Tudo que sai do controle a gente controla

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Sofia não falou comigo o dia inteiro. Já estávamos quase na hora do jantar e o clima estava pesado. Meus pais perceberam, mas se calaram de imediato. Isabelly tentou se amigar com a "tia", mas Sofia não facilitou nada para a pequena. O dia se passou tão lento. Acho que foi por Sofia me ignorar,já estava muito chato. Eu me acostumei a passar o dia ao lado de alguém, e quando voltei, me preparei para passar o dia com Sofia. Ela era tão fofa e apegada a mim quando menor, hoje parece que ela nem liga mais pra isso. Como se fizesse pouco caso. Fico triste com os pensamentos e rolo pela milésima vez na cama. Sim na cama, por que depois do gelo da Sofia, eu decidi me deitar enquanto meus pais brincavam com Isabelly. Já faz horas que estou aqui, então está bem estranho não me chamarem para ficar com Isabelly ou ajudar no jantar.

Levanto da cama e arrumo meu cabelo desamassando-o e tirando os nozinhos. Saio pela porta e vejo Sofia na ponta da escada prestes a descer, então a puxo pela mão e a empurro para dentro de meu quarto.

-Você é louca??!! - Seu coração batia acelerado e seus olhos quase pulavam da face.

-Me desculpa. Mas eu precisava falar com você. Você me deu um gelo o dia inteiro e não quis falar comigo nem com reza.

-Camila por favor, tente entender. Não quero falar sobre isso. Não sei se você sabe mas eu cresci... Não sou mais a criança que fazia o que você queria, e hoje eu simplesmente não quero conversar.

-Estranho dizer isso... Já que conversou o dia inteiro com suas amigas pelo celular e nossos pais estão satisfeitos com suas falas. Claro... Somente quando eu estou longe. Parece que somos inimigas.

-Não somos. Eu te amo Camila, você é minha irmã. Mas eu quero um tempo pra me acostumar.

-Se acostumar com o que? Com a Isabelly não é mesmo? Eu sabia. Você está...

-Não ouse dizer isso. Não... -Sofia esbarrou na escrivaninha ao seu lado procurando a porta desesperada. Quando finalmente a achou saiu pela mesma e desceu as escadas. Fiquei parada olhando a parede pintada num tom bege. Sai do quarto atordoada e então desci as escadas.

Me sentei na primeira cadeira que vi e fiquei parada encarando a mesa de madeira escura.

-Camila? - Olhei para minha mãe que fazia o jantar e me encarava.

-Oi mãe...

-Lembra de quando a gente brincava daquele jogo, em que você tem que falar as verdades? Não me lembro do nome. - Minha mãe pôs a mão na cabeça tentando se lembrar.

-Me lembro sim. Era tradição de família. Todo mês a gente fazia isso.

-Vamos fazer hoje? Isabelly esta crescendo. Tem que começar a participar mais da nossa família.

-Isso será ótimo mãe. - Sorri para a senhora na minha frente que se apressou em desligar o fogo das panelas para em seguida gritar a casa inteira até todos estarem na sala.

-É o seguinte. Voltaremos a brincar do jogo da verdade. Isabelly está crescida, acho que ela merece participar mais das atividades em família. - Minha mãe sorria. Tirando eu que sorria falso, todos se sentaram frustados no sofá prevendo que se começassem uma briga, Dona Sinu ganharia de qualquer maneira.

-Então, vamos começar. - Meu pai finalmente disse algo enquanto segurava a pequena bola transparente que tinhamos e usavamos para esse jogo. -Camila. Pode começar.

-O que querem saber exatamente?

-Sentiu nossa falta? Quer dizer... - Minha mãe pareceu envergonhada com a pergunta que ela mesma fez, então encarou os dedos das mãos assim como eu fazia ao ficar nervosa. - Você... Sentia saudade daqui? De nós? -Suspirei forte e a olhei.

-No começo eu achei que seria uma ótima vida e não me arrependi. Mas hoje, eu vejo que perdi tanta coisa. Não consigo imaginar mais a minha vida sem vocês. -Meus país sorriram e Sofia revirou os olhos.

-Então sua vez Camila e Sofia. -Sofia me olhou de canto e se aconchegou onde estava sentada.

-Então... Eu podia dizer qualquer coisa sobre como foi na minha ausência, mas sinceramente? Quero saber o por que está assim comigo.

Força do além: destino!Onde histórias criam vida. Descubra agora