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- Você bebeu?

- Talvez sim, talvez não – deu de ombros, as palavras saíram enroladas.

- Essa era a grande surpresa? - me levantei, ficando a sua frente, não podia deixar que ele pensasse que eu estava assustada – Por que bebeu?

- Não te interessa qual era a grande surpresa – ela avançou alguns passos, nossos rostos ficaram próximos demais – A única coisa que interessa é o quão vadia você é.

Eu gelei, sabia que ele tinha descoberto alguma coisa, mas não me deixei abalar, era como se eu já tivesse previsto isso antes do almoço, sem dúvida alguém disse alguma coisa pra ele.

- Você é a porra de um alcoólico falando da vadia aqui! Acha que eu sou pior que você? – ergui meus braços para empurrá-lo, mas ele segurou meus punhos.

- Jack é apenas seu amigo, não é mesmo? Não sabia que você transava com amigos! – ele colocou mais força, tentei ignorar a dor.

Eu sabia que um dia aquelas fotos cairiam em suas mãos, só que como Jack desapareceu, achei que elas demorariam a vir à tona, nem se quer me lembrei delas. Não tive tempo de pensar muito, Cameron me jogou na cama e ficou por cima de mim, ainda segurando meus punhos, tentei sair do seu aperto, temendo o que poderia vir a seguir.

- Cameron, me solta! – eu o chutava, tentando tirá-lo de cima de mim, porém parecia que a bebida o deixava mais forte.

Eu ainda tentava me soltar de todas as formas, não conseguia mais me manter com a mesma máscara, Cameron já tinha percebido que eu estava com medo, eu tinha que ficar, ele estava mais irritado do que o normal, e bêbado, essas duas coisas não combinam.

- Onde está aquela mulher forte? Hum? Vai tomar a garrafa de mim agora? – senti o cheiro de seu bafo em minha cara, virei o rosto, fugindo do cheiro, mas ele segurou meu queixo, obrigando-me a encará-lo.

- Foi bom transar com ele? Ele te tocou? – ele segurou meus punhos com uma só mim e a outra desceu para o eu seio, gritei com ele, tentei me remexer para fugir do seu aperto – Aposto que foi muito fácil dizer aquele monte de merda para mim – começou a imitar minha voz – Oh, Cameron, eu também gosto de você – ele soltou uma risada seca – Errado, você não gosta de mim, gosta do meu dinheiro e gosta do meu pau, como qualquer vadia – engoli seco e parei de lutar, eu manteria minha cabeça erguida – Como você agiu com ele? Disse as mesmas coisas que disse para mim?

Não queria mais escutar aquilo, eu tinha que fazer alguma coisa, já sabia que tinha feito merda, o peso sobre meus ombros se acumulavam cada vez mais, eu sempre seria assim? Seria a garota que fica com todo peso das coisas erradas? Porra, ninguém precisa dizer o quanto eu errei.

Eu tomei uma decisão naquele momento, vendo o olhar irado de Cameron sobre mim, joguei minha culpa em algum canto escuro da minha consciência e tomei novas atitudes.

- Quer saber? Eu transei com ele, foi muito bom, melhor do que você consegue fazer – quase cuspi em seu rosto – Acha que eu sou uma vadia? Então por que não me trata como uma? Deixe vadias como eu apodrecerem e vai comer aquelas garotas maravilhosas, porque elas sim são boas, até Deus clama pela alma delas!

Ele ficou sem resposta, aproveitei esse tempo e impulsionei meu corpo para cima, trocando nossas posições e sentando em seu colo, empurrei sua cabeça para trás, a afundando no travesseiro.

- Amanhã eu venho pegar minhas coisas.

Peguei a garrafa de whisky que estava ao lado da cama, bebi alguns goles e a entreguei para Cameron novamente, sai da cama e ele veio atrás de mim, puxou meu braço com tanta brutalidade que acabei perdendo o equilíbrio e caindo.

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