Capitulo 01

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Mel narrando:
22h.
As luzes se apagaram. O quarto estava iluminado apenas pelo aparelho que media meus batimentos cardíacos. Bip. Bip. Esse era o único som que eu estava escutando, meu coração batia normalmente. Oitenta e nove batidas por minuto. Noventa batidas por minuto. Oitenta e nove batidas por minuto novamente. Esperava ansiosamente pelo sono que já deveria ter inundado meu corpo, porém, essa noite não estava sendo dessa forma. Virava para um lado, para outro - até onde isso era possível, obviamente, devido aos aparelhos que estavam conectados ao meus braços e tórax - e meu sono continuava insistindo em ficar em algum local que não era meu consciente. Eu não gostava de ficar acordada e sozinha. Isso me fazia pensar e, na minha atual situação, pensar poderia me remeter a lembranças. Lembranças que invadiam minha mente e ficavam dançando pelo meu cérebro. Noventa e uma batidas por minuto. Desisti. Sentei novamente na minha cama e liguei a pequena lâmpada do abajur. Algumas enfermeiras passavam no corredor, eu podia ouvir o barulho que seus saltos baixos faziam quando atritavam o chão. Lancei meus braços ao lado do meu corpo e observei o modo com que minha pele era marcada de forma fácil, muito fácil. Grandes hematomas vermelhos e roxos se espalhavam por toda a extensão do meu braço magro. Magro. Magra. Eu estava magra. Extremamente magra. Meu osso da clavícula e meus dedos finos denunciavam a falta de tecido adiposo no meu corpo. Já estava acostumada com o estado em que eu me encontrava, aquilo, sinceramente, deixou de me abalar depois de um tempo. É verdade quando dizem que tudo é uma simples questão de adaptação. Adaptação. É. Tive que adaptar tudo em minha vida devido a minha nova condição. Olhei para a parede branquíssima, com alguns detalhes delicados em um rosa bebê, e parece que liguei o meu start de lembranças. Tentei não me focar nisso, não queria relembrar de coisas que me faziam sentir saudades. Relutei. Comecei a prestar atenção novamente nas batidas do meu coração. Bip. Oitenta e três batidas por minuto. Não obtive sucesso e em segundos estava encarando a parede branca que me fez lembrar de como eu já fora feliz. Relaxei em minha cama e deixei que meu consciente me levasse ao que ele tanto queria. Fechei meus olhos, levei minha cabeça ao travesseiro, me ajeitei em uma posição confortável e pronto, em poucos minutos meu cérebro começou uma retrospectiva de toda a minha vida até o dado momento. Minhas mãos tremeram. Meus olhos marejaram. Cento e dez batidas por minuto.

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Aqui está o primeiro capitulo, porem vou começar a publicar a partir de 16 de Setembro

Até Que A Morte Nos Separe (Livro Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora