Capítulo 3

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No dia seguinte eu me levantei tipo, duas horas antes do horário marcado para sairmos da mansão. Eu não consegui me manter na cama por mais tempo. Não que eu seja uma pessoa matinal, acredite eu não sou, mas com o meu nível de ansiedade tão alto eu nunca conseguiria ter um sono pacífico. Então decidi levantar e fazer algo útil, como por exemplo me preparar para o meu primeiro dia trabalhando com o Monroe mais novo.
Eu tomei um banho longo e relaxante e sai do banheiro pensando que não havia nada nesse mundo que poderia tirar o meu bom humor... Até que eu resolvi pensar no que usar.

Eu realmente acho que todo primeiro dia de trabalho deveria vir com um manual de vestimenta! Sério, será que o estresse de ter que provar inúmeras combinações de roupas é parte dos testes de psico aptidão das grandes empresas? Você não quer se vestir bem demais pra não parecer esnobe, mas também não quer parecer uma mendiga. Você não quer chamar muito a atenção para que ninguém perceba seus erros, mas também não quer passar despercebida. E além de tudo isso todo mundo sabe que as mulheres, especialmente as assistentes, são imediatamente julgadas por sua aparência então eu também tinha o desafio de fazer a minha maquiagem perfeitamente e esconder as consequências da barra de chocolate que eu comi no avião.

E quase duas horas depois eu estava pronta.

Optei por uma calça social preta em vez de uma saia, completando o look com uma blusa larga de um dourado meio envelhecido que valorizava o moreno da minha pele e o castanho dos meus olhos e, por fim, mesmo a contragosto, um salto médio.

Eu parecia profissional e madura ainda mais com a maquiagem discreta (mas que levou mais de meia hora e metade do meu tubinho de base) em tons de marrom e o meu cabelo castanho solto e liso. Eu me sentia pronta.

                                                                                                . . .

Ryan me levou até o prédio central da Monroe Enterprises e eu me encontrei novamente embasbacada com a magnitude da arquitetura do local. Era como se o respeito que o nome Monroe escrito na frente do prédio emanava não bastasse. Toda a arquitetura irradiava poder. Era um prédio alto, de no mínimo 50 andares, todo espelhado em um vidro preto numa forma meio oval. A base do prédio parecia como a de todos os outros, mas quanto mais alto ia ficando mas ele se curvava até que no topo ficava com uma forma meio arredondada.

Pessoas entravam e saiam rapidamente, todas atrasadas, correndo contra o tempo e eu imediatamente me senti bem. Eu sei que eu deveria achar tudo muito sufocante e reclamar da era capitalista que faz do homem um escravo do tempo e blá blá blá... Mas a verdade é que eu sempre amei esse agito. Ele me faz sentir viva e motivada, como se nada pudesse me atingir. E foi assim que eu entrei no meu novo trabalho, feliz com a vida e o mundo e acima de tudo otimista. Esse foi um grande erro.

Começou com as medidas de segurança. Eu passei metade da manhã sendo entrevistada pelo chefe da segurança e a psicóloga profissional da empresa. Eu não tenho certeza, mas estou quase certa de que metade das perguntas que eles me fizeram foi importada de algum protocolo do FBI. Perguntaram-me sobre a minha família, meus amigos, os meus sentimentos sobre o governo atual dos Estados Unidos da América, minhas ideias sobre o capitalismo e a livre concorrência no mercado de trabalho entre outras coisas que, pra ser sincera, me assustaram um pouco.

Quero dizer, eu entendo que se eu vou trabalhar para um cara tão importante quanto Alexander eu tenha que ser entrevistada para que eles tenham certeza que eu não sou uma espiã corporativa ou algo assim, mas sério, do jeito que eles falavam comigo parecia que eu era a principal suspeita de um atentado terrorista ou algo assim... Foi desgastante e assustador.

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