Capítulo 3 - A Busca

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Por cinco minutos imaginei que eu morava naquela casa e que nada de ruim tinha acontecido com o mundo.

Realmente tudo parecia calmo, desci as escadas e vi um bilhete:

"Amor, não se preocupa, tô indo agora cedo lá em casa levar dois galões e avisar pro Leandro que a gente tá bem, volto logo.

Com amor,

Seu Nego."

Olhei para o relógio, era quase meio-dia. Meu coração gelou.

Procurei por toda a casa até que desabei no chão e comecei a chorar, chorar muito!

Eu simplesmente não podia acreditar que aquilo era verdade! Não seria possível EU estar viva e sozinha. Sem o Paulo.

Sempre pensei que se fosse pra morrer, morreríamos juntos. Eu não podia admitir, não queria admitir que seria daquele jeito.

Me senti totalmente impotente e comecei a me odiar. Ele deveria poder contar comigo e eu fiquei ali dormindo! "Bela namorada"

"Eu não tenho nada físico pra me lembrar dele, nem uma peça de roupa com o cheiro dele ou uma foto, NADA." - pensei.

Passou um filme da nossa vida em minha cabeça. E quanto mais eu pensava, mais chorava.

Por mais de uma hora, estes pensamentos agoniantes foram me massacrando por dentro. E nada do que eu dissesse pra mim mesma poderia me consolar.

"Eu falhei com quem mais se importava comigo".

Minha maior vontade era só de sair correndo no meio da rua, gritando e atraindo a maior quantidade de zumbis que eu pudesse, pra que eles acabassem com o meu sofrimento.

E foi justamente pensando nisso que eu pensei que, na verdade, eu deveria tomar vergonha na cara para sair em busca dele.

"Se ele tivesse no meu lugar, ele faria o mesmo".

Deixei um recado na parte de trás do bilhete, escondi os dois galões de metanol embaixo da cama, coloquei um cobertor e comida na mochila e fiquei de pé, decidida.

Dei uma última lida nas minhas palavras no bilhete pra ele:

"Nego, fui te procurar, agora são 13:23.

Por favor NÃO venha me procurar, me espera aqui!! Se eu não voltar até a noite, os 2 galões estão debaixo da cama do último quarto à esquerda. Leva eles até o Lê e vão embora daqui.

Por favor não esquece de mim, da gente!

Te amo muito."

Joguei a mochila nas costas, amarrei o cabelo, peguei um facão, e saí da casa, corajosa.

Bom, deixa eu fazer um adendo aqui: Por que eu amarrei o cabelo? Fácil: com ele preso eu consigo ter total visão periférica, mesmo que esteja ventando. E se de repente eu tiver que matar um zumbi, não corro o risco dele cair em cima dos meus olhos e me atrapalhar. Regrinhas pra se sobreviver neste mundo louco.

Voltando ao que interessa:

Não tinha ninguém na rua, eu parecia completamente sozinha.

Entrei na primeira casa, comecei a procurar pelas salas, cozinha e por fim subi as escadas para olhar os quartos. Em todos os cinco cômodos que procurei, não encontrei um só sinal de que o Paulo tivesse passado por ali.

Aliás, pela quantidade de pó em cima dos móveis ninguém havia entrado nesses quartos há meses.

"Calma Yandra! Essa é só a primeira casa, além do mais ainda falta um quarto para procurar." - Falei pra mim mesma, na tentativa de afastar o nó na garganta.

Apocalipse Zumbi: Minha História.Onde histórias criam vida. Descubra agora