Um maravilhoso presente

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Luís chegou a minha casa um pouco mais tarde que a hora combinada.

-Oi. - Disse ele.
-Olá. Luís vem aqui.
-O.k.
-Olha aquela parede. - Ele olhou a parede do meu quarto em que eu coloquei a tabela que ele me deu. - O que você vê? - Perguntei.
-Algumas fotos, bilhetes, adesivos e...a tabela que eu lhe dei.
-Exatamente. Você sabia que eu sempre penso em você quando olho para ela? - Ele corou e depois respondeu:
-Essa era minha intenção, Anne.
-Deu certo.
-Que bom. - Ele disse sorrindo. - Mas o que isso tem a ver com o que você quer me falar?
-Tudo. Você não percebe como é injusto?
-Não estou entendendo muito bem, Anne.
-Eu sempre posso lembrar de você, é só olhar para essa tabela. Já você...não possui nada que possa se lembrar de mim.
-Eu sempre lembro de você, não preciso de nada para isso.
-Mas...
-Eu nunca vou te esquecer, Anne! Não se preocupe.
-Falando assim, Luís, parece que estamos no meio de uma despedida. - Ele riu e eu continuei a falar. - Olhe essa caixinha. - Eu abri e vi seus olhos brilharem.
-Que lindo, Anne! Eu amei esse chaveiro. Mas...onde está a outra metade do coração?
-Está aqui. - Falei mostrando minha pulseira.

Aquele foi o presente que dera a ele. Em seu chaveiro havia a metade de um coração e na minha pulseira havia a outra metade.

-Anne, eu amei! Muito obrigado!
-Não precisa agradecer, Luís.

Ele deu um beijo na minha testa e ficamos um tempo em silêncio.

-Você tem que ir agora? - Perguntei.
-Não, tenho a noite toda para você.
-Ótimo. Luís, você falou com a Dra. Camila?
-Sim. Eu farei a doação e ela disse que há bastante chance de Miguel se recuperar facilmente.

Não respondi nada. O clima estava um pouco estranho...

-Tive uma ideia, Luís.
-O que seria?
-Na verdade tive duas ideias. Você escolhe o que quer fazer: assistir o documentário que eu fiz ou olhar os álbuns de fotos de quando eu era pequena.
-Eu prefiro os álbuns, Anne.
-Ótima escolha, Luís.

Ele sorriu.

-Ta vendo esse loirinho aqui do meu lado? É você. - Falei mostrando uma foto bem antiga da nossa sala. - Seu cabelo escureceu bastante.
-Verdade.
-Esse álbum é de quando eu era um bebê. - Falei enquanto pegava outro álbum.
-Você ainda é um bebê, Anne! -Falou querendo me provocar.
Nós rimos. - Você é linda, Anne. Mesmo com essa sua risada esquisita. - Ele realmente adorava me provocar.
-Obrigada. - Falei rindo.
-Anne.
-Diz, Luís.
-Eu te amo. - Eu sorri e algo escapou da minha boca.
-Eu também te amo, Luís.
-Eu não tenho tanta certeza de que você realmente me ama. - Fiquei preocupada com aquilo.
-Por que não acredita, Luís?
-Por causa do Miguel. Você sempre se preocupou tanto com ele, dava para ver na sua cara o quanto você gostava dele.
-Luís, as coisas mudam. As pessoas também. Eu realmente amo Miguel, mas agora é diferente, amo como meu amigo. E também sou de fato preocupada com ele, pois é o que amigos fazem não é mesmo? Se preocupam uns com os outros. Quanto a você, Luís, eu o amo como...como meu namorado. - Baixei a cabeça e pensei se deveria ter mesmo escolhido aquela palavra.
-Como namorado?
-Desculpe-me pela palavra, eu não achei outra. -Ele sorriu.
-Se eu te perguntar uma coisa irá ficar com raiva?
-Depende. O que é?
-Não posso falar até que me prometa não ficar com raiva pelo meu despreparo ao momento.
-Tudo bem, eu prometo que não ficarei com raiva. - Ele andou até o outro lado do quarto, pegou uma rosa que estava na janela, se ajoelhou e disse olhando fixamente em meus olhos:
-Anne Gabriela, você aceita namorar comigo?
-Eu tenho que pensar. - Vi seu rosto ficar triste e eu continuei a falar. - É brincadeira, Luís! Com toda certeza do mundo eu aceito!
-Não precisava ter me deixado tão triste. - Ele falou rindo.

Continuamos a olhar os álbuns de fotos até que minha mãe entrou no quarto.

-Oi, crianças. -Minha mãe tinha a mania de ainda chamar eu e meus amigos de crianças.
-Oi. - Respondemos juntos.
-Ja são 1 da manhã. - Ela disse.
-Nossa já está tão tarde! Estamos indo, mãe. - Eu disse.
-Tudo bem.

Ela saiu do quarto e Luís disse:

-Acho melhor eu ir.
-Só depois de um bom beijo de boa noite.
-Boa ideia. - Ele disse sorrindo.

Depois que Luís foi embora, percebi que meu chaveiro não foi nada comparado ao que ele me deu: a chance de ser sua namorada. Aquele sim tinha sido um maravilhoso presente.

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