mais azul claro, sua cor favorita, ou pelo menos ainda acho que é; não há mais os brinquedos espalhados pelo chão; não há mais os adesivos colados nas paredes ou nossas fotos penduradas nela. Não há mais aquela vida que costumava ter aqui.

Agora as paredes são de um tom de cinza mais escuro do que as do meu quarto; o chão é de madeira assim como a escrivaninha e o guarda-roupas. A cama, com apenas um travesseiro branco, fica no meio e, atrás dela, na parede, há um quadro de nossa mãe com um fio de led que contorna a moldura.

Matteo foi até a escrivaninha e pegou um cigarro, me oferecendo um, mas não aceitei.

Observei seus passos até a janela coberta pela cortina preta, a qual ele abriu e soprou a fumaça no ar.

— Sabe — aquele medo em meu peito tentava me avisar algo — Eu escutei uma conversa entre você e o papai — parecia gritar para que eu saísse de lá antes que algo acontecesse — Ele quer pagar sua faculdade para que você comande a empresa quando se formar. — Mas burro e teimoso como sou, continuei no meu lugar.

Meu pai sempre me incentivou a ser empresário, dizendo que eu seria um ótimo sucessor. Mas ainda não sei o que quero da vida e nem se herdar a empresa seria uma boa ideia.

— Por que, Maven? Por quê? — o cigarro caiu de seus dedos para o chão abaixo da janela.

— Pergunte a ele se quer tanto saber.

Sua risada fez aquela merda de medo apertar mais meu peito.

— O que você tem que eu não tenho? O que você fez que eu não consigo fazer? O que ele vê em você que não vê em mim? — meu silêncio o irritou — Responda, Maven! — em questão de segundos, suas mãos estavam em meu pescoço e seus olhos cheios de raiva.

Agora, de perto, percebi que ele cheirava a álcool. Matteo mais bebida é igual à merda.

Não pude sequer dizer nada quando seu soco acertou em cheio minha bochecha, a dor instantaneamente aquecendo minha pele.

— Porra, Matteo, sai dessa! — empurrei ele, o que não foi a melhor decisão, já que ele veio para cima de mim com mais força.

Seu peso me forçou para baixo e, com pouca vantagem, recebi socos e mais socos enquanto ele ficava por cima de mim.

— Você é um desgraçado, Maven! Um merda! — suas mãos seguraram a gola da minha blusa. — Abre os olhos e olha pra mim, cacete!

— Para com isso, você tá bêbado, Matteo!

— Bêbado ou não, eu ainda quero quebrar essa sua carinha de merda! — Senti mais um soco e suas palavras caírem sobre mim.-— Você já tirou a minha mãe de mim e agora tá tirando uma empresa que deveria ser minha, canalha. Você não merece ser feliz assim, não depois de matá-la! Você é um assassino sem coração, Maven e tem que pagar por isso!

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