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Athena

  Eu estava tomando café da manhã, admirava os pequenos flocos de cereais que flutuavam no leite, conseguia escutar alguma parte da conversa tensa que a minha mãe estava tendo no telefone. Obviamente era sobre o trabalho. Ela aparece na cozinha com as mãos no cabelo e diz

- hm, Athena, você não se importa de ir a pé hoje para a escola? É que houve uma complicação em alguns arquivos da empresa e eu preciso tratar disso imediatamente - suspirei e comecei a brincar com os flocos de cereais com a colher, só balancei a cabeça em afirmação, sinto ela plantar um beijo no topo da minha cabeça e pegar as chaves, em poucos segundos os cliques dos seus saltos não eram mais audíveis e o barulho da porta sendo fechada foi escutado. Depois de alguns minutos sem prestar atenção em nada, me levanto colocando minha tigela na pia, pego na minha mochila e saio de casa.

  Começo a caminhar pelo chão asfaltado da rua, a rua estava bem calma o que era do meu agrado, começo a pensar a quanto tempo não via meus avós, acredito que não os via a aproximadamente quatro anos, provavelmente por que pegaram um certo pavor da minha mãe desde que meu pai se foi. Eles sempre tiveram uma visão muito machista do mundo, suas mentes trabalhavam de forma antropocêntrica, ou seja, o mundo girava em volta do homem, todos os motivos do mundo iam acabar em como o homem é superior a mulher, e que uma mulher precisa de uma figura do sexo oposto para ser considerada alguém na nossa sociedade tumultuosa. Eles culpavam a minha mãe pela morte do meu pai.

Me lembro quando ainda era apenas uma criança e a minha vó me contava histórias sobre mitologia, ela sempre foi uma amante das histórias gregas, me lembro como ela era apaixonada pela história de Eros e Psiquê, e como sua voz era suave e calma toda vez que repetia essa história

Eros era filho da deusa do amor, Afrodite, um imortal de beleza inigualável. Já Psiquê, mortal, era uma das três filhas de um rei, todas muito belas, capaz de despertar a admiração de qualquer pessoa, tanto que muitos vinham de longe para apreciá-las. Logo, as duas irmãs de Psiquê casam-se. Apenas a jovem não casa, ainda que seja a mais bela das três, e justamente por isso era a mais temida, já que sua beleza fazia seus pretendentes terem medo. Consultando os oráculos, os pais da jovem entristeceram-se pelo destino da filha, já que foram aconselhados a vestirem-na com trajes de núpcias e colocarem-na num alto de um rochedo para ser desposada por um terrível monstro. Na verdade, tudo fazia parte de um plano da vingativa Afrodite, que sofria de inveja da beleza da moça.

Assim que a jovem foi deixada no alto do rochedo, um vento muito forte, Zéfiro, soprou e a levou pelos ares e ela foi colocado em um vale. Psiquê adormece exausta e quando acorda parece ter sido transportada para um cenário de sonhos, um castelo enorme de mármore e ouro e vozes sussurradas que lhe informavam tudo que precisava. Foi levada aos seus aposentos e logo percebeu que alguém a acompanhava e logo descobriu que era o marido que lhe havia sido predestinado, ele era extremamente carinhoso e a fazia sentir bastante amada, mas ele havia colocado uma condição, que ela não poderia vê-lo, pois se assim o fizesse o perderia para sempre. Psiquê concorda com a condição e permanece com ele. O próprio Eros, que tinha sido encarregado de executar a vingança da mãe, se apaixonara por Psiquê, mas que tem de se manter escondido para evitar a fúria de Afrodite.

Com o passar do tempo, ela se sentia extremamente feliz, porque seu marido era o melhor dos esposos e a fazia sentir o mais profundo amor, mas resolve fazer-lhe um pedido arriscado: o de ir visitar seus pais, mesmo com a advertência dos oráculos e o temor do esposo, ela insiste, até que ele cede.

Gold » Luke Hemmings { HIATUS }Onde histórias criam vida. Descubra agora