CAPÍTULO 5

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- Você está bem? - Mike pega no meu braço e percebo que Ashley e Johnny estão preocupados comigo.

- Sim eu... Só preciso de ar fresco...- eu falo e levanto do banco.

- Vem rápido então porque o jogo já vai começar. - Johnny falou - E, Cat...

- Oi - eu digo

- Posso ficar com seu pedaço? - Johnny pergunta, apontando pra minha bandeja

- Pode, seu gordo - eu falo, brincando com ele - E toma cuidado no jogo, você sabe que tem que pegar leve.

- Sim senhorita! - ele diz acenando com a cabeça, como um comprimento que soldados usam.

- Eu já volto então - eu abro um sorriso, mas sem mostrar os dentes, eles também.

Johnny tem um problema no coração, ele não pode se exercitar ou pegar pesado nos esportes. Ele já teve um ataque cardíaco, mas, felizmente, ele sobreviveu, desde então eu sempre me preocupei com ele.

Está frio, arrumo meu capuz, pego uma carteirinha, para ter a permissão de sair, eles passam uma máquina no cartão para dar um limite de quanto tempo eu posso ficar lá fora. Se eu não voltar no tempo permitido, por exemplo, eu podia ficar 30 minutos lá fora, e fiquei 45, eles não te deixam sair do orfanato por 30 dias. Eles ajustaram para menos tempo, pois está frio lá fora. Portanto eu tenho 25 minutos, pego o meu cartão de volta e saio do orfanato. Então vejo em um termômetro gigante que há na frente do orfanato... -13°C. "Está muito frio, como eu vou ter ar fresco ?".

Eu passo em frente ao mercadinho em que eu comprava as comidas e meio que fico abalada, mas logo abro um sorriso no rosto, pois atrás deste mercadinho há uma pracinha. Ela está lotada, cheia de crianças, homens e mulheres. Eu olho para um menininho que parece ter uns sete anos. Ele está tão feliz brincando com os pais que lembra quando eu brincava com os meus.

"Pare de pensar em coisa triste, respire fundo, você saiu do orfanato para se acalmar, e não ficar mais nervosa". Eu expiro e vejo uma fumaça branca saindo da minha boca, uma fumaça quente, que estava me aquecendo por dentro, mas agora só tem ar frio dentro de mim.

Eu olho para trás e vejo uma loja linda, bem antiga, que eu adorava, desde pequena. Eles vendem quadros lindos, feitos pelo dono. Esse dono é muito simpático, e foi ele que me ensinou a desenhar.

Há quadros tão lindos que eu poderia ficar ali horas olhando e apreciando. Tem uma pintura de um pôr do sol laranja, com traçados bem leves e suaves. A outra tem duas montanhas, separadas por um rio azul bem marcado, bem brilhante. E a última, que me chamou mais atenção. É uma pessoa separada ao meio por uma linha imaginária, e em apenas uma metade da pessoa, há um sorriso "cortado' pela metade, um olho pela metade e um nariz pela metade. Na outra metade não há nada, além do contorno do rosto e do corpo.

" Ler pinturas é como ler olhos, é só você olhar fixamente e prestar atenção, que sempre encontrará a resposta." as palavras do meu pai vêem em mente então eu fixo os olhos na pintura e sussurro:

- É como se uma pessoa só mostrasse o lado bom dela, como coragem, mas ao mesmo tempo, ela é mentirosa, por exemplo...

- Essa pintura representa você... É igualzinha. Tenta se mostrar forte, mas por dentro, é muito, mas muito fraca. - eu consigo reconhecer esse tom de voz... É o Vitor.

Eu olho para trás e o vejo, debochando da minha cara.

Neste exato momento eu escuto gritos, como se fosse o grito da mãe do Vitor, mas agora são vários, e são muito altos. Eu estou confusa de tanto grito, quando me dou conta, eu vejo... Ah não...

Hoje é o dia de "Recrutamento e Seleção de Soldados".

Amigos e Irmãos #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora