Prólogo

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©Essa história foi escrita por Kaline Bogard sem fins lucrativos, feito de fã para fãs. Cópia parcial ou total, assim como o uso do enredo, está terminantemente proibido. Plágio é crime.

***

Mansão queimada dos Hale

23h15min

Stiles desceu do jipe e bateu a porta. Estava tão nervoso e preocupado que qualquer lobisomem em um raio de milhas escutaria as batidas descompassadas do seu coração. Mas sabia que não tinha ninguém ali, exceto Derek. Ou talvez não, já que a mansão estava completamente escura e silenciosa. E fazia tempo que isso não era assim.

– Ele não está, não é? – a mulher desceu do carro e também bateu a porta com força.

– Senhorita Ruby – Stilinski desesperou-se – Eu juro, não fizemos nada de errado! Eu...

– Stiles, você é um jovem de dezesseis anos. Questiono sua noção de "certo" e "errado". A não ser que prefira me ver conversando com o xerife...

– NÃO! – o garoto analisou sua professora de literatura, observando os olhos castanhos em busca de alguma compaixão. Não encontrou nada – Prefiro que fale com Derek antes. Ele vai explicar tudo.

A mulher sorriu de leve. Enquanto Stiles passava a mão pelo cabelo curto, sem saber o que fazer, ela vasculhava a bolsa de imitação de couro que trazia a tiracolo.

Stilinski não podia compreender como tudo saíra do controle assim. Uma semana atrás e o mundo era perfeito. Ou quase isso. Agora, ali estava ele na frente da casa de Derek Hale, com uma professora ao lado alegando ter visto os dois fazendo coisas íntimas.

O que era mentira! Derek e ele não eram nada! Sequer amigos! Que se dirá amantes... não que Stiles não quisesse isso... o que não vinha ao caso. No momento precisava convencer a professora de que eram inocentes das acusações.

Virou-se para falar com a mulher e viu que ela tirava uma barra de ferro não muito grande de dentro da bolsa.

– Senhorita Ruby? – franziu as sobrancelhas sem compreender aquilo.

– Surpresa, surpresa! – a mulher riu antes de erguer a barra de forma ameaçadora.

Stiles notou as intenções da professora e até tentou se defender, todavia não foi rápido o bastante. A barra acertou-lhe o lado direito do rosto e o garoto desabou sem sentidos no chão.

Ruby aguardou por um instante, querendo ter certeza de que seu aluno estava fora de combate. Verificou que tinha um pouco de sangue na ponta da barra de ferro, e aquilo até que vinha a calhar com seu plano. Deixou o objeto cair ao chão.

A princípio seu objetivo era único e envolvia apenas Stilinski. Mas durante a última semana vira a forma que Derek e Stiles se olhavam. Viu os sentimentos secretos e compreendeu tudo. Ao entender o quanto se gostavam em segredo, Ruby decidira mudar o foco da sua ação. Decidira trazer Hale para o epicentro do furacão.

Ergueu os olhos castanhos e analisou o céu noturno. Nenhuma nuvem encobria a perfeição celestial, ou mesmo a magnífica lua cheia. Jamais se vira uma noite com astros tão belos e brilhantes.

E a causa dessa maravilha era apenas uma: em pouco mais de meia hora aconteceria a Contemplação Maia e o Alinhamento Perfeito. Dois fenômenos que não se repetiriam simultaneamente antes de três mil anos. Que ocorreram exatamente três mil anos atrás. A meia noite.

Um fenômeno que podia fazer milagres.

Balançou a cabeça saindo do transe e abaixou-se ao lado do rapaz caído no chão. Foi impossível não sentir certa admiração pela ingenuidade de Stiles. Professor algum no mundo faria algo assim tão tarde da noite. O menino devia estar desesperado para proteger Hale e livrá-lo de eventuais encrencas... e pagava um preço alto por isso.

A mulher usara desculpas esfarrapadas para manipulá-lo e guiá-lo até ali apesar da hora avançada. Claro, era apenas uma criança confiando em uma professora. Que motivos Stiles teria para desconfiar? Todos os motivos do mundo, levando em consideração as coisas que testemunhava. Mas não... ele parecia incapaz de mudar e deixar de ser o jovem crédulo que sempre ajuda a salvar o dia. Não poucas vezes a salvar Derek... mesmo sem ter esperanças de ser correspondido em seu amor secreto, embora não tão secreto assim.

Ruby meneou a cabeça, abaixou-se e pegou-lhe o celular no bolso da calça jeans surrada. Buscou nos contatos, certa de que acharia o número do Alpha. E encontrou. Enquanto sorria satisfeita, digitou quatro pequenas letrinhas e enviou o SMS.

Ele entenderia. Derek era esperto. Sacaria na hora que fora propositadamente afastado da mansão, não apenas ele; mas Peter também. O resto do Pack estava longe o bastante, para não serem causa de preocupação. Com os outros humanos sequer se preocuparia.

Apenas um lobo dominava seus pensamentos: Derek. E ele voltaria correndo desesperado ao ver que o pedido de ajuda fora enviado do telefone de Stiles Stilinski.

Soltou o celular ao lado da barra de ferro no chão. Já não precisava mais deles. Ficou de pé com Stiles em seus braços e ergueu o queixo de leve, fechando os olhos em deleite. O uivo assustador escapou de seus lábios como um desafio. Um desafio contra seus pretensos inimigos.

"Volte a tempo, Derek Hale"; pensou. "Volte a tempo de salvar o que é importante".

Sacrifício de Amor (Sterek)Onde histórias criam vida. Descubra agora