Capítulo 2

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Dois dias haviam se passado desde a primeira vez que Alice falara com seu vizinho escandaloso. Ela não tinha o visto desde então, talvez porque tenha focado demais nos estudos, já que era a época de provas. Alice nunca fora a aluna mais inteligente, mais exemplar. Pelo contrário, sempre foi do grupo que conversava todo minuto, levava broncas e afins. Mas ela nunca fora uma aluna ruim, ela sempre tirava boas notas por conta de seus estudos. Mas quem se importa com provas? Era sexta-feira e ela já estava esgotada de tantos deveres. Foi quando as três inseparáveis amigas decidiram, como sempre, ligar o Skype e conversarem.

- O que vamos fazer amanhã gente? – perguntou Valentina.

- Poderíamos almoçar juntas, né? – Clara deu a ideia fazendo com que todas concordassem. Almoços com as melhores amigas sempre fora algo que Alice gostasse.

- Ok, marcado então. Preciso ir jantar, amo vocês. – despediu-se Alice enquanto as amigas acenaram como um "adeus".

A menina caminhou depressa até a mesa onde estavam todos e anunciou sua chegada com um pulinho.

- Eu tô morrendo de fome. Literalmente morrendo. - exclamou a garota fazendo uma careta que fez seu irmão soltar uma risadinha.

- Vai ficar uma baleia. - brincou seu pai. Fazendo com que a menina mostrasse a língua.

- Falando em comer, amanhã não me esperem para o almoço, ok? Vou almoçar com as meninas.

- Tudo bem, mas esteja aqui antes das sete. - Fernando disse pegando um pouco do macarrão e colocando no prato do filho mais novo.

- E por quê? - perguntou abismada. Era só o que faltava esse espírito super protetor do pai.

- Temos um jantar amanhã, da nova funcionária do papai. Esteja bem arrumada, ela parece ser uma mulher chique. - Patrícia, pela primeira vez havia se pronunciado na mesa. A filha concordou com a cabeça mesmo que odiasse ter que estar presente nesses jantares que seu pai dava aos funcionários novos.

Terminou de comer e foi até seu quarto, disposta a ver um filme até que seus olhos pesassem. E foi o que fez. Trinta minutos depois do início e a ruiva já estava em sono profundo.

Maldito som. Aquele som. De quando alguém te manda mensagem essa hora da manhã.

Alice deu-se vencida quando o barulho de mensagens se cessou dando brecha a aquele barulho infernal de um celular tocando. Sentou-se em sua cama e apanhou o celular na cabeceira. Sequer olhou quem estava ligando.

- Alô? - a voz sonolenta era visível.

- ALÔ? VOCÊ POR ACASO SABE QUE HORAS SÃO? - Valentina gritou do outro lado da linha, fazendo com que Alice despertasse imediatamente como se tivesse levado um choque. Ela havia dormido demais. Como sempre. Correu os olhos até seu relógio e constou. Eram 12 horas e 24 minutos. Atrasadíssima.

- Desculpa, eu dormi demais. Eu já tô indo. Sério.

A menina vestiu-se de forma rápida, e saiu correndo.

-Tchau mãe, tchau pai, tchau Miguel. - despediu-se rápido.

-Tchau filha, e esteja aqui às sete. - Patrícia gritou e a menina concordou.

Correu até o elevador e apertou o botão com veracidade, apertou várias vezes. Ela sabia que isso não mudava nada, o elevador não chegaria mais rápido, mas era boa a sensação de que, talvez, pudesse funcionar. Mas como previsto, não funcionou. Ela bufou e decidiu ir correndo pelas escadas. Correndo mesmo. Literalmente.

Pegou o primeiro táxi que viu pela frente e deu o endereço. Ela estava indo ao shopping, o ponto de encontro das amigas. Elas adoravam o shopping, um lugar movimentado, cheio de gente legal e interessante.

The Neighbors || CellbitOnde histórias criam vida. Descubra agora