Todas as mentes são uma prisão, mas não há nada pior do que estar preso na própria vida.
*Helena*
Passei três dias a tentar descobrir o que aquilo significava, três dias a tentar lembrar-me de todas as minhas aulas de tecnologia, três dias. E com sucesso.
"ainda estou aqui."Tão simples quanto isto. Tão simples quanto ao facto de agora ter basicamente a certeza de que o Louis não se foi embora. Tão simples quanto neste momento estar a perguntar-me a mim mesma porque raio é que ele desapareceu de um momento para o outro? Porque raio é que me veio com aquela conversa sobre o que acontecera a Rilley e cinco minutos depois estar a ser levado para o mesmo local que ele, e aconteceu exatamente a mesma coisa.
Eu tenho sido tão ingénua, eles têm andado a testar-me e eu não dou por nada.
- "Mas se Louis está vivo então tem de estar algures no quartel, tem de estar algures por aqui e eu tenho de o encontrar, eu preciso de respostas de fundamentos."
Levanto-me de rompante mais que pronta a revistar cada canto deste terreno. Não sei porquê mas o primeiro sitio que me ocorre dirigir-me é ao quartel principal, embora saiba perfeitamente que a entrada a recrutas é mais que entredita, mas tenho de tentar a minha sorte.
Eu na verdade nem sei bem o porquê de estar tão preocupada em encontrá-lo afinal, eu falei com ele uma única vez na minha vida, mas acho que é mais forte que eu, a simples vontade de descobrir o que há de errado com este sitio.
Caminho cerca de 10 minutos para chegar à outra ponta do campus, onde se encontra aquele edifício de tamanho claustrofóbico. É um edifício alto, todo construído em betão , como todos os edifícios deste terreno. Está rodeado por câmaras de vigilância e só se vêm janelas de 5 em 5 metros de distância nas suas paredes. Para além disso está repleto de uma densa camada de uma rede coberta de picos finíssimos e basicamente impercetíveis.
Sei que se me aproximar mais do que aquilo que estou vou ser apanhada, e por esse motivo decido dar a volta ao quartel e procurar uma entrada mais recôndita. Enquanto caminho reparo que a única segurança do exterior daquele quartel são as câmaras meticulosamente colocadas de ponta em ponta do edifício- estranho, os outros têm todos pelo menos 2 guardas à porta armados até aos dentes, e este que é o edifício principal não tem porquê?- continuo a andar, tentando que os meus pés não façam barulho por cima de todas a folhas secas que se encontram no chão.
Reparo num circulo na parede. Tento aproximar-me ligeiramente para conseguir perceber do que se trata aquela bola cravada na densa parede cinzenta, quando me apercebo que se trata de um túnel de esgoto muito provavelmente, não acredito que a ideia de me enfiar ali dentro me passe pela cabeça, mas também talvez seja a minha única hipótese de entrar no quartel, e a verdade é que a única câmara que ali se encontra está localizada na parte superior esquerda e está a apontar para o horizonte, estou portanto num ângulo morto ao qual as câmaras não chegam. O único problema é o facto de a grande porta de ferro estar pregada à parede com parafusos da grossura do meu dedo polegar, é impossível conseguir tirar aquilo dali sem pelo menos uma faca ou ate é um berbequim.
"pensa Helena, pensa! tu tens de entrar neste edifício custe o que custar." A primeira ideia que me sobe à mente é ir ao refeitório e roubar uma faca, eu corro demasiados riscos para aquilo que tem sido viver neste local, mas se há coisa que não consigo é ficar na ignorância.
Decido ir pelo interior do pinhal e o mais curvada possível para evitar que alguém me veja. Enquanto ando reparo que todas as árvores estão dispostas de forma igual, com a mesma distância entre elas, fazem linhas perfeitas ao longo de vários metros, quase como se se quisesse evitar que se tornassem um labirinto para elas mesmas. Tal com a minha mente nos últimos tempos tem sido um labirinto para mim.
Quando me começo a aproximar do refeitório olho repetidamente em todas as direções, procuro analisar com cuidado as posições de cada guarda e a quantidade de câmaras e os locais em que estão dispostas.
É um edifício também em betão, em forma retangular e um comprimento estrondosamente grande, há dois guardas por cada ponta de metralhadoras ao peito e todos vestidos de preto, as suas faces não transmitem qualquer vivacidade ou sentimento, é como se fossem autómatos destinados unicamente a fazerem aquele emprego e nada mais. As câmaras estão igualmente colocadas nas pontas todas em direções opostas para poderem captar todos os ângulos do gigantesco Paralelepípedo cinzento. Mas tal como em todos os outros edifícios deste campus reparo que há um local onde as câmaras não têm acesso e passa lá um guarda mas apenas a cada 5 minutos, era o suficiente para entrar e voltar a sair, não fosse o facto de a única janela que ali se encontra ser bem mais alta que eu, está cerca de um metro acima da minha cabeça. Olho à volta na esperança de encontrar algum objeto que me ajude a subir. Há uma caixa de uma madeira fajuta encostada a um pinheiro a uma certa distância do local onde me encontro, o mais provável é que se vá partir e que eu enterre um pé por ela a dentro sem dar por nada, mas só tenho de tentar. Recuo aos tropeções na direção daquelas tábuas meio partidas na esperança que nada se parta. Quando tenho a caixa comigo espero cerca de dois minutos para o guarda que faz a ronda àquela zona saia e volte nos cinco minutos seguintes. Corro em direção à janela com os pés mais leves que alguma vez possui e coloco a caixa na horizontal para ter a certeza de que a altura que me dá é maior, e hesito no instante antes de colocar o primeiro pé mesmo no meio da caixa de forma a sentir-me segura, iço em seguida a outra perna e fico com o peso do meu corpo inteiro sob aquele apoio duvidoso, duma forma que o meu coração dispara à velocidade que eu tento pensar o que fazer a seguir, estou com a cara mesmo à altura da janela. Empurro-a para dentro com pouca força para não fazer barulho - entretanto já passaram 3 minutos, não sei o que fazer, as palmas das minhas mãos estão a suar e o meu coração bate descontroladamente devido ao meu estado de nervosismo - não tenho tempo a perder, aplico uma força gigante com os dois braços e a janela abre-se com um barulho que a mim me pareceu ensurdecedor.
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we are the giant
БоевикIsto é apenas sobre como a tua vida pode mudar em poucos minutos ... Helena. 16 anos . "the object was not to stay alive, but to stay human..."