Há muito tempo, quando o mundo era jovem e os céus ainda choravam pelas estrelas que caíam, dizem que as primeiras criaturas da noite foram moldadas a partir de sombras e solidão. Entre elas estavam os vampiros, seres destinados à eternidade, mas amaldiçoados a vagar sem amor, sem calor e, acima de tudo, sem sonhos.Os antigos acreditavam que a essência da alma estava nos sonhos, e, sem eles, os vampiros estavam incompletos. Tornaram-se predadores, tentando preencher o vazio dentro de si ao consumir a vida dos outros. Porém, nem mesmo o sangue mais doce podia curar a ferida que a eternidade infligia.
Os anciões contavam que, quando as criaturas da noite foram criadas, o Criador, em sua misericórdia, deu a cada um um par. Uma alma que seria capaz de enxergar além das sombras, de alcançar a luz enterrada nas profundezas. Diziam que até mesmo os vampiros tinham esse destino: alguém que pudesse amá-los não por quem eram, mas apesar do que se tornaram.
Esses pares eram raros, quase impossíveis de encontrar. Mas, para cada vampiro, havia uma Rosa — uma pessoa cuja essência era tão forte que podia quebrar as correntes do vazio e trazer ao monstro o alívio do que significava ser humano novamente.
A lenda dizia que o vampiro reconheceria sua Rosa não pelo toque ou pela visão, mas pela alma. Ela seria como uma luz em meio à escuridão, um perfume inconfundível em um campo de horrores. A Rosa traria o que os vampiros mais temiam e desejavam: a lembrança de quem eram antes da escuridão.
Contudo, a união entre a Rosa e a Fera era perigosa. As forças do destino não eram gentis com aqueles que desafiavam a ordem natural das coisas. A Rosa era mortal, enquanto a Fera, eterna. Seu amor era um jogo de sacrifícios: a Rosa tinha o poder de trazer a redenção à Fera, mas muitas vezes ao custo da própria vida.
Assim, os vampiros passaram séculos temendo e desejando encontrar suas Rosas. Alguns se entregavam à esperança de encontrá-las, enquanto outros fugiam, apavorados com a dor inevitável de perder algo tão precioso.
A lenda também dizia que, quando uma Rosa morria, sua essência permanecia com a Fera, transformando o vazio em uma memória dolorosa, mas calorosa, algo que mesmo a eternidade não poderia apagar. E para os vampiros que perdiam suas Rosas, restava apenas um consolo: acreditar que, em algum lugar, em outra vida, encontrariam sua Rosa novamente.
"Pois até as criaturas da noite foram feitas para amar," diziam os anciões, "e cada Fera tem sua Rosa, como cada espinho guarda a promessa de uma flor."
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Enquanto Marília refletia sobre a história que seu pai contara, o pensamento tornou-se claro como cristal. Maraisa era sua Rosa. Ela era o perfume que atravessava a escuridão, a luz que fazia o vazio suportável.
A lenda não era apenas uma história para Marília. Era a verdade que corria em seu sangue, a explicação para a ligação inexplicável que sentia por Maraisa.
E mesmo sabendo dos perigos e do sacrifício que a lenda previa, ela sabia que não poderia lutar contra isso. Maraisa não era apenas uma mortal perdida no caminho da eternidade. Ela era o sonho que vampiros não podiam ter. A sua Rosa, destinada a atravessar o vazio e mudar tudo.
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𝓣𝓻𝓲𝓫𝓾𝓽𝓸
Vampire• ────── ✾ ────── • Eles estavam de volta... O pior que tinham mais uma a infame condessa quer o tributo mais belo, ela apenas não esperava que sentisse seu coração bater depois de tanto tempo, ela tinha encontrado...e ela não vai deixa-la ir. ...