A força

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Algumas horas tinham passado e a cada momento entrávamos mais na noite. Depois das luzes apagarem Niall e eu sentamos no outro sofá da sala e ali ficamos quase que em silêncio até o loiro pegar no sono encostado em mim. Devido minha ansiedade e mesmo apesar do cansaço não consegui pegar no sono. Sempre que tentava uma posição o fato de estar sentado fazia doer minha costela. Mas algo dentro de mim ainda me dizia que mesmo que eu não estivesse com dor nenhuma, aquela ansiedade e medo não me permitiriam relaxar.

Depois de ficar horas acariciando os curtos fios de cabelo de Niall, desvincilhei meu corpo do dele e levantei do sofá para caminhar pela casa e quem sabe molhar minha garganta com um pouco de água. Niall protestou um pouco, mas aproveitou para se espalhar por todo o sofá. Eu dei a volta no balcão que levava a cozinha e após pegar um pouco de água na garrafa da geladeira, fui até uma das janelas. A cidade estava totalmente escura, mas não estava silênciosa. De longe eu ouvia sons de sirenes e alguns gritos desesperados de fundo. Também pude notar que em alguns pontos grossas colunas de fumaça subiam em direção aos céus. Conseguia imaginar perfeitamente o que havia acontecido, incêndios por conta daquelas coisas, incêndios que jamais seriam controlados uma vez que os bombeiros teriam sido impedidos de executar seus trabalhos.

Eu imaginava as pessoas correndo desesperadas em direção aos carros de bombeiros, procurando uma proteção para tudo o que estava acontecendo. Conseguia imaginar o desespero dos bombeiros quando perceberam uma situação totalmente fora do controle e não podiam se dividir de forma organizada entre ajudar as pessoas e apagar as chamas. Isso até chegar o momento em que aquelas coisas finalmente fossem ao encalço dos bravos heróis.

Meus olhos já acostumados a escuridão agora varriam a rua pela qual havíamos passado. O carro de Richard que antes estava em chamas agora já mantinha o fogo baixo, terminando de queimar todo o resto história que viveramos nele. Ao menos o fogo ajudava a ter uma visão um pouco mais clara do que acontecia na rua. Havia mais daquelas coisas lá embaixo, estavam vagando um pouco perdidos ao redor do carro. Não conseguia contar exatamente quantos tinham ali, o ângulo da janela da cozinha não era muito bom e eu não iria me debruçar para o lado de fora nem se fosse pago para isso. Dali de onde estava me contentei em ver apenas 8 deles lá embaixo.

Em meio ao meu devaneio, assisti a cena horrivel de um casal que entrou na rua fugindo de um grupo de infectados. A mulher carregava consigo uma mochila e o homem trazia o que parecia ser um pé de cabra, ele dava golpes sempre que um daqueles tentava se apróximar deles. A mulher parou bruscamente quando se deu conta que para atravessarem teriam de passar pelo grupo de pelo menos oito daqueles que estavam vagando pela rua.

O homem parou logo atrás dela um pouco a contra gosto e olhou para frente, para mim era um pouco óbvio que eles estavam com problemas. Estavam cercados e agora todos os mortos na qual eu tinha visão, corriam em direção a eles ou tentavam correr em seus corpos debilitados e movimentos cambaleantes. As mãos estavam esticadas e soltavam grunhidos indecifráveis e furiosos. O casal partiu para cima deles, pois parecia a única opção que tinham. Apesar da força do golpe que o rapaz aplicava com a ferramenta em mãos, os monstros não paravam sua investida voraz, apenas um deles parou e caiu estatelado ao chão quando foi atingido na cabeça pelo pé de cabra obrigando o atacante a se livrar de sua "arma" uma vez que havia fincado tão profundamente na cabeça do infectado que na pressa ele não conseguiu puxar a arma de volta.

Eu fiquei deseperado, tinha quase certeza do que aguardava os pobres coitados. Minha vontade era de gritar para que eles saissem da rua, a mulher chamou por socorro. Um grito firme. Eu me perguntava em como poderia descer para ajudá-los, não tinha o que fazer. Ergui os olhos e vi que no apartamento da frente alguém observava a situação. Um homem que aparentava ter quarenta e poucos anos, assistia a cena um pouco abaixado em sua janela, na segurança de seu próprio lar. Nossos olhos se encontraram por um momento e ele um pouco assustado se afastou do vidro e fechou suas cortinas.

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⏰ Última atualização: Jul 30, 2015 ⏰

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