Prólogo

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No céu, a lua foi tomada por um eclipse. Pios de coruja ecoavam.
E, dramaticamente, um nevoeiro tomou conta do bosque.
De calcinha e sutiã, Aline Moraes corria atônita bosque adentro em busca de ajuda, pois acreditava que, em algum lugar daquela imensidão de folhas secas, lama e salgueiros decrépitos, haveria alguém para ajudá-la.
Aline estava sendo perseguida por uma criatura terrível, uma criatura que persistia em seu encalço já há algum tempo. Após três guinadas, suas pernas estremeceram e uma sensação de desespero a dominou por completo.
Por quanto tempo irei fugir?
E fugindo do quê? Quem é meu algoz?
Aline não fazia questão de olhar para trás, pois o medo a impedia de tal ato. Logo, veio a sensação de Déjà vu. Tudo já acontecera antes: a noite no bosque, a perseguição intensa e o monstro. Ela já sabia o final de tudo isso.
Por favor, não, de novo não!
A brisa noturna a atingiu, produzindo arrepios na espinha. Aline estava paralisada e ciente do que iria acontecer nos próximos segundos.
É o fim, vou morrer.
O monstro avançou para atacá-la. As garras lembravam facas afiadas. O denso nevoeiro a impediu de visualizar a criatura por completo, ela somente conseguia ver o olhar possessivo do monstro e podia sentir as garras dele rasgando sua pele. Contudo, ela não sangrava, só sentia dor.
Não, por favor, pare! Não faça isso comigo!
A dor era insuportável. Ela cruzou os braços na frente do corpo com o intuito de impedir que as garras do monstro rasgassem seu coração.
Deixe-me em paz, maldito!
Por fim, ela viu a face do monstro.
Por que você voltou?
Viu as garras perfurarem seu abdômen.
Responda! Por que você voltou?
Viu suas vísceras pularem.
Não!
E tudo escureceu.
Ela despertou em soluços, abraçando seu corpo nu.
Foi somente um terrível pesadelo. Novamente aquele pesadelo.
Um pouco tonta, levantou-se, ajeitou os cabelos pretos num coque, vestiu algo e, pensativa sobre qual seria seu próximo passo para pôr um fim nessa perseguição, saiu daquele hotel.

O Retorno do MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora