E mais um noite se passou e eu continuo presa a esse meu passado.
Já não aguento mais ficar revendo tudo, não aguento mais essa situação, eu já estou ficando louca.
Decido então dar uma volta, talvez ir na casa de algumas pessoas, se elas não me vêem, posso ver tudo o que acontecia e eu não tinha acesso.
Se ninguém me vê, então acho que posso entrar em qualquer carro, qualquer ônibus tranqüilamente.
Vejo um carro indo em direção a casa do Igor, que para logo à minha frente e uma senhora muito elegante desce do tal carro, com imensos saltos vermelhos e um vestido florido, cabelos escuros e olhos cor de mel, parece imensamente fresca, passa por mim rebolando e segurando um cãozinho miniatura do qual não faço idea da raça.
Aproveito a deixa e entro no tal carro um senhor muito elegante de cabelo grisalho é quem dirige e ao seu lado uma senhorinha que beirava os 80 anos, cabelo tingido de loiro em um coque no alto da cabeça e óculos na ponta do nariz.
- Eu disse para você não casar com essa mulher, olha isso, torrando o seu dinheiro, ou melhor o dinheiro que eu e seu pai lutamos uma vida para ganhar e agora você gasta tudo com essa periguete que você chama de esposa.
- Mãe da um tempo, pelo menos hoje, por favor.
-Hoje, amanhã, sempre, você nunca me escuta, fica ai dando duro, enquanto ela torra seu dinheiro em manicure e shopping.
Me mando do carro na primeira oportunidade para não ter que ficar ouvindo mais a conversa, eu não sabia se ria ou sentia pena do sujeito, de qualquer modo era legal ouvir as histórias das pessoas.
Ando pela ruazinha de bloquete até a casa do Igor, vejo os pais dele na sala abraçados e chorando, ao lado deles Isabelle, sua irmãzinha mais nova de 3 anos. Como ela esta pequenina, cabelinho cacheadinho e vestido florido abraçada com uma bonequinha olhando para seus pais com um olhar confuso. Coitada, é muito nova para entender o que esta havendo.
Ando pelo pequeno corredor em direção ao quarto do Igor. Tudo ainda esta no lugar, cama bagunçada (ele não era muito organizado), algumas roupas jogadas no chão e um caderninho ao lado da cama com alguma coisa escrita, chego mais perto e me sento na cama para ler.
Sua letra era bastante difícil de se ler, mas eu o conheço bem, consigo ler qualquer coisa que ele escreva, e como estava com saudades de ver aquela letra.
" Quando te vejo
Um brilhante desejo
Toma conta de meu ser
Só por eu te ver.Eu queria não ter medo
E dizer sem segredo
Que não ter você me da uma dor
Por viver sem teu amor."
Ele era afim de alguma garota então e nunca me contou. Pensar nisso me deu uma tristeza inexplicável, eramos praticamente confidentes, ele me contava tudo, e justo isso não me contou.
Continuo folheando o caderno." Ah minha amada
Se você soubesse o quanto te amo
me responderia quando te chamo
Aquele cinema outro dia
Nem o filme eu via
Sua beleza me fascina
E ter você é minha sina.
Quero contigo viver até a velhice.
Pois eu te amo querida Alice."Alice??? Alice??? Sou eu... Ele gostava de mim, como eu fui idiota. Porquê eu fui tão lerda, e agora ele se foi e eu não tive a chance de dizer quê eu sentia o mesmo por ele.
As lágrimas começam a cair uma após a outra, não consigo parar de nenhuma maneira.
Ele escrevia tão bem, nunca soube desse lado dele romântico, ele era tímido como eu, e acho que tinha medo de estragar nossa amizade, assim como eu tinha e principalmente dele não sentir o mesmo por mim.
Decido passar a noite por lá mesmo então, não consigo pensar em um lugar melhor para passar a noite, e eu não precisava me preocupar com a fome, pois esse meu novo eu não tem fome.
Deito sobre a cama dele, olho para o lado. Tem uma foto que tiramos juntos no dia em que nos conhecemos. Nós tinhamos 8 anos e eu já era louquinha por ele.
O dia amanhece, o sol esta radiante, mas destro de mim ainda é tudo nebuloso, des da morte dele, nunca mais fui a mesma, dentro de mim sempre tem um vazio.
Saio da casa dele e ando um pouco, me sento em frente a praia, vejo as ondas, como são passageiras, vejo a areia, sempre ali ao dispor de quem a todas, as pessoas pisam nela, brincam com ela, e o vento a vela, mas esta sempre fazendo seu papel.

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O sabor do vento
RomanceAlice é uma adolescente de 16 anos, que em um dia aparentemente comum de novembro, se vê revivendo seu maior pesadelo.