Capítulo 12 - Uma surpresa bem-vinda

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— Sabrina, compre algumas maçãs ali, no sacolão. — Rafaela me estende o dinheiro e aponta para o estabelecimento o qual devo ir. — Preciso passar no açougue. Passo lá pra te buscar logo, logo.

— Tudo bem. — Comprimo meus lábios em um sorriso.

O tempo está ensolarado nesta tarde de quinta-feira, algumas pessoas andam de bicicleta pelas ruas de pedra e, pelas falta de nuvens, nota-se que chuva é o que não teremos hoje.

É estranho como o tempo passa rápido quando estamos fazendo algo que gostamos, ou estando com quem gostamos. A minha primeira semana foi até rápida, até o fim de semana chegar e parecer uma eternidade! E então eu vi para Sabará e aí sim o tempo voou.

Pego meu celular no bolso enquanto ando, Erik me respondeu ontem, agradecendo meus sentimentos e entendendo que eu não conseguiria entender como ele se sentia. Depois passamos parte da noite conversando sobre qualquer coisa, contei que assisti The O.C. e me surpreendi quando ele disse que já assistira, logo depois ficamos entre eu pedir spoiler e ele se negar a me dar.

Entro no sacolão e vejo que as filas do caixa estão vazias. Assim como o lugar, em geral.

Quem nunca passou por aquela situação em que a mãe sumia no supermercado e antes mandava que fôssemos direto para o caixa, não sabe o que é entrar em desespero.

Já até vejo a região das Maçãs Vermelhas pedindo socorro aqui no Cérebro!

Argh! Uma coisa para entendimento: Maçãs Vermelhas é uma parte que gerencia minha vergonha ou constrangimento.

Depois de entrar no sacolão, sigo para a área das frutas e arranco um pedaço de plástico. Coloco algumas maçãs mais vermelhinhas e viro para seguir para meu desespero ao vivo. Filas de supermercados.

Contudo...

Isso é muito clichê, Senhor!

Uma pessoa passou me atropelando e fazendo com que todas as minhas maçãs recém-escolhidas fossem ao chão, acompanhadas de barulhos esporádicos. Podia até sentir algumas sendo prensadas no chão e amassadas.

Que desperdício!

Ergo meus olhos para a pessoa que me atropelou.

Destino deve estar de brincadeira!

— Arthur? — É claro que eu me lembrava daqueles olhos cor de jabuticaba.

Ele não responde, tão pouco se abaixa para me ajudar a recolher as frutas. Já começo a matá-lo mentalmente. Poxa! Muitas maçãs cuidadosamente escolhidas e ele nem ajuda a juntar?

Parece que a cordialidade ficou em Belo Horizonte, hein?!

Eu não duvido nada que se a Consciência estivesse no comando, ela já teria deixado as frutas rolarem chão a frente para pular no pescoço do garoto e enforcá-lo, esquecendo que ele ajudou a Juliana alguns dias atrás. Porém, como sou apenas eu no controle da situação, apenas termino de tacar as maçãs e me levanto.

— Ah! Obrigada pela ajuda! — Ironizo, pendendo um pouco para o lado do meu eu interior e viro-me de costas para ele.

— Hey, foi mal aí, Sasá! — Sua forma de dizer meu apelido me faz virar para ele.

Então me lembro que ele não sabe meu nome. Quando nos conhecemos, ainda que repentinamente, a tia Juliana apenas disse meu apelido. Já eu, sabia seu nome.

— OK. Tudo bem! — Dei de ombros e já vou me virar quando ele volta a falar, me fazendo revirar os olhos.

— Seu jeito seco de dizer "tudo bem" já mostra que não tá — o tal constatou e eu quase o interrompi por ele maldizer a forma como eu disse, antes.

Entre o Real e o Virtual (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora