Capítulo 4

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/Leiam as notas finais. Obrigada e boa leitura.\

Os cabelos ruivos presos por um elástico frouxo e o curto pijama com estampa de vaquinhas indicavam que a garota estava prestes a dormir. Caminhou lentamente até a beira da cama, retirou seus confortáveis chinelos e se aconchegou vagarosamente no meio dos lençóis. Com os olhos e mente já relaxados, Alice caía em seu sono profundo sendo interrompida apenas por repetitivos barulhos que ecoavam pelo apartamento.

Levantou-se praguejando o infeliz que estivesse do outro lado da porta e se surpreendeu ao espiar pelo olho mágico. O vizinho que vestia um moletom vermelho e tinha o topete desarrumado passava as mãos pelo rosto diversas vezes, visivelmente apressado.

Virou-se para apanhar as chaves na mesa de vidro da sala de jantar murmurando um "já vai" e rapidamente destrancou a porta. Como num impulso, não fora necessário fazer força alguma para a porta se escancarar, o loiro havia adentrado o apartamento sem ao menos dizer oi.

- Tá ficando maluco? Você sabe que horas são? - a menina que ainda se encontrava estática no batente da porta observava o garoto andar em círculos e fazer gestos irreconhecíveis com as mãos. Fechou a porta atrás de si e se direcionou ao loiro, segurando-o pelo braço e fazendo-o olhar em seus olhos. - Fala alguma coisa. - chacoalhou o corpo do maior esperando por alguma explicação, mas não obteve sucesso.

Os olhos azuis se desviaram para vários lados até se fixarem em um ponto e se arrastarem até lá. O garoto apontava um spray de veneno para insetos enquanto movimentava as mãos e arfava repetitivamente.

- Se isso é algum tipo de pegadinha pod... - visto que a menina não o interpretaria, Rafael agarrou a lata do veneno e puxou Alice para fora do apartamento, largando-a apenas quando chegaram em frente a porta de seu quarto, que estava fechada.

- T-tem. Um. Bicho. - andando de costas sem rumo algum, o menino apontou para a porta e a ruiva entendeu o recado, mesmo achando estranho.

Respirou fundo, abriu a porta e vasculhou por todos os cantos do quarto, cutucou alguns lugares, movimentou outros, e ali, ao lado da mesa do computador, estava um pobre besouro. Jogou a lata de spray na cama de solteiro atrás de si e olhou em volta procurando por uma folha de papel. Abaixou-se e delicadamente posicionou o bichinho no sulfite, abrindo a porta da varanda e forçando o inseto a voar. Estava prestes a sair quando viu o dono da casa entrando no quarto nas pontas dos pés e observando tudo por cima.

- Matou? - os olhos se arregalaram e a ruiva segurou o riso, o desespero do rapaz para tão pouca coisa fora uma tempestade num copo d'água.

- Não. - foram as três letras que fizeram com que o loiro se jogasse contra a parede e ali ficasse. O riso segurado anteriormente foi solto e a garota parou ao perceber que ele estava realmente assustado. - Ele já está bem longe daqui, não se preocupe. - amassou o papel de suas mãos e jogou no lixinho em seu pé.

- VIVO? - Indagou rapidamente.

- Sim. - Respondeu confusa.

- Mas ele pode voltar aqui ou atacar outra família e matar v-

- Rafael! - a menina, concluindo que o garoto teria algum tipo de fobia, se aproximou. - Calma! É só um bichinho indefeso. Ele não vai voltar.

- Promete? - olhou-a diretamente.

- Sim. - tentou dar seu sorriso mais sincero - Vem cá! - abriu seus braços e puxou o mais velho para um abraço reconfortante, que durou até a menor, involuntariamente, bocejar.

- Desculpe por isso. - se soltaram e o de olhos azuis indicou a porta com a cabeça.

- Tudo bem. - a menina novamente sorriu e foi correspondida.

The Neighbors || CellbitOnde histórias criam vida. Descubra agora