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Henrique narrando

Hoje a Nova Holanda tá diferente. Dá pra sentir no ar… aquela energia de noite grande, noite de baile pesado, com várias atração confirmada.
Desde cedo já tá aquele movimento frenético: barraca de churrasquinho montando, caixa de som chegando, os cara puxando fiação pelos postes, molecada subindo na laje pra ver o movimento lá de cima.
Na quadra, tão montando o palco, luz estourando, DJ testando o grave — só aquele "tum-tum" de arrebentar peito.
Desci devagar, sem pressa, de olho em tudo. Aqui não dá pra vacilar, ainda mais noite de baile. Quem tá no corre sabe: onde tem festa, tem dinheiro, tem exposição… e tem risco.
NH e rocinha são minhas segunda casa, quando não tô pela 48, tô por aqui ou pela zona Sul. Chefe daqui é meu parceiro de longas datas e várias guerras nas costas, aqui tô em casa. E na Rocinha meu chefe (porque acima de mim tem outros) é de frente de uma das bocas de lá, então de vez em quando tô por lá resolvendo B.o. Mas hoje aqui é só lazer, bagulho vai ficar maneiro e NH nunca deixa fraco em nada.
A tropa estava na quadra aonde vai rolar o baile. Pessoal da equipe estava na correria montando os bagulhos e nós só de resenha e descendo a nossa água de bandido.
Flávio: você quer me foder, porra? Da um tiro na minha cara então pra não dar nem pra abrir o caixão. - falava com o Sérgio, um dos organizadores do evento.
Sérgio: Só tem esses camarotes, não tem mais os de cima não.
Flávio: Sérgio, mexe seus pauzinhos aí e da seu jeito, meu irmão. Como vou botar camarote de amante perto do camarote da minha mulher? Ta maluco, porra! - geral começou a rir e zoar.
Sérgio: Os amigos aí chegou primeiro, pô. Vou fazer o quê? Tu que vai ter que desenrolar essa parada aí.
Flávio: Fabiana nem curte baile, cara. Logo hoje quer curtir, porra.
_ Ih, barra logo, deixa em casa. - comentou um dos caras que estava na rodinha.
Flávio: Querem me ver fodido mermô, né? Mais fácil eu ficar e ela brotar, aquilo ali é Pit, tá maluco. Bora Sérgio, bora resolver esse ko aí. - os dois saíram e nos ficamos ali gastando.
Kaio: Aí, se liga! acho que a mina que tu tava querendo o contato bem vai brotar hoje.
Henrique: Que mina? - perguntei sem interesse.
Kaio: A do nome estranho... Aí lembro não. A da vk, pô. -
Na hora, meu peito deu aquela travada seca, mas minha cara ficou a mesma. Só puxei mais uma tragada no cigarro e soltei a fumaça pro lado.
Henrique: “É… é mesmo?”
Ele confirmou com a cabeça, rindo:
Kaio: “Tá de volta na favela, né… tu não sabia, não?”
Só assenti, olhando pro palco, fingindo que o foco tava ali, na estrutura, nos cabo, nas luzes… mas minha cabeça já tava longe, já tava nela.
Vagabundo quando cisma com uma mulher, já era, fodeu. E eu cismei com essa mina desde o primeiro dia que avistei ela, bagulho doido pô. Fiquei esperando um contato dela e nada, fiquei puto e resolvi deixar pra lá. Aí meu fiel tá de conversa com a irmã dela e veio dando uns papos que ela foi roubada, perdeu o celular... Um bagulho assim. Deixei essa porra pra lá, com certeza é ko, então suave. Quando um não quer, outro não insiste.

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