A Recruta

28 2 0
                                    

- Suas lesmas moles, vocês nem sabem qual é o sabor do suor, mas vão aprender! Vocês vão sofrer mais do que sofreram ao longo dessa vossa vida de merda nestes meses.
Eram estas as palavras que se ouviam por todo o campus, eram emitidas pela voz grossa do general Flint Sanchez,ou mais precisamente o porco de meia raça. Era o gajo mais temido em toda a equipa de recruta, diziam que ele era filho de um ladrão de joias em Broklin que se tinha apaixonado por Penelope, uma prostituta columbiana conhecida por colecionar as linguas de todos os clientes que não lhe pagavam o devido valor.

A recruta tinha começado a três dias.

- A partir de agora quem não cumprir todas as regras descritas no vosso manual e que não fizer exatamente tudo o que lhe é exigido vai ter de sofrer um teste de pânico a que eu gosto de chamar "ou matas ou fodes-te" . Consiste simplesmente numa pequena imitaçao do hunger games que todos vocês gostam tanto, mas a diferença é que ninguém subrevive - diz Flint enquando tira o lixo das unhas com uma navalha suiça.

- Senhor soldado ? - fala uma tímida voz do fundo da grande montanha de recrutas.

- soldado?! - responde Flint com uma voz indignada- mas quem é que pensas que és para me chamar soldado seu monte merda ? Para ti é senhor general e ainda me lambes os sapatos! O que é que queres sua lambisgoia?

- peço desculpa, o meu nome é Caterine e...

- e o caralho - interrompe Flint- esquece, nem penses, hoje nao falas! Pensando melhor acho que podes ir lavar as casas de banho centrais com a tua escovas dos dentes! Se não as vir a brilhar em 2 horas acho que vais fazer companhia ao elenco do hunger games.
Logo após estas palavras soltou uma gargalhada tão grande que é possível ter-se ouvido em Paris.
Dois guardas vestidos de preto e metrelhadoras às costas chegaram e agarraram Caterine pelos braços, arrastando-a pelo chão como um saco do lixo.

Helena não conseguia acreditar na tenebrosa realidade que via à sua volta, era demasiado a processar. E as palavras do diretor não lhe saiam da cabeça, o que seria a que ele se estava a referir quando perguntou "tu ainda não percebeste pois não?"

...
19:00h - hora de jantar

-Olá

Helena levantou os olhos para ver de que boca saiam aquelas palavras que lhe eram dirigidas com uma prenúncia americana mal disfarçada.

- conheço-te?

Era um rapaza alto, por volta do seu 1,80 m, cabelo preto e pele morena, tinha uns olhos tão escuros como carvão e usava uma tatuagem de uma caveira no ombro esquerdo, realçada pelos musculos extremamente salientes,embora não tivesse mais de 17 anos.

- Não, mas reparei na tua cara hoje no campus quando arrastaram a Cate...
O meu nome é Louis, e não é a primeira vez que sou enviado para a recruta, talvez pelo facto de ter gostado tanto que me dessem porrada que decidiram enviar-me de novo...- disse com um tom irónico.

Helena esboça um pequeno sorriso no canto dos lábios, mas não lhe dirige a palavra.

-bom... O que eu queria mesmo dizer era que se precisares de conselhos, ou até mesmo de um amigo, podes contar comigo.
Já agora... Quando te sentes incomodada, tenta não demonstrar, eles percebem isso e fazem com que sofras esse próprio sentimento.
Um dia um rapaz da minha ala de dormitórios estava a escrever no seu diário todas as atrocidades que lhe faziam aqui no campus e o facto de estar a odiar as políticas deles, e não sei como eles descobriram, provavelmente através das camaras de vigilância que têem espalhadas ao longo de todo o perimetro, incluindo nas camas.
Dois bizontes (guardas) entraram no quarto e agarraram nele arrastndo-o dali para fora para um dos corredores restritos, deram-lhe tanta pancada que ele ficou com os dois braços partidos e umas vertebras fraturadas,não foi visto de novo por aqui. Lembro-me dele como se fosse ontem, chamava-se Rilley e o passatempo preferido dele era entrar no dormitório das raparigas à socapa só para ver a Nicole em sutiã.
-Então e o que fizeram ao diário?!
- ah claro, queimaram o diário e ainda guardaram as cinzas numa caixa de aço totalmente selada, também ninguém faz a menor ideia de onde está. A verdade é que parece que eles insistem que ninguém de fora saiba o que se passa aqui dentro.
-Como é que tu sabes disso? Não era suposto ser um segredo de estado ou uma cena do género?-pergunta-lhe de forma seca
- ahah, tens piada miúda.

Após estas palavras Louis pisca o olho a Helena como que numa forma de cumplicidade sem lhe dar qualquer resposta e levanta-se em direção a porta de saída do refeitório. Quando é abalroado por três seguranças que lhe dão uma pancada em seco na cabeça deixando-o inconsciente e colocando-o às costas do mais corpulento. Levaram-no para o interior de um corredor escuro que dizia "restrito" na porta de entrada, tal como acontecera a Rilley.

Gritos de desespero desenfreado foi tudo o que se ouviu nas 2 horas que se seguiram.

...
"Hope is the only thing stronger than fear" - hunger games

we are the giantOnde histórias criam vida. Descubra agora