Um pedido estranho

51 7 1
                                    

As nuvens escuras começaram a tapar  o céu num véu de tristeza anunciando que alguma coisa iria acontecer...deviam estar a começar as primeiras chuvas da estação.

Propus que ficasse-mos sentados num banco que tenho no quintal,  nesta altura do ano nós coloca-mos uma coberta para podermos beber chocolate quente no inverno sem apanhar neve ou como neste caso ficar a pensar na chuva sem ter de nos molhar.

A Beatriz recusou, disse que preferia ficar dentro de casa.

Levei-lhe então para a sala de jantar onde está a janela principal da casa. Gosto das memórias que o cheiro da madeira antiga da mobília me relembra, costumava passar horas sem fim a escrever poesia naquela mesa, quando o meu quarto ainda não estava pronto.

 Passado muito pouco começou-se a ouvir as pingas de chuva a ecoar na janela, que estando quente de o sol ter estado a bater toda a tarde, começou a estalar.

Pedi á Beatriz para se sentar virada para a janela, ela chegou a recusar,  mas eu disse-lhe que me sentava á frente dela.

A chuva intenssificou-se e com isso ouvia-se passos a chapinhar de pessoas que tinham sido apanhadas pela chuva repentina.

O vento começou a sussurrar mensagens perdidas pelos aventureiros perdidos e esquecidos...em longas tristes melodias de dor e desespero.

Ela baixou a cabeça, mais do que já estava ficando a brincar com uma flor no colo, flor que deve ter apanhado no chão, que caíra de um dos muitíssimos vasos de flores que a minha mãe usa para decorar a casa. Ela não dirigia uma palavra e eu, também não ia meter conversa.

Um trovão por fim, ouviu-se ao longe.

Ela encolheu-se como quem não quer enfrentar consequências.

Percebi que tinha entendido o que se passava.

Levantei-me e sentei-me ao pé dela, Consegui ver uma lágrima a escorrer-lhe pela face. Peguei num lenço que tinha no bolso e dei-lhe. Ela agarrou-me na mão.

"Wirt...tu podias-me...bem...recitar uma poesia?..." Disse ela num soluço, sem olhar para cima, ou para mim.

"Mas, eu pensava que não gostavas de poesia..."

"Á momentos para tudo, Wirt...também á momentos para ouvir aquilo que não se gosta.."

"Está...bem..então..." 

Suspirei e pensei rápido, não podia desiludir-la, não como desiludi toda a gente...


------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Curiosidade; 

Beatriz diz que não gosta de poesia na versão de Banda desenhada do Over the Garden Wall (Para lá do jardim)

(Atenção o texto seguir foi tirado da Banda Desenhada do Over the Garden Wall lançado pela KaBoom studios e escrita pelo autor da série Patrick McHall, sendo que está em inglês.)

Wirt: Well...I was just wondering... Do you think Girls like poetry?

Beatrice: Nobody likes poetry.

Wirt: Some people do.

Beatrice: Yeah but Nobody likes those people.

Wirt: Oh...


Mary

(O capítulo saiu atrasado porque tive de o escrever 3 vezes até que o pode-se publicar)


O Destino trás o vento      (Para lá do Jardim)Onde histórias criam vida. Descubra agora