Acordei com um arrepio, sentindo a ausência de Lavínia ao meu lado. A cabana estava silenciosa, o que me fez ficar alerta. Ela não estava lá. O coração acelerou, e me levantei rapidamente, preocupado. Olhei ao redor, tentando encontrar algum sinal dela.
Foi então que a vi. Na varanda, ela caminhava de um lado para o outro. A preocupação apertou ainda mais meu peito, e sem pensar, saí da cabana rapidamente e fui até ela.
- Lavínia, o que você está fazendo? - perguntei, tentando manter a calma, mas a tensão na minha voz era clara.
Ela se assustou, se virando rapidamente, como se estivesse em um transe e tivesse sido tirada de seus próprios pensamentos. Seus olhos estavam arregalados, e ela deu um pulo involuntário.
- Bala! - exclamou, respirando fundo, como se tentasse se recompor. - Eu... não queria te acordar. Estava...
Fiquei observando, preocupado com o jeito agitado dela. Não era como se ela estivesse apenas caminhando para espantar o frio. Ela parecia... perdida.
Lavínia então sorriu para mim, e aquele sorriso, tão suave, trouxe um pouco de calma ao meu coração. Ela parecia mais tranquila, mas algo em seus olhos ainda mostrava que a preocupação não tinha desaparecido completamente. Ela se aproximou, e, de repente, segurou minha mão. O toque dela foi um alívio, como se pudéssemos enfrentar qualquer coisa juntos.
- Bala... - Ela falou, a voz suave, mas com um brilho de determinação. - Eu pensei em algo.
Eu a olhei, sem entender muito bem o que ela queria dizer.
- O quê? - Perguntei, tentando entender onde ela queria chegar.
Ela olhou para o chão da varanda, onde o jornal que ela estava lendo ontem ainda estava jogado, amassado, como se o vento o tivesse deixado ali. Ela se agachou e o pegou, e então se levantou, estendendo o papel em minha direção.
- Vou te ensinar a ler. - Ela disse, um sorriso leve no rosto, mas com uma convicção que me pegou de surpresa.
Eu fiquei parado por um momento, sem saber como reagir. A ideia de ela me ensinar algo tão simples, mas ao mesmo tempo tão importante, me deixou sem palavras. Eu não sabia ler. Isso era algo que eu carregava comigo, uma habilidade que eu nunca tive a chance de aprender, e de repente, Lavínia estava me oferecendo essa oportunidade.
Mas algo dentro de mim fez com que eu negasse imediatamente.
- Não... - Falei, sem pensar muito. - Não sei se isso é uma boa ideia.
Lavínia me olhou, surpresa, como se não entendesse a minha resposta. Eu podia ver a decepção começar a tomar conta de seu olhar, mas eu não sabia como explicar o que estava sentindo.
- Bala, por que não? - Ela perguntou, com um tom suave, mas insistente. - Eu posso te ajudar, você sabe que pode contar comigo.
Eu apertei os dedos ao redor do jornal, sem saber muito bem como colocar em palavras o que estava passando pela minha cabeça. O peso da minha ignorância me esmagava, e a ideia de aprender algo tão fundamental me dava medo. Medo de não conseguir, de falhar.
- Eu... não sou bom o suficiente para isso. - disse, tentando evitar o olhar dela. - Não quero te dar trabalho.
Ela ficou em silêncio por um momento, e eu sabia que estava vendo a frustração em seus olhos. Mas ela não desistiu. Ela se aproximou um pouco mais e colocou a mão sobre a minha.
- Bala, você não está me dando trabalho. - ela disse, com firmeza. - Eu quero te ajudar, e, se isso for importante para você, eu vou continuar tentando. Não tem nada de errado em aprender. Eu te ensino com calma, sem pressa.
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Fearless
FanfictionConcluída Lavínia tem tudo o que sempre quis: uma família presente, riqueza e uma vida sem maiores preocupações. No entanto, sua busca por liberdade, algo que seus pais sempre lhe negaram, a faz se sentir presa em uma gaiola dourada. Em uma tentativ...