Capítulo 34

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Eleanor Quinn

Ele parecia péssimo, para dizer o mínimo.

Seu peito inflou antes de descer e depois de seus olhos vierem até mim.

É claro que ele veio, era sempre ele quem vinha para me ajudar. Talvez seja por isso que senti um alívio enorme crescer em meu peito assim que o vi.

Seus passos eram difíceis até onde eu e Elliot estávamos, mas ele não aceitou a ajuda do meu pai. Andou e andou lentamente, pouco mais rápido que uma tartaruga, e ficou bem na frente do homem ao meu lado, sem olhar para mim.

Eles costumavam serem amigos, eu me lembro. Mas algo aconteceu e...bom, não se dão mais tão bem.

— Deixe o passado no passado, Graves.

— Seu irmãozinho diria a mesma coisa.— A ironia escorria pela suas palavras.

Finalmente, Matt olhou para mim.

— Ela não tem nada a ver com...

— Ah, mas ela tem sim e você sabe disso, Matteo.

Me senti um peixe fora d'água, sem saber do que diabos eles estavam falando. Mas, pela troca de olhar, pude ver que não era algo muito bom.

Meu pai se aproximou por trás de Matt, segurando a bolsa preta. Parecia pesada, ou seja, tinha muito dinheiro.

— Seu dinheiro tá na bolsa, Eli, só me dê ela de volta e tudo fica bem. — Matt estendeu uma mão para mim, mas o aperto em meu braço ficou mais forte.

— Não é suficiente. — O tom do veneno estava explícito agora, uma cobra pronta para atacar.

A mão estendida se fechou em punho com isso.

Meu pai começou a falar, a entrar em pânico como sempre, mas nenhum dos outros dois prestaram atenção, sequer pararam de se encarar. Pareciam que se comunicavam apenas com o olhar, exatamente como nos velhos tempos.

— Sabe exatamente o que eu quero além desse dinheiro.-— Isso foi o suficiente para fazer meu pai surtar.

— Não, não, não, não — apontou um dedo para ele. — Não foi isso que combinamos, Elliot!

— Pai... — queria fazê-lo parar de falar, queria poder acalmá-lo.

Matt colocou uma mão a frente dele antes que ele avançasse sobre Elliot.

— Eu cuido disso. — Não desviando o olhar, pegou a bolsa da mão do meu pai sem sutileza e jogou na direção de Graves, que a segurou com facilidade. — Tem o dinheiro, que foi o que pediu. Nos dê ela e o resto vem depois.

— Não trabalho assim, Dawson, sabe disso. É tudo ou nada.

— Trato é trato, ou você não é um homem de palavra? — Matteo sempre sabia o que dizer e quando dizer, e dessa vez não foi diferente. Todos nós vimos que Elliot hesitou com essas palavras, melhor, ficou ofendido.

Dando passos para frente, ainda me segurando fortemente, ele sussurrou:

— Não seja hipócrita.

— Não faça nada estúpido.

Na lata.

— Feito, mas se ele não aparecer, eu acabo com ela e com você. — Me jogou para frente e meu pai me pegou, levando-me até o carro.

— Você está bem? — segurou meu rosto, observando cada detalhe de mim.

-— Pai...

— Ele fez alguma coisa com você? Te machucou? — suas mãos tremiam enquanto procuravam por qualquer coisa errada em mim.

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