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Hoje acordei meio indisposta. Os acontecimentos dos últimos dias têm me deixado extremamente desanimada com o cenário científico que vivemos. Embora o pensamento cético seja o mais sábio (para mim é mais do que óbvio), nossa sociedade ainda está fortemente influenciada pelas entidades invisíveis e pelo pseudo controle que elas tem pelo mais ínfimo dos detalhes neste universo.

Qualquer pessoa munida de um telescópio e de tempo para pesquisa irá constatar que nada do que versa como lei nos livros sagrados dos Antes explica o que nossos olhos podem ver. Nossa predisposição para crer no fantástico nos fazem buscar e alimentar as pseudo ciências ao invés da ciência verdadeira, baseada em evidências reais de um mundo físico.Teorias científicas são incansavelmente testadas e questionadas antes que se provem sólidas o suficiente para serem consideradas merecedoras de crédito. Parece-me que, pelo contrário, criam-se leis de forma aleatória e depois encontram-se as teorias absurdas que possam lhe dar algum lastro, desde que encaixem na lei.

Apesar de todo o meu descontentamento com a comunidade científica por ter ignorado a quantidade indiscutível de evidências que apresentei, além das demonstrações de caráter preditivo com todo o aparato matemático que desenvolvi, devo admitir que tive uma relativa sorte (embora não creia verdadeiramente no conceito de sorte ou azar) de não ser queimada numa fogueira ou enforcada. O fato de meu falecido pai ter sido um membro importante do Clérigo dos Antes pode ter pesado em meu favor, mas isso não me importa de verdade. Não sei qual a pior morte: a física ou a intelectual.

Jamais pretendo abandonar meus verdadeiros ideais, mas tenho a razoabilidade para não ir de encontro com as decisões que foram tomadas em meu desfavor. Tenho o sonho de que um dia minhas teorias serão tomadas como verdadeiras e há de chegar o dia em que serão ensinadas nas escolas. Sonho com o dia em que a Lei da Gravitação Universal será tão óbvia para crianças de dez anos que para elas será inacreditável que em algum momento da nossa história tivemos a audácia de andar na contra mão da ciência.

Minhas pesquisas continuarão enquanto eu tiver fôlego de vida. Minhas descobertas serão todas registradas aqui neste livro para garantir que não desapareçam junto com minha breve existência efêmera.

Embora seja vista atualmente como uma pessoa desprovida de fé, preciso dizer que isso não é verdade. Tenho muita fé na ciência, tenho fé nas pessoas e acima de tudo.

Tenho fé no futuro.

-Laurel Wharton

OccultusOnde histórias criam vida. Descubra agora