/Leiam as notas finais. Obrigada e boa leitura.\
Os cabelos ruivos presos por um elástico frouxo e o curto pijama com estampa de vaquinhas indicavam que a garota estava prestes a dormir. Caminhou lentamente até a beira da cama, retirou seus confortáveis chinelos e se aconchegou vagarosamente no meio dos lençóis. Com os olhos e mente já relaxados, Alice caía em seu sono profundo sendo interrompida apenas por repetitivos barulhos que ecoavam pelo apartamento.
Levantou-se praguejando o infeliz que estivesse do outro lado da porta e se surpreendeu ao espiar pelo olho mágico. O vizinho que vestia um moletom vermelho e tinha o topete desarrumado passava as mãos pelo rosto diversas vezes, visivelmente apressado.
Virou-se para apanhar as chaves na mesa de vidro da sala de jantar murmurando um "já vai" e rapidamente destrancou a porta. Como num impulso, não fora necessário fazer força alguma para a porta se escancarar, o loiro havia adentrado o apartamento sem ao menos dizer oi.
- Tá ficando maluco? Você sabe que horas são? - a menina que ainda se encontrava estática no batente da porta observava o garoto andar em círculos e fazer gestos irreconhecíveis com as mãos. Fechou a porta atrás de si e se direcionou ao loiro, segurando-o pelo braço e fazendo-o olhar em seus olhos. - Fala alguma coisa. - chacoalhou o corpo do maior esperando por alguma explicação, mas não obteve sucesso.
Os olhos azuis se desviaram para vários lados até se fixarem em um ponto e se arrastarem até lá. O garoto apontava um spray de veneno para insetos enquanto movimentava as mãos e arfava repetitivamente.
- Se isso é algum tipo de pegadinha pod... - visto que a menina não o interpretaria, Rafael agarrou a lata do veneno e puxou Alice para fora do apartamento, largando-a apenas quando chegaram em frente a porta de seu quarto, que estava fechada.
- T-tem. Um. Bicho. - andando de costas sem rumo algum, o menino apontou para a porta e a ruiva entendeu o recado, mesmo achando estranho.
Respirou fundo, abriu a porta e vasculhou por todos os cantos do quarto, cutucou alguns lugares, movimentou outros, e ali, ao lado da mesa do computador, estava um pobre besouro. Jogou a lata de spray na cama de solteiro atrás de si e olhou em volta procurando por uma folha de papel. Abaixou-se e delicadamente posicionou o bichinho no sulfite, abrindo a porta da varanda e forçando o inseto a voar. Estava prestes a sair quando viu o dono da casa entrando no quarto nas pontas dos pés e observando tudo por cima.
- Matou? - os olhos se arregalaram e a ruiva segurou o riso, o desespero do rapaz para tão pouca coisa fora uma tempestade num copo d'água.
- Não. - foram as três letras que fizeram com que o loiro se jogasse contra a parede e ali ficasse. O riso segurado anteriormente foi solto e a garota parou ao perceber que ele estava realmente assustado. - Ele já está bem longe daqui, não se preocupe. - amassou o papel de suas mãos e jogou no lixinho em seu pé.
- VIVO? - Indagou rapidamente.
- Sim. - Respondeu confusa.
- Mas ele pode voltar aqui ou atacar outra família e matar v-
- Rafael! - a menina, concluindo que o garoto teria algum tipo de fobia, se aproximou. - Calma! É só um bichinho indefeso. Ele não vai voltar.
- Promete? - olhou-a diretamente.
- Sim. - tentou dar seu sorriso mais sincero - Vem cá! - abriu seus braços e puxou o mais velho para um abraço reconfortante, que durou até a menor, involuntariamente, bocejar.
- Desculpe por isso. - se soltaram e o de olhos azuis indicou a porta com a cabeça.
- Tudo bem. - a menina novamente sorriu e foi correspondida.

VOCÊ ESTÁ LENDO
The Neighbors || Cellbit
FanfictionQuando Alice tem seu sono atrapalhado por barulhos constantes e decide saná-los, está longe de adivinhar que uma nova pessoa iria completar seu dia-a-dia.