Parte IV

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A viagem até o interior da Bahia durou algum tempo. Tempo mais que suficiente para Daniela contar a Rafael mais detalhes das lembranças de Elsa Coelho, descritas na primeira carta aberta. Rafael precisaria estar munido dessas informações para que tudo ocorresse bem. No entanto, milagrosamente não houve necessidade de utilizar nenhuma lembrança. Quando os dois chegaram ao Hospital Regional de Barra, o nome Léo Paiva já tinha sido o bastante para uma das enfermeiras levar Rafael até Elsa.

— Quem...? — disse ela, com os olhos sem vida e cercada por aparelhos bizarros, ao ouvir a enfermeira dizer algo. Elsa resumia-se a uma figura esquelética. A respiração ofegante impedia qualquer diálogo. — Quem... está... aí?

— Léo — Rafael gaguejou, piedoso. — Eu estou aqui.

Um sorriso apareceu no rosto de Elsa.

Ela acreditou. Tudo ficaria bem.

Rafael aproximou-se, segurou a mão dela e, sem pensar duas vezes, beijou-a delicadamente na boca. Logo depois, Elsa foi envolvida pelo manto da morte. Houve um silêncio demorado, afinal, nada mais precisava ser dito.

Algumas Cartas Não Devem Ser AbertasOnde histórias criam vida. Descubra agora