Capítulo 1

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13 de Setembro de 2015
Moscow, Rússia.
Meu nome é Courtney Kvoux, tenho 17 anos, olhos azuis gélidos, um cabelo ruivo de matar e sou a princesa da Rússia. Antes que eu me esqueça, sou uma bruxa. Você fica se perguntando como eu posso ser amada pelo povo sendo uma bruxa? Não sou amada pelo povo, se fosse por eles eu estaria morta, mas continuo firme e forte. Péssimo dia para as inimigas.
Estava cercada pelos funcionários do palácio, todos me dizendo "Fique calma", "Tudo vai ficar bem" e "Ela só quer seu bem". Era impressão ou eu era a única que não sabia o que estava acontecendo? Cansada daquela confusão fui para meu quarto, encontrei Tatianna, minha prima, sentada em um banquinho no canto do quarto.
-Tati? - Perguntei.
-Oi. - Ela respondeu sempre sorridente.
-Poderia me dizer o que está acontecendo?
-Acho melhor que sua mãe te conte.
Era só o que me faltava, Tatianna era a pessoa mais sincera do mundo, nunca me escondia nada. Como ela podia fazer isso?
-Como princesa exijo que me diga.
-Como você acabou de dizer, você é a princesa, eu só recebo ordens da rainha. - Ela disse se levantando para sair.
-Espero que encontre seu bom senso alguma hora. - Gritei no momento que ela chegou a porta.
-E eu espero que se lembre de quem você é. - Ela disse saindo no mesmo momento que minha mãe entrou.
-Onde você estava? Te procurei em todos os lugares! - Ela disse histérica.
-No mesmo lugar de sempre. Biblioteca.
-Ah claro. Venha comigo.
-Para onde?
-Não lhe interessa, apenas obedeça.
Dois minutos depois, havíamos chegado ao lado de fora do castelo, esperando o carro. Aonde estávamos indo? Quando entramos no carro minha mãe falou ao motorista:
-Nos leve até a escola Wellbrok, por favor.
-Claro majestade. - Respondeu o motorista começando a dirigir.
-Que diabos vamos fazer naquela escola?
-Te dar boas maneiras! - Ela disse seca.
-Boa sorte com isso. O que eu fiz dessa vez? Desde 2003 que não me meto em confusão.
-Você nasceu. - Ela disse tentando me intimidar.
-Acho que a culpa disso não é minha. - Eu disse provocando-a.
-Fique quieta.
40 minutos depois estávamos na porta do Internato Wellbrok. Entramos e fomos nos juntar a uma fila enorme que levava a 3 mulheres com um aparelho parecido com os de Oftalmologista.
-Mãe, não posso ficar aqui.
-Pode sim, você deve ficar aqui.
-Não posso ser uma rebelde, simplesmente não posso.
-Duvida tanto de sua sanidade à ponto de achar que será uma rebelde?
-Só estou com medo.
-Eu queria poder ter orgulho de você, queria que você fosse igual a mim.
-Eu sou igual a você. - Disse choramingando.
-Então prove que pode ser uma boa pessoa. - Ela disse e me apontou para uma mulher que me chamava, aparentemente era minha vez. - Esconda a tiara.
-Da próxima vez não me faça usá-la. - Eu disse, indo na direção de uma senhora cujo o crachá dizia Scarlett.
-Seu nome? - Ela me perguntou.
-Courtney.
-Ponha os olhos aqui - ela disse apontando para uma espécie de óculos - olhe diretamente para o ponto vermelho.
Fiz o que ela mandou e depois de 2 minutos ela falou para que retirasse meu rosto.
-E então? - Perguntei nervosa.
-Rebelde.
-O que?
-Está com problema de audição? Rebelde. - Scarlett disse, soando impaciente.
-Não ouse falar assim comigo.
-Sei muito bem quem você é e por ordens de sua mãe devo tratá-la como igual.
Eu ainda matava minha mãe.
-Isso tem que estar errado! Sou leal!
-Creio que não. Vá para seu lugar.
Sai bufando e indo em direção aos garotos de cabelo tingido e piercing. Sei que eles eram contra a lei, mas precisavam ser porcos? Aquele internato era conhecido por abrigar bruxos e bruxas que precisavam controlar seus poderes. Havia dois grupos. Os Leais aceitavam as leis do reino e concordavam que todos os bruxos rebeldes tinham que ser banidos e Os Rebeldes queriam a abolição da proibição do uso de magia nas ruas, não que isso os impedisse de alguma coisa. Quando achei um cantinho isolado, me encostei na parede. Um garoto de cabelos negros e pele clara veio em minha direção.
-Ora ora, belo show lá na frente! - O estranho disse.
-Eu te conheço?
-Não, mas devia. - Ele disse dando um sorriso cafajeste.
-Me poupe. - Eu disse revirando os olhos.
-Devia ter cuidado.
-E você devia aprender a ficar calado.
-Para quem diz ser boazinha você é bem grossa.
-Fui bem criada. - Eu disse.
O estranho saiu e me deixou em paz até que outro garoto veio em minha direção, este com cabelos ruivos, olhos cinza e uma altura extraordinariamente grande. Quando fui tentar me afastar deixei a tiara cair. Merda. O garoto foi mais rápido que eu e a pegou.
-O que temos aqui? - Disse o garoto.
-A menos que seja cego, pode ver que é uma tiara.
-Ainda bem que não sou cego, senão não poderia admirar toda a beleza de Vossa Majestade. - Ele disse sorrindo.
-Não me chame assim.
-Mas pelo que parece você é a princesa.
-Deixei de ser no momento que entrei aqui. Não acredito que terei que viver entre vocês.
-Sinto lhe dizer Majestade, mas é uma de nós.
-Não sou não. Minha alma é boa. - Eu disse ríspida.
-Acredite em mim querida, até a melhor alma pode ser estragada. - Ele disse pondo a tiara em minha cabeça e saindo.
"Não tenha tanta certeza." Pensei. Como alguém que acabara de conhecer podia ser tão irritante e irresistível ao mesmo tempo? Mas a maior dúvida era, quem era aquele garoto?

O outro lado da almaOnde histórias criam vida. Descubra agora