VIII. a bela e a fera.

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OIIIIIE!
Chegamos a um dos meus capítulos preferidos, esperoq ue vocês gostem dele tanto quanto eu...
(deixei na mídia a arte do brasão da família Romania-Balbino que está no broche que o Pedro usa.)


POV PEDRO.

O calor no quartinho abafado de Lourdes parece se intensificar a cada segundo, como se o espaço exíguo conspirasse contra mim. O tecido da camisa gruda à minha pele, e o lenço apertado ao redor do pescoço só piorando a sensação de sufocamento. Me mexo, inquieto, puxando o colarinho da camisa enquanto Lourdes, pacientemente, tenta ajeitar as minhas abotoaduras em formato de besouro.

— Você tá impossível hoje, menino — ela resmunga, franzindo a testa. — Assim eu nunca vou conseguir terminar isso direito.

— Eu só... preciso de um tempo, Madre — solto meu punho, tentando parecer menos desesperado do que na verdade me sinto. Meu corpo está quente demais, e algo dentro de mim parece vibrar numa frequência irritante. — Acho que não tô bem. Parece que vou desmaiar ou sei lá.

Lourdes me lança um olhar preocupado, mas não insiste. Conhece meus limites melhor do que eu mesmo. Dá um passo para trás, suspira e balança a cabeça, murmurando algo sobre como eu sempre fui um drama ambulante, antes de sair do quartinho e me deixar sozinho.

Respiro fundo. O cheiro de tecidos guardados e madeira antiga me traz certa nostalgia. Esse espaço já foi meu refúgio quando eu era criança — um canto escondido onde eu podia me enfiar entre os tecidos de Lourdes, mexer em suas caixas de costura e esquecer do resto do mundo. Mas, agora, não há qualquer sensação de refúgio aqui. Me olho no espelho e me incomodo ao pensar no jantar que se aproxima e na inevitabilidade de ter que encarar mais uma noite encenando ser o filho perfeito. É só frustrante, nada parece estar no lugar certo.

Minha atenção vaga pelas prateleiras até que encontro uma pequena caixa metálica cheia de alfinetes e agulhas. Me sento no pequeno banco de madeira e, distraidamente, começo a mexer nelas, girando os alfinetes entre os dedos.

Então, o barulho de batidas na porta me faz sobressaltar.

O susto é tanto que me espeto com um dos alfinetes, deixando escapar um pequeno grito ridículo e exagerado demais. Antes que eu possa reagir ou conferir o estrago, a porta se abre num rompante, e eu não preciso nem levantar a cabeça para saber quem está ali.

O cheiro de João inunda o espaço.
Caralho, por que isso só fica cada vez melhor?

— Pedro! — Ele exclama meu nome, cheio de preocupação.

Eu olho para minha mão, observando a pequena gota de sangue que brota do corte. Nada grave, mas João já está sobre mim antes que eu possa dizer qualquer coisa. Suas mãos grandes envolvem as minhas com cuidado, e seus olhos percorrem o machucado com um foco intenso demais para algo tão trivial.

— É só um corte — murmuro, minha voz um pouco fraca demais. Eu realmente devo estar passando mal agora. Odeio ver sangue.

Ele ignora completamente a minha tentativa de tranquilizá-lo e varre o quartinho com o olhar até encontrar uma pequena maleta com símbolo de primeiros socorros. De dentro dela, meu falso namorado pega um frasco de antisséptico e, sem nem pedir permissão ou avisar para eu me preparar, aplica o líquido no corte.

— Ai! — Reclamo, recuando um pouco, mas ele segura minha mão firme. Me mantendo no lugar.

— Não seja um bebê — ele resmunga irritado, mas há um sorriso brincando no canto dos seus lábios, que estão rosados e perfeitamente delineados essa noite.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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