Capítulo 106

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Capítulo 106

17 de junho, e agora a segunda-feira parecia dar a todos as mais forçadas boas-vindas.

Anahí abriu os olhos repentinamente, e antes que pudesse mover-se, sentiu o peso sobre seu peito, obrigando-a a encarar tal cena.

Viu Nayeli deitada sobre si, ainda com o pijama cor de rosa que ela colocara na filha, na noite passada.

Acariciou levemente os cabelos loiros da menina, notou com o nariz e todos os traços da garotinha eram tão parecidos a si mesma; seria impossível negar que a pequena saíra de seu ventre. Talvez Nayeli puxasse a personalidade de Alfonso, já que fisicamente ela se revelara tão parecida a mãe.

— Poncho. – Anahí arregalou mais os olhos ao perceber que estava sozinha no quarto com a filha. – Merda. – tirou a menina de cima de si e a pôs com cuidado sobre a cama, temendo que ela acordasse. – Fique aí. – cobriu-a e então saiu rapidamente do quarto.

Apressou os passos na direção do quarto do deputado, e assim que entrou, notou que apenas Marisol dormia na cama. A pequena agarrava-se ao urso de pelúcia e se espalhava por toda a cama de Alfonso, detalhe que fez a loira girar os olhos.

— Droga... – murmurou, e já começava a pensar nos mais diversos palavrões, quando os olhos pararam sobre o homem, sentado na poltrona que ficava na varanda. – Ainda bem. – ela suspirou aliviada e foi até ele, abrindo a porta de vidro lentamente.

Alfonso deu um pulo ao escutar o barulho atrás de si, girou-se para ver a loira e então forçou o sorriso, apressando-se em deixar o celular sobre a pequena mesa ao lado.

— Hey. – ela sussurrou, fechando a porta atrás de si. – Tudo bem?

— Tudo. – ele passou uma das mãos pelo rosto, parecendo livrar-se do sono. – Você dormiu bem?

— Mais ou menos, né? – ela aproximou-se e puxou a cadeira ao lado dele. – Você veio pra cá e me deixou sozinha. – notou que ele usava apenas a calça do pijama e nenhuma camiseta.

— Marisol estava manhosa. – coçou a cabeça. – Demorou para eu convencê-la a dormir.

— Eu escutei o choro. – contraiu levemente os lábios. – Nayeli e eu, na verdade.

— Não foi muito fácil. – arfou. – Mas eu passei no quarto de vocês depois, e como vocês já estavam dormindo bem, não quis acordar nenhuma das duas.

— Eu teria dormido ainda melhor com você. – deu um leve sorriso. – Digo... se você quer sinceridade, né?

— Marisol dormiu comigo, Ani. – ele a encarou.

— Ela é só uma criança, Poncho. – riu baixo. – Não é você quem sempre diz que devemos aprender a impor limites para as pessoas?

— Sim, mas como você acaba de dizer, ela é uma criança. – deu de ombros.

— Que precisa de limites de criança. – arqueou levemente uma sobrancelha. – Não concorda?

— Ani, ela tem receio com você. – disparou, sem deixar de encarar a loira. – Ficou reclamando por muito tempo, não parou de falar da Mencía e... digo, é difícil. Não posso e não vou forçá-la a passar por cima de nenhum sentimento, você me entende?

— Posso compreender, mas o fato é que, se você não ensiná-la a vencer esses medos bobos, ela crescerá sem coragem para nada. – sentou-se de lado para mirá-lo melhor. – E sem nenhuma confiança em si mesma.

— Encontrarei outra forma de fazer isso. – ele disse, e a loira negou com a cabeça. – Uma forma que não seja fazendo-a aceitar algo que a incomoda.

Jogada Política - Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora