Parte II

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Houve um silêncio aterrador. E depois a discussão:

— Você abriu a correspondência de outra pessoa?

— Eu precisava saber — disse Daniela. — Não fiz por mal.

Rafael viu a bolsa-carteiro sobre a mesa.

— Você quer que eu perca meu emprego, Daniela?

— Não pense asneiras, Rafael.

— E o que você quer que eu pense?

— Jamais fico com as cartas, sempre as devolvo.

— Eu não entendo.

— Foi tudo por curiosidade, Rafael — explicou ela. — Acabei apegando-me a Elsa. Ninguém jamais saberia. O método é muito simples, basta usar o vapor e...

— Eu sei como funciona — disse ele, aproximando-se.

— Eu só queria saber o que aconteceria com Elsa.

— Quem é Elsa?

Daniela contou tudo e Rafael ouviu atentamente.

— Compreende?

— Daniela e seu coração mole — disse, abraçando-a. — Guarde a carta e vamos pra cama, tenho que entregar umas cartas daqui a pouco.

— O que você faria? — quis saber ela, imóvel.

— Hã?

— E se fosse eu, Rafael?

— Como assim?

— E se eu implorasse para você ir ao hospital? E se eu estivesse morrendo e minha única esperança fosse você?

— Claro. Eu te amo, Daniela!

Ele a beijou.

— Mas Léo não ama Elsa — comentou ela.

— Esqueça isso, por favor. Não podemos fazer nada.

Daniela assentiu, guardando a carta. Fechou a bolsa-carteiro e foi para o quarto tentando esquecer Elsa, mas, antes que pudesse executar o pedido de Rafael, dormiu nos braços do namorado. E se fosse eu, Rafael?, a voz de Daniela ecoou na mente dele.

— Eu faria de tudo para salvá-la — murmurou.

Então, começou a pensar em Elsa Coelho. Quem a salvaria?

Algumas Cartas Não Devem Ser AbertasOnde histórias criam vida. Descubra agora