Quando os lábios do Paulo tocaram os meus, senti o mundo parar ao meu redor.
Eu não conseguia conter as lágrimas. Ver que ele, o amor da minha vida, estava ali vivo, me abraçando e me enchendo de beijos, parecia até um sonho.
- Nunca mais faça isso! Nunca mais sai pra qualquer lugar sem me levar junto. Você não sabe a agonia que eu fiquei sem você! Eu achei que você tivesse... - não consegui terminar de falar, não queria estragar o momento.
- Não se preocupa, amor! Eu nunca mais faço isso com você.
- Onde você tava? Falou com o Leandro?
- Não consegui. Foi impossível chegar perto da casa, tinha muitos zumbis por ali.
- Eu notei.
- Você foi até ali? - Perguntou o Paulo, arregalando seus olhos castanhos.
- Fui. Até matei dois zumbis dentro de uma casa!
- Essa é a minha garota!
- Essa "sua garota" teve um ataque de pânico no meio da rua! - eu disse. E devo ter feito uma cara muito feia, porque o sorriso do Paulo imediatamente se desmanchou e sua expressão era de preocupação.
- Mas você tá bem? Deu algum problema? Você foi mordida? - Perguntou ele, ao mesmo tempo em que procurava alguma parte do meu corpo suja de sangue.
- Tô bem! Fiquei completamente vulnerável lá fora! Mas você me salvou.
- Como assim, te salvei?
- Eu pensei no dia em que você me pediu em casamento. Me agarrei naquilo... e aos poucos aquela lembrança foi me tranquilizando. Mas, mesmo assim, foi horrível ficar ali parada no chão!
Paulo olhava para mim com uma mistura de sensações: alívio, preocupação e felicidade.
Ao ver uma lágrima escorrendo pelo canto de seu olho direito, me perguntei se ele também se lembrara do pedido de casamento, daquela sensação de felicidade plena que nós dois alcançamos aquela noite.
Nos demos mais um abraço, daqueles apertados, por uns 15 minutos.
Tá, não mais que um minuto, mas a sensação foi que era um abraço longo e apertado. Sincero, sabe?
Depois desses "15 minutos", decidimos que já era mais do que hora de irmos até em casa avisar para o Leandro que estávamos bem e, o melhor de tudo: conseguimos o metanol.
- Amor, como vamos fazer pra tirar os zumbis dali, da frente de casa? - perguntei.
- Deixa comigo, eu tenho a solução perfeita!
Tirei meu cabelo rosa do rosto pra poder olhar pra ele, esperando a continuação da frase.
- Quando eu tava procurando um lugar pra me esconder, tentei entrar naquele casarão perto do mercado, mas vi que o alarme tava ligado. Eu vou lá, dou um jeito de disparar o alarme e volto correndo pela rua de baixo. Você me espera na esquina e a gente corre pela Pedro de Souza.
- Mas e se eles vierem por todas as direções? Eu não gosto da ideia da gente se separar de novo! Você acabou de me falar que nunca mais ia fazer isso comigo!
- Relaxa, amor. A porta da casa é na rua Adelino Guimarães, eles não são tão inteligentes a ponto de se separarem e uma parte ir pela frente e outra por trás. Além do mais, você já viu eles correndo separados? É uma disputa pra ver quem chega e come primeiro. Prometo que em menos de cinco minutos vou estar com você de novo.
- É... Não sei... E se... Tá bom, você tem razão! - Disse, meio relutante.
Paulo colocou as mãos sobre os meus ombros e os apertou, me dando aquele olhar de "confia em mim". Com um sorriso no rosto, e um pouquinho mais de confiança, me desencostei do balcão da cozinha para começar a me preparar para a nossa pequena missão.
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Apocalipse Zumbi: Minha História.
AventuraEssa história é narrada em primeira pessoa em um mundo condenado pelos seres humanos e dominado pelos zumbis. Quer sobreviver? Siga o meu conselho: CORRA! (This story is told in first person in a world doomed by humans and dominated by zombies. Want...