FLASKBACK ON.
Mais um dia começava. Abri meus olhos com aquela habitual preguiça, me espreguicei manhosa e soltei um suspiro como quem diz ''só mais cinco minutinhos''. Olhei para o meu relógio e não, não havia mais tempo nem para míseros dois minutinhos. Me esfreguei na colcha macia que estava jogada no meu corpo como um gato e, finalmente, me levantei. Andei até minha janela e abri um pouco a cortina de tom pastel. O dia estava triste, as nuvens choravam no céu. Muitas pessoas caminhavam fervorosamente nas calçadas e tentando, digo, tentando, não levarem banhos de água quando algum carro apressado passava rápido e jogava o líquido empoçado para todos os cantos. Me direcionei ao banheiro e fiz minhas higienes normais, tomando um banho rápido. Voltei para o meu quarto e me encarei no grande espelho que estava posicionado ao lado do meu closet. Meu corpo era bonito, eu admito. Ele era proporcional. Minha curvas se desenhavam de forma delicada. Eu era uma mulher pequena e apelidos como ''baixinha e pequenina'' foram utilizados durante toda a minha existência. Minha pele era branca, bem branca e isso deixava meu corpo ainda mais delicado. Meus cabelos pretos - e naturais - se moldavam nas minhas costas e no meu busto. Como eu gostava do meu cabelo, sentia ele roçar em minha pele e me sentia uma verdadeira princesa de contos de fada que é apaixonada por seus fios capilares. Meus olhos eram de um verde acastanhado que puxavam mais para o castanho do que para qualquer outra coloração. Meus olhos. Eles sempre chamavam atenção das pessoas que me rodeavam. Não era de uma cor, nem de outra, eram os meus olhos. Somente meus. Sei que eles eram únicos. Alguns falavam que eles parafraseavam os olhos de Capitu, a eterna dona dos ''olhos de cigana oblíqua e dissimulada''. Eu gostava dessa definição. Sempre utilizei do meu olhar para falar. Não só para falar, confesso. Voltando ao meu corpo, percebi algumas manchas roxas que estavam o rodeando, principalmente em minhas costas. Depois de muito pensar sobre, imaginei ser algumas marcas de minhas inúmeras batidas pelos cantos. Como eu me marcava fácil, não imaginei ser nada demais. Me arrumei de forma simples, peguei meus itens necessários e saí de casa para mais um dia de trabalho. Pela manhã e tarde eu trabalhava em uma pequena floricultura e pelo período da noite cursava Letras. Cheguei ao meu local de trabalho e cumprimentei Dona Isabela, uma senhorinha extremamente pequena e gordinha que era dona do estabelecimento.
- Não cansa de ser tão linda assim, Dona Bela? - Eu gracejei enquanto dava um beijo suave no seu cabelo branquinho como a neve. Ela sorriu para mim e deu um beijo demorado em minha bochecha rosada, sorrindo em resposta. E assim começou o meu dia e tudo ocorreu de forma rotineira.
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Até Que A Morte Nos Separe (Livro Em Pausa)
RomanceLivro em Pausa, em breve retornarei ❤️