Capítulo 4

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“Então é assim que somos recebidos pelos empregados da Monroe Enterprises? Que falta de profissionalismo!” Um homem alto de cabelo grisalho urrou em minha direção.

Eu olhei para Alexander, o desespero piscando em meus olhos, e ele (obviamente) entendeu o meu pedido de socorro.

Mas ele não veio ao meu resgate.

Na verdade, tudo que ele fez foi torcer seus lábios em um sorriso velado de deboche. Sorriso este, que retirou todas as esperanças de salvar o meu emprego. Me levantei, cortando a mão em um pedaço da caneca quebrada, e encarei o homem grisalho nos olhos.

Eu estava pronta para dar uma das minhas respostas mais malcriadas. Afinal, qual o propósito de balançar o barco sem derrubá-lo? Mas fui interrompida por Alexander, que percebeu as minhas intenções, e resolveu salvar qualquer que fosse o acordo que ele tivesse com aqueles homens.

“Perdoem a minha assistente senhores, ela é nova e obviamente não sabe o que está fazendo. Sabem como estão esses empregados atualmente, não são capazes nem de olhar por onde andam.”

A tensão se quebrou um pouco quando o homem grisalho abriu um pequeno sorriso e se inclinou para falar algo em voz baixa com Alexander. Eu estava quase completamente aliviada quando eu ouvi o que ele sussurrou para o meu chefe:

“Eu entendo ela ser desastrada, mas você poderia pelo menos ter escolhido uma assistentezinha mais bonita não acha Sr. Monroe? Assim você poderia aproveitar um pouco mais da destreza dela em outros... Cômodos..."

Ódio puro borbulhou dentro de mim. Minhas mãos se fecharam em punhos e eu senti os meus músculos se tencionando em preparação para o soco que eu ia dar. No entanto, Matt percebeu a minha reação e se posicionou ao meu lado, passando o seu braço ao redor do meu corpo para me segurar no lugar. Eu não achei que dar um golpe nele ia fazer da situação mais fácil, então simplesmente concentrei a minha energia em não me mover.
Alexander deu uma gargalhada baixa para o homem grisalho e disse:

“É, acho que nem todas as brasileiras se parecem com a Gisele Bunchen!”

A essa altura minha mandíbula estava tão apertada que eu podia muito bem ter quebrado todos os meus dentes. Matt percebeu e resolveu bancar o herói:

“Bom, todos nós cometemos erros e eu tenho certeza que a Sta. Miller sente muito por ter esbarrado em vocês não é mesmo?” ele me cutucou na costela.

“Com certeza” eu tentei soar absolutamente sincera e submissa, mas isso é difícil de fazer enquanto se imagina milhões de formas divertidas de quebrar o nariz de alguém...

“Então não temos motivo algum para briga, eu tenho certeza que Alexander pagará pela limpeza de suas roupas, não é mesmo Alex?” Matt continuou promovendo a paz.

“Absolutamente, por favor, encaminhem as notas fiscais para o meu escritório e o dinheiro será ressarcido a vocês o quanto antes” Alexander respondeu olhando de lado para mim na última parte. Porque eu tenho a sensação que esse dinheiro vai sair do meu salário?

Os homens resmungaram alguma coisa com Alexander e eu não fiz questão de ouvir, simplesmente me libertei dos braços de Matt e saí com a desculpa de ir buscar alguém para limpar a bagunça. Obviamente ninguém prestou atenção em mim.

Marchei até a salinha do café e encarei o armário por uns segundos tentando absorver a raiva que me inundou. Raiva de mim mesma, raiva do homem grisalho (eu não quis aprender o nome dele, me conhecendo eu podia acabar na frente da casa do cara com um fio de telefone durante a minha próxima TPM), mas principalmente raiva de Alexander, eu pude ver a dúvida sobre mim em seu rosto desde a primeira vez que nos encontramos e estava convencida de que ele estava errado, mas depois dos acontecimentos de hoje... Percebi que ele estava certo, e admitir isso acabou com os meus limites.

Segredos FataisOnde histórias criam vida. Descubra agora