Morgana

Dois

Fly

Aqui estava eu tentando entender o que Morgana faria em um clube de armas.
Olhei para o lado e Dex estava encarando a entrada do clube.
— O que foi, Dex?
— Parece que ela está com problemas.
— Como assim, parece? Leia os pensamentos dela e descubra!
Dex já tinha quase todos os seus poderes. Eu não. Eu precisava fazer algo
incrivelmente importante para ganhar o resto, era um dos motivos de eu estar aqui.
Eu já tinha o controle da gravidade, o que me permitia mover coisas, e também o
controle de mentes, mas ainda não conseguia ler mentes, a superaudição vinha no
pacote de ser uma fada.
— Não consigo, não sei por que, não consigo ler a mente dela.
— Então entra na cabeça de outra pessoa e vê o que está acontecendo.
— Ok.
Ele ficou imóvel. Era o que acontecia quando se entrava na cabeça de outra
pessoa. O clube começou a tremer, eu podia ver e ouvir.
— Dex! — chamei. — Dex... droga, Dexter, volta!! — Ele começou a se mexer
rápido.
— Ela está saindo. — Ele disse apontando para alguém de capuz.
— Vamos!
Falei para ele e comecei a correr pulando prédios. No mundo humano, fadas
não podiam voar, quando entrávamos aqui, a energia mágica que alimentava
nossos poderes fantásticos se dissipava, então nossas asas desapareciam, mas ainda
pulávamos alto por causa da habilidade em lutas e parkour.
Eu ouvia ela chorar. Seus poderes devem ter sido ativados, mas isso só
aconteceria se ela tivesse passado por alguma experiência marcante. É assim que se
ativa poderes de um ser fantástico, ótimo! Agora é descobrir que tipo de ser ela é.
Ela entrou em uma praça, correu mais e se jogou no chão ao lado de uma fonte. Por
um momento senti pena dela, se eu tinha que ganhar sua confiança, essa parecia a
hora certa. Voltei um pouco e pulei de um prédio mais baixo, imagina só se ela me
vê pulando de um prédio e levantar ilesa? Não preciso que ela tenha medo de mim,
bom... não por enquanto. Coloquei o capuz da minha capa e fui em direção a ela.
— Olá? — Ela estava chorando bastante. Quando levantou os olhos não pude
deixar de perceber quão meigos e cativantes eles eram, de um azul quase violeta,
parecia muito violeta. Foi quando caiu a ficha, os poderes foram ativados, suas
características vão começar a mudar, cada vez mais parecida com um ser fantástico.
— Oi. — Ela respondeu por fim.
— Você não me parece bem, aconteceu algo?
— Estarei melhor amanhã.
— Às vezes é bom falar com uma estranha. — Ela pensou um pouco.
— É que... meu mundo resolveu cair por cima de mim, e eu não estava preparada.
Eu me sentia estranhamente ligada a ela. Era como se já fôssemos amigas há
muito tempo.
— Se importa se eu sentar? — disse apontando para o seu lado e ela negou com
a cabeça enquanto se arredava um pouco para que eu sentasse.

Ana

— Todos os dias — comecei falando — quando saio da escola, me encontro com
Felipe, meu namo... meu ex-namorado, perto da árvore principal na saída da escola,
é assim desde que começamos a namorar. Porém hoje, quando cheguei lá para
encontrá-lo — sentia que as lágrimas ameaçavam cair de novo —, ele estava aos
beijos com Melina, minha ex melhor amiga. E agora, quando fui até o Weapon
relaxar, ela veio atrás de mim, sua voz me fez tremer e...
Não achei que fosse bom eu falar sobre o terremoto, até porque aqui fora nada
parecia ter acontecido, mas eu sei que lá dentro ouve tremor, vidros quebrando,
coisas caindo e pessoas gritando deixaram isso bem claro.
— E...? — Ela perguntou. — Já é muito por um dia não acha?
— Me desculpa. É demais para qualquer garota.
Ela parecia pensar e abriu e fechou a boca, como se fosse falar algo umas três
vezes, e quando finalmente falou, senti que não era exatamente aquilo que ela diria.
— Que tal eu te acompanhar até em casa?
— Por quê?
— Porque já são quase 2 da manhã, e não estamos no local mais seguro da
cidade, no caminho conversamos mais.
— Tudo bem, você tem razão.
O mais estranho era que ela não usava relógio, e depois que nos levantamos
olhei disfarçadamente o meu celular: 1h55.