Capítulo 2

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Os olhos esmeraldas do capitão brilhavam à luz da lua, enquanto repassava o plano pela última vez com sua tripulação. Procuravam falhas, qualquer coisa que pudesse atrapalhar ou interromper o saque mais importante do mês. Mais do que o dinheiro e os bens que encontraria, queria uma chance de se vingar daqueles malditos da marinha real por terem matado seu companheiro, Thomas, e tentado sujar sua lealdade perante o código pirata

Como todo pirata, Eren sabia que, se um companheiro ficasse pra trás, teria que abandoná-lo, mas tinha muito orgulho de dizer que isso nunca acontecera até dois meses atrás, em uma tentativa de emboscada da Marinha.

Sua impulsividade o deixou insano quando, há algumas semanas atrás, um ex-corsário da Marinha Real o abordou em um bar de uma cidade costeira; seu nome era Bertholdt. Junto com seu Imediato, Reiner, ele abandonara a vida de militar para se juntar a rotina dura de ser um pirata. Como a deserção acontecera há pouco tempo e ninguém sobrevivera para reportar o acontecimento à marinha, Bertholdt e Reiner tinham uma vantagem: para a realeza, ainda eram vistos como nobres corsários.

Berholdt era muito fã de suas histórias e, pensando em seguir os passos de Jaeger e montar sua própria frota, pedira metade do que Eren conseguisse no saque em troca de atrair os militares até a cidade portuária.Jaeger não pensou duas vezes antes de aceitar, e decidiu que daria até mais do que o requisitado se eles fizessem tudo como combinado.

A grande noite chegara, suas mãos suavam e tremiam, e a vontade de sair daquele navio o possuía como um demônio.

— ALTEAR AS CORES!

A expectativa do sangue militar correndo por sua espada fazia o coração do Capitão acelerar. Os tripulantes preparavam para o ataque, pegando suas armas e deixando-as visíveis. Os gritos, vindos da cidade, só mostravam como os habitantes já haviam aceitado seu destino, e isso deixava Jaeger ainda mais animado.

Os tripulantes assistindo a empolgação do capitão comentavam no convés:

"Pareceque hoje o Capitão irá liberar o titã que aprisiona dentro de si..."
"Não o vejo assim desde a morte de Thomas..."
"Com aquele olhar ele amedronta qualquer frota naval!"
"Aquele comodoro irá conhecer o armário de Davy Jones!".

O barco ancorou na costa e os piratas correram em direção ao cais, atirando nos civis que viam pela frente. Os gritos aumentavam, as crianças choravam e os homens corriam para salvar suas famílias. O cheiro do sangue e da pólvora se misturava no ar; Eren olhava para os lados, procurando os malditos engomadinhos da Marinha Real, mas só via sua tripulação arrancando as vísceras da população local na procura por algo de valor. Seu sangue já fervia de raiva, imaginando que seu plano não dera certo, quando avistou um navio da frota naval real chegando com seus canhões e homens armados.

Eren travou. Mas se engana quem acha que fora por medo. Foi por pura felicidade.

Capitão Jaeger subiu em um dos mastros e avisou sua tripulação:

— A festa começou seus inúteis! E o rum e a cabeça daquele comodoro anão são por minha conta!

Levi, escutando as palavras ofensivas de Jaeger, só pensou em como seria perfeito cortar sua língua e entregá-la em uma bandeja à Rainha. Mas logo se acalmou, lembrando que era uma missão importantíssima para a Coroa, já que Jaeger trazia problemas para o país há muito tempo.

— Atirem naquele insolente! — Ordenou mais alto possível.

Se Levi achou que O Caronte era só um navio pirata com canhões fracos e materiais pobres, estava completamente errado. O navio fora roubado de um corsário da Marinha Inglesa, e era um dos melhores já construídos até então. Seu poder bélico era impressionante e, se bem usado – como naquele caso –, era quase invencível em um combate.

Eren, cansado de batalhar como um covarde, decidiu passar pra luta corporal, pulando no convés do inimigo e sendo seguido por sua tripulação. Correra até o comodoro, que estava distraído com outro pirata, porém o maldito era rápido como um Marlin Azul.

— Finalmente nos conhecemos, Comodoro! —Jaeger pronunciou irônico. — Tu não imaginas como esperei por esse momento...

Andaram um, dois, três passos à frente. Levantaram a espada.

— Diga por você mesmo, Jaeger.— Levi rebateu, dando um passo à frente e forçando Eren a recuar— O Titã dos Sete Mares, intimidado pelo comodoro anão? Quem diria que-

Levi fora interrompido por uma rasteira de Jaeger que, apesar de não cair, dera vantagem a Eren. O pirata o jogou contra um dos mastros, apontando sua espada na direção da garganta de Levi.

—Poupe-me das suas asneiras, verme... Não sou um desses piratas insignificantes com quem você está acostumado.

O capitão tinha um sorriso maníaco na face enquanto roçava sua espada na garganta de Levi. O olhar desesperado do homem, encostado no mastro, só aumentava a excitação de Eren no momento, que só pensava em como seria engraçado rasgar aquela pele branquinha com sua espada. Mas, cego pela sede de sangue, não percebeu quando Levi mirou seu joelho em suas partes íntimas.

Cambaleou alguns passos pra trás, perdido pela dor que sentia. Levi se aproximou lentamente, feliz com sua pequena trapaça, mas Eren nada pode fazer para impedir, pois o golpe havia enfraquecido suas pernas. O sorriso confiante de Jaeger rapidamente foi substituído por uma expressão dolorosa e, para o marinheiro, aquela fora a melhor coisa que aconteceu naquela noite.

—Quem deve calar é você, pirata imundo. Sou um Comodoro renomado, escolhido especialmente pela Coroa para matá-lo, Jaeg-.

Pela segunda vez naquele dia, Levi não conseguira terminar sua frase. Petra, vendo que seu capitão estava precisando de ajuda, golpeou Levi na cabeça enquanto ele tagarelava. Aproveitando-se da distração do inimigo, aproximou-se de Eren e ajudou-o a se restabelecer.

— Espero que ainda possa ter vários filhotes Jaegers, capitão. — Petra disse, rindo da situação de Eren — Parece que seu titã é seu ponto fraco...

— Cale sua boca, rata imunda...— Petra continuou rindo.

Capitão Jaeger olhou em volta, percebendo que já havia ganhado. Havia dois ou três bobões resistindo, aos quais usou os miolos como tinta para as paredes desbotadas do convés.

— O que fazemos com ele, capitão? — Connie perguntou, trazendo Levi amarrado em seus ombros. — O jogamos no mar?

— Prenda-o e me chame quando ele acordar.

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Titã dos MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora