Capítulo 2

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Chegando ao local da feira o reconheço rapidamente, ele continua o mesmo, é um grande pátio de terra batida, cercado com muros altos em toda sua volta tem apenas duas passagens, a primeira onde estamos, é reservada para entrada e saída de das carroças com mercadorias, e a outra é cercada por guardas, e é por lá que os compradores entram, isso nos mantém afastados deles, obrigando-os a chegarem próximo quando há interesse, ou como na maioria das vezes um intermediador verifica a mercadoria, a única negociação que não há intermediário é quando se tratam de mulheres como eu, a feira é repleta de barracas próximas aos muros, todo tipo de mercadoria é vendida aqui, frutas, legumes, animais, tecidos e em dias específicos nós os servos, neles as senhoras são impedidas de entrar na feira, pois somente homens podem negociar na escolha dos servos.

Percebo que desta vez não há crianças, já havia escutado que o rei havia proibido o comércio de crianças em nosso país, e todas as crianças, abandonadas como fui, eram acolhidas em uma parte do palácio onde eram cuidadas, pena que não tive esta sorte,  o governante na época em que nasci não pensava assim. Somos cerca de cinquenta servos sendo vendidos hoje aqui, a grande maioria são homens, eles são vendidos primeiro, já que são mais fortes e a mão de obra deles é mais produtiva, as mulheres são vendidas depois, separadas entre as mais velhas e as mais jovens, estou no segundo grupo, percebo que serei eu e mais uma garota, ela tem a pele dourada, cabelos vermelhos e olhos da cor azuis como do céu em dias claros, em seu rosto há um sorriso triunfante que me faz pensar se ela sabe o que acontece quando uma jovem é vendida.

As horas se arrastam, o sol está escaldante, não nos é permitido comer nada durante a feira, e só podemos beber água quando oferecido por um comprador, é uma forma de nos verificar sem dar uma oferta, e já que eu e a garota de cabelos de fogo ficaremos por ultimo não nos foi oferecido nada até agora.

A primeira a ser vendida será ela, suas vestes são tiradas pelo seu senhor, um grande grupo de homens voltam sua atenção para ela na hora, percebo que alguns mesmo assim olham para mim, dentre eles um chama minha atenção, ele é muito bonito, alto, corpo esquio, cabelos e olhos escuros, me observa coçando o cavanhaque, mas se o olhar do guardião me dava medo o dele me deixa apavorada, algo muito obscuro, sombrio é transmitido pelo olhar dele.

Volto minha atenção para a garota, ela está sendo tocada por um intermediário, seu sorriso permanece intacto e pelo que vejo será logo negociada.

Um arrepio percorre meu corpo, sei que em breve chegará a minha hora.

Assim que são acertadas partes da venda da garota ela é envolta em uma capa, e segue triunfante para a saída junto com o seu novo amo.

Minhas vestes são tiradas, sinto-me ainda mais exposta, mas no mesmo instante uma grande comoção invade o local, vejo os homens que estão na feira se prostrarem, um silêncio absoluto invade o lugar, arrisco olhar para a porta de entrada dos senhores, e lá está ele. Montado imponente em um cavalo branco todo adornado, com vestes brancas e uma capa vermelha, sua pele é clara, os olhos tem cor de mel e seus cabelos são claros como a luz do sol, e acima de tudo seu olhar transmite paz, como se fosse possível tirar toda a dor e sofrimento de todo o mundo apenas com eles. Sou lançada ao chão pelo guardião que me trouxe até aqui.

_Garota insolente! Não sabe que todos tem que se prostrar perante o Rei?

_Rei? – Ele é o rei? O que faz aqui? Pelo que eu saiba ele tem quem faça todo o serviço para ele.

Ouço o cavalgar do cavalo se aproximando, consigo perceber seu corpo fazendo sombra próximo de onde estou.

_Quem é o seu amo? – Ouço-o perguntar

_Ela é pertence ao lorde Elliot – O Guardião responde antes mesmo que eu perceba que ele se referia a mim.

_Vou compra-la! – Meu coração para de bater por um segundo diante de sua informação.

Amada do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora