Obtuso

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*Helena*

É estranho, como não se vê ninguém a conversar aqui no campus, quer dizer, nenhum guarda ou até instrutor... Já passou uma semana desde que aqui estou e ainda não vi nenhum a trocar uma palavra que seja... parece que evitam a todo o custo qualquer tipo de socialização...

Ontem pareceu-me ver o Louis na direção dos balneários, há três dias que não aparece, pergunto-me mesmo se terá morrido. Mas é tão estranho, eu podia jurar que era ele! E se era porque razão é que não apareceu, porque razão é que quando olhei ele desapareceu do mapa como uma flecha? Isto é tudo tão estranho. É toda a gente tão distante, até parece que não estão a viver a mesma situação de pânico que eu...

...

Eram 5 da tarde, estava toda a gente nas casas de banho pronta para tomar o duche de 3 minutos com água fria. Helena estava no dormitório a preparar-se também, toda nua, coberta apenas por uma toalha que lhe chegava aos joelhos, a mesma que lhe deram desde que lá chegara...

- Sabes que o Louis não vai voltar não sabes?- disse uma rapariga loira oxigenada de raíz escura, ela tinha no mínimo um ar de atrofiada supremo, parecia que tinha saído diretamente do manicómio para ali.

- Conheço-te?

- Não, mas eu sei quem és. Eu observo as coisas sabes? Eu observo tudo, e sei que vais morrer. Pelos meus cálculos vai ser queimada. Já agora, chamo-me Alisha.

A rapariga atrofiada mandou um olha psicótico a Helena, seguido de uma risada macabra e saiu do dormitório, como se nada fosse.
Helena ficou totalmente petrificada a olhar para o que tinha acabado de acontecer naquele exato instante. Passado uns segundos conseguiu voltar a si e lembrar-se de que tinha de tomar banho, ou iria ser obrigada a algo bem pior do que lavar as casas de banho, muito provavelmente.

"Fodace, o shampoo"- pensou

Helena correu em direção à sua mesa de cabeceira para ir buscar o que lhe faltava, mas nada... a única coisa que se encontrava dentro daquela minúscula gaveta era um pequeno quadrado branco de papel que continha algo estranho escrito. Era língua binária, sem duvida!

"01100101 01110101 00100000 01100101 01110011 01110100 01101111 01110101 00100000 01100001 01110001 01110101 01101001"

Ela não fazia a menor ideia do que aquilo queria dizer! Nem sequer sabia o que aquele papel estava a fazer na sua mesa de cabeceira, afinal de contas elas estao fechadas das 5 da manha as 5 da tarde! e só os guardas têm as chaves... Como é que aquilo era possível? Helena sentiu que havia algo para descobrir, algo que lhe estava a faltar à vista... E ela ia descobrir.

Guardou o papel no bolso de dentro do blusão da farda, à espera de que ninguém o descobrisse e despachou-se a ir tomar banho, já sabia que nunca iria chegar a tempo do jantar.






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