Capítulo 6

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Não! Diz pra mim que ele não fez isso? Em que mundo ele achou que me fazer passar vergonha em meio ao público mais critico, incluindo o meu chefe, seria uma boa forma de me atrair?

Ao meu redor eu pude quase ouvir os pensamentos dos ricaços esnobes:

"Quem ela acha que é pra fazer uma cena desse jeito?"

"Essa é a nova assistente do Alexander?"

"Espera aí, ela não estava transando com o Monroe?"

"Quem é essa vadiazinha que acha que pode enrolar os dois jovens mais ricos da festa?"

Dentre outros comentários ainda mais revoltados ao meu redor. Mas essa não era a opinião que mais me importava. Eu passei os olhos pelo salão até me encontrar com o olhar de Alexander.

Para alguém não familiarizado com as expressões confusas de Alexander Monroe, pareceria que ele estava simplesmente aborrecido por terem interrompido sua dança com a loira estonteante em seus braços, mas pelo frio congelante que passou pela minha coluna ao fitar suas geleiras azuis eu soube que ele não estava gostando nem um pouco da ideia.

Honestamente eu não o culpava. Homens podem ser muito territoriais quando se trata de... Bom, praticamente qualquer coisa. Mesmo que eu e ele não estivéssemos socialmente envolvidos, ou tivéssemos qualquer intenção de estar, o resto das pessoas nessa sala achava que eu era algum tipo de propriedade dele. Não pode ser legal assistir o seu melhor amigo dar em cima da "sua garota" na frente de todos os empresários com os quais se trabalha. Se essa não fosse uma ideia tão machista, sexista e antiga eu teria sentido pena dele.

Eu decidi ignorar o comportamento dele, afinal nós dois sabíamos que ele não tinha razão alguma para me despedir. Virei-me novamente para o sorriso angelicalmente esperançoso e travesso de Matt e acenei. Dando a ele o sorriso mais brilhante que eu fui capaz de produzir.

* * *

Marcamos o encontro para o final de semana seguinte e ele me disse que iríamos ao cinema e depois jantaríamos. Na hora parecia perfeito, mas ao passo que as horas iam passando nesse domingo eu ficava cada vez mais ansiosa.

Eu tinha saído para comprar algo decente para usar nesse encontro durante a semana. Usando o meu próprio dinheiro eu tive que ser mais seletiva com as lojas que olhava, mas considerando que eu nunca tive muito dinheiro, fazer muito com pouco sempre foi uma especialidade minha. Acabei comprando um vestido creme bem soltinho e sandálias azul-escuro para a tão esperada noite. Eu agradeci por ser verão, já que, com o inverno de Chicago eu não teria o orçamento para comprar roupas adequadas.

19:30 e eu estava pronta para o meu primeiro encontro com Matt Johnson. Ou bom, tão pronta quanto se pode estar com uma nuvem de borboletas ameaçando fugir do seu estômago para a sua boca...

* * *

Minha preocupação esvaiu-se assim que entramos no carro de Matt. Ele era ótimo em fazer você esquecer os problemas. Passamos o tempo todo tirando sarro um da cara do outro e nos divertindo com piadas internas. Absolutamente confortável.

Quando chegamos ao cinema, optamos por um filme de ação. Daqueles que tem explosões extraordinárias originadas apenas de uma Glock 45, códigos de computador que decodificam qualquer programa em segundos, acontecimentos impossíveis e personagens idealizados. Ele parecia levemente surpreso com a minha escolha, mas nem um pouco incomodado. O que eu posso dizer? Eu sou uma nerd de coração!

Não que o filme não fosse bom, porque na verdade era muito bem feito. Com ótimos efeitos especiais, roteiro e atores tão bons que podiam muito bem fazer milhões lendo a lista telefônica na frente da câmera. Mas lá pela metade eu me achei levemente decepcionada.

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