The Neighbors || Cellbit

Capítulo 5

Faltavam dois meses para que as queridas férias chegassem e Alice não aguentava mais tantos deveres.

- Filha, desse jeito você vai entrar em combustão. - A mãe da menina adentrou o quarto se aproximando vagarosamente e acariciou os cabelos ruivos. - Venha jantar, você já estudou o bastante por hoje.

- Só me deixa terminar de revisar esse parágrafo e já vou. - Levantou sua cabeça e disparou um sorriso sincero.

Cinco minutos se passaram e a garota decidiu parar. O estudo se tornara exagerado, já que havia prestado atenção em todas as explicações, justamente para evitar isso. Porém a insegurança de Alice batera na porta quando o professor anunciou mais cedo que a prova seria a mais difícil já aplicada, envolvendo lógica, interpretação e claro, os números. Maldita Álgebra.

- Saiu da toca, morceguinha? - O pai encarou a adolescente soltando uma risada descontraída em seguida.

- Explique o porquê de não ter saído do quarto nem para ir ao mercado comigo por dez minutos. Você voltou a se descontrair nas aulas Alice? - Patricia, que sentava na ponta da mesa servindo Miguel de macarronada, encarou a filha por cima de seus óculos de descanso, já preparando um discurso para uma possível bronca.

- Não mãe, claro que não. Foi só que fomos avisados de que o teste estaria mais complicado que o normal. Apenas. - Respondeu com sinceridade e encheu seu prato com a massa avermelhada.

- Mudando de assunto, porque quem vai entrar em combustão daqui a pouco sou eu. - Fernando se pronunciou e chamou a atenção de todos, deixando um clima de curiosidade no ar ao que bebericou o líquido de seu copo vagarosamente. - Eu e sua mãe estávamos conversando seriamente sobre ir para a casa de praia nessas férias. - Alice, que se animou com a notícia, arregalou os olhos a fim de saber mais. - E concordamos em deixar você levar as meninas.

- SÉRIO? - entusiasmada, a menina deixou cair o garfo de sua mão, sujando a toalha da mesa de molho e atirou um sorriso frouxo para a mãe, sendo respondida por um balançar de cabeça.

- Rindo, chorando... - O pai sorriu ao ver que realizaria um grande desejo da filha.

- Não esquecendo é claro que a tia também vai. - Patricia se pronunciou e foi confirmada com um murmuro do marido.

- Murilo também? - Alice indagou recebendo sim's como resposta. Na hora, pensou no dia da piscina onde imaginara seu primo com a amiga Valentina.

Terminou o jantar com mais rapidez do que de costume, colocando os talheres na pia e saltitando para o quarto, planejando como daria a notícia. Sorriu satisfeita quando, em menos de um minuto, tinha sido atendida por suas amigas, cumprimentando ambas com um sorriso que ia de orelha-a-orelha.

- Viu passarinho verde, Lice? - Clara, que estranhou o comportamento da amiga, perguntou risonha.

- Acho que esse "verde" não é passarinho. - fez aspas com as mãos ao que disse a cor. - Ta chapada, Alice? - Valentina arqueou uma sobrancelha arrancando gargalhadas de Clara e olhos revirando da ruiva, que não havia diminuído o nível de empolgação.

- Nada disso, suas idiotas. Adivinhem quem vai pra praia nas férias? - Sorriu com a língua entre os dentes e mudou a feição aguardando os chutes.

- Você? - as duas disseram em uníssono e Alice chacoalhou a cabeça repetitivamente afirmando.

- Eu, meus pais, Miguel, meus tios, Murilo e mais duas pessoas. - Continuou com o suspense, brincalhona, e recebeu um suspiro exagerado de Valentina como resposta.

- Quem? - Clara, que estava sentada "de perna de índio" tinha os braços apoiados no joelho e lançava um biquinho para a câmera, não aguentando mais joguinhos.