Duas paixões, apenas uma escolha.

Me fazer feliz

Dias se passaram até que finalmente tive a coragem de falar com Luís.
-Oi. - Eu disse.
-Oi, Anne! Que bom te ver!
-Igualmente. Luís, preciso que você me responda uma coisa. Você faria qualquer coisa por mim?
-Com certeza, Anne! Pensei que você soubesse disso. Principalmente depois daquele dia que a gente...
-Eu sei, eu sei - O interrompi - Mas e se essa coisa não fosse exatamente pra mim, mas sim pra alguém que é muito importante?
-O que você está querendo dizer?
-Prometa-me que não vai contar isso para ninguém.
-Prometo, Anne.
-Miguel está doente e precisa de um doador de medula óssea. Seus familiares não são compatíveis e eu...também não. A Dr. Camila me disse que eu poderia ajudar procurando um doador. Pensei em você.
-Anne...eu tenho que pensar. - Não era bem isso que eu esperava.
-Mas Luís eu pensei que...
-Anne! - Ele me interroupeu assim como eu fizera anteriormente. - Você acha que é assim tão simples? Saiba que não é!
- Me desculpa, Luís, eu não queria te deixar com raiva.
- Tudo bem, Anne, você nunca conseguiria me deixar realmente com raiva. Te vejo amanhã.

Cheguei em casa e me só pensava no quanto eu havia me enganado. Por que eu pensei que Luís fosse mesmo fazer aquilo? Fazer tudo por mim é bem diferente do que fazer tudo por Miguel.
Eu precisava sair, estava em uma prisão dentro de mim mesma, então decidi ligar para Isa.

》Anne: Oi, Isa!
》Isa: Oi, Gabi!
》Anne: Estou precisando sair, vamos comer alguma coisa? Ou passar no shopping?
》Isa: Mas é quinta feira!
》Anne: Por favor! Eu entendo que você está com raiva porque eu não te cont...
》Isa: Não estou com raiva, Gabi!
》Anne: Ótimo.
》Isa: Te vejo em uma hora.

Fomos ao shopping e conversamos muito, mas, no final das contas, eu ainda estava mal. Não sabia ao certo se era porque Luís me decepcionou, ou se era por não poder ajudar Miguel.
Cheguei a minha casa e, ao entrar no meu quarto, dei de cara com dois envelopes em cima da mesa.
Um tinha a assinatura de Luís, o outro era do hospital em que Miguel estava. Resolvi começar pelo envelope do Luís.
"Oi, Anne. Não sei bem por onde começar...então vou direto ao ponto. Ontem me perguntaram qual havia sido o melhor dia da minha vida. Parei para pensar mas depois de poucos segundos descobri que o melhor dia da minha vida foi quando fui a sua casa, quando nos beijamos. Nada no mundo pode ser comparado a tamanha perfeição. Você me faz sentir algo diferente, uma coisa inexplicável, realmente nunca conseguirei explicar. Depois de um turbilhão de pensamentos, me dei conta do quão importante você é para mim, e de que sou responsável por te fazer sorrir. Essa é minha obrigação nessa vida: te fazer sorrir. Não importa como. Se for impossível, tornarei possível; se for desagradável, eu engolirei em seco; se não for fácil, farei do mesmo jeito. E...se for por outra pessoa, também. Por isso, decidi fazer os exames necessários à doação de medula óssea para Miguel. O resultado está no outro envelope, em cima da mesa.
Eu te amo muito.
Luís."

Algumas lágrimas caíam dos meus olhos. Luís era incrível! Sempre me surpreendia, sempre! Decidi ir na casa dele, não avisei, mas acho que não seria problema.

Quando cheguei, a mãe de Luís me atendeu e disse que eu poderia subir até o quarto daqui a 5 minutinhos. Fiquei esperando na sala enquanto assistia televisão. Tomei um susto quando Luís chegou por trás e deu um beijo em minha bochecha.

-Vamos? - Perguntou ele.
-É claro! - Respondi entusiasmada.

Entramos no quarto dele, um lugar incrível. Não era daquele jeito na última vez que eu entrei lá.

-Bom, esse é meu lugar aconchegante. - Disse Luís.
-É incrível!
-Que bom que gostou.
-Pois é.
-Mudando de assunto, você leu minha carta?

Baixei a cabeça, corei um pouco. Abrindo um sorriso fraco e já olhando para ele, respondi:

-Sim, e estava maravilhosa.

Ele pareceu muito feliz.
-E o resultado do exame? - Perguntou Luís.
-Fiquei tão entusiasmada com a carta que ainda não li. Você também não?
-Não.

Ficamos em silêncio por um momento, um do lado do outro, quando Luís perguntou se eu queria assistir um filme. Claro que eu não recusei.
Depois de um tempo, ele me envolveu em seus braços, fazendo-me ficar extremamente arrepiada.
Luís tinha aquele dom sabe? Eu fazia de tudo para ajudar Miguel, mas não resistia nada que viesse de Luís. Ele gostava tanto de mim que seria um desperdício não ficar com ele. Miguel também gostava de mim, mas não do mesmo jeito.

-Ei, em que mundo você está? - Perguntou Luís.
-Desculpa, estava pensando no resultado do exame. - Menti.
-O.k.
-Esse filme é muito bom. - Tentei disfarçar.
-É mesmo. - Ele respondeu e depois respirou fundo. - Anne - Disse olhando para mim. - Você está linda hoje.
- Obrigada. - Eu disse.

Não entendi o porquê do pesar em me fazer aquele elogio. Será que ele pensava que agora eu só me importava com Miguel? Não queria isso de jeito nenhum. Então, passando minha mão em sua nuca e acariciando seu cabelo, dei um beijo nele. Luís me puxou ainda mais para perto, suas mão deslizavam em minhas costas. Ficamos um longo tempo daquele jeito, ele enchia meu pescoço de beijos, que iam até a orelha, fazendo cada pelo do meu corpo ficar de pé.
Estavamos tão próximos, seu corpo tão colado ao meu, que até esqueci o real motivo de ter ido alí: agradecer Luís.
Enquanto desviei um pouco meus pensamentos, Luís brincava com a ponta dos meus dedos, me deixando boba.

- Você é tão linda, até seus dedos são demais.
- E você, Luís, é tão incrível e tão amável.

Não falamos mais nada a noite toda, só ficamos alí, juntos, nos acariciando.