Capítulo XI

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No escritório de Sakura, o relógio parecia avançar mais devagar que o habitual. Ela tamborilava os dedos na mesa, os olhos fixos nos ponteiros que, lentamente, indicavam a aproximação da hora marcada. Enquanto isso, sua mente fervilhava com pensamentos sobre o que estava prestes a descobrir. Yeonjun, o irmão do namorado de sua irmã, era uma peça fundamental em algo muito maior, e ela precisava agir com cuidado para não colocar tudo a perder.

Quando finalmente o relógio marcou a hora combinada, Sakura se levantou, ajeitou o blazer, respirou fundo e caminhou em direção à saída do escritório. A tensão no ar era palpável, mas ela sabia disfarçá-la bem. Quando chegou ao ponto de encontro, Yeonjun já a esperava, encostado em seu carro, os olhos escondidos por trás de óculos de sol escuros. Ele lhe ofereceu um aceno discreto, um gesto que transparecia confiança.

— Pronta? — ele perguntou, abrindo a porta do passageiro.

— Sim, claro. — respondeu ela, com um sorriso que mais uma vez não alcançava os olhos. Ela entrou no carro, ajeitando-se no assento e cruzando as pernas enquanto ele fechava a porta e se posicionava ao volante. O motor ronronou suavemente quando o carro foi ligado, e logo eles estavam deslizando pelas ruas movimentadas de Quioto.

No início, a conversa fluiu de maneira leve. Sakura comentou sobre as mudanças na empresa, sobre uma nova promoção em que estavam trabalhando, enquanto Yeonjun fazia perguntas educadas, mas ligeiramente desinteressadas. O caminho até a cafeteira recém-inaugurada era curto, mas o suficiente para permitir que Sakura criasse uma atmosfera de normalidade, algo essencial para o que ela planejava perguntar. Eles falavam sobre o novo café, que tinha se tornado popular entre os jovens, e até mesmo sobre o clima, mantendo uma aura de superficialidade.

Enquanto dirigia, Yeonjun estava relaxado, como se a conversa não passasse de mais um encontro casual entre colegas de trabalho. Mas Sakura sabia que ele era muito mais do que um simples secretário, e por trás de sua fachada calma, havia um homem que conhecia mais do que estava disposto a revelar. Ela sabia que precisava ser sutil, ou ele perceberia suas intenções.

Foi então que, numa pausa confortável da conversa, enquanto a cidade passava pela janela, Sakura lançou sua pergunta.

— Yeonjun... você tem irmãos?

A pergunta foi feita em um tom suave, quase casual, como se fosse uma mera curiosidade. Mas os olhos dela, escondidos atrás de um sorriso calmo, estavam atentos à reação dele. Yeonjun manteve o olhar na estrada por alguns segundos, sem demonstrar surpresa ou inquietação. Ele era bom em esconder suas emoções.

— Por que a pergunta? — ele respondeu com uma leve risada, mas havia algo contido em sua resposta, como se estivesse medindo cuidadosamente suas palavras. — É tão incomum assim alguém não falar da família?

— Não, claro que não. — Sakura riu em resposta, fingindo leveza. — Só me ocorreu que nunca ouvi você mencionar sua família... sabe, esse tipo de coisa é comum quando se trabalha tão próximo de alguém.

Yeonjun fez uma pausa, seu olhar ainda focado na estrada à frente. O silêncio se estendeu por um momento que parecia longo demais, antes que ele finalmente respondesse, de maneira despreocupada.

— Tenho um irmão, sim. Mas faz tempo que não falo dele.

Sakura assentiu lentamente, como se estivesse apenas colhendo uma informação trivial, mas por dentro seu coração estava acelerado. Ela sabia o que isso significava, mas precisava de mais detalhes. Eles estavam chegando na cafeteira, e ela sabia que a conversa real começaria ali.

— Entendo. — respondeu ela, seu tom cuidadosamente equilibrado. — Às vezes as pessoas se distanciam... Mas é sempre interessante saber de onde viemos, não acha?

My Cold Blood - SunghoonOnde histórias criam vida. Descubra agora