Entre fogo e cinzas

UM NOVO DIA, UM NOVO RECOMEÇO.

Despertei tão bem que até estranhei, parece que tudo está fazendo sentido em minha cabeça, todo esse tempo tendo uma vida miserável e a mudança só dependia de mim, claro que não vou parar de fazer sexo, mas pretendo ter um futuro digno.

O maldito caderninho está me olhando novamente, vou ter que abri –ló, creio que nunca entendi minha mãe, ela escrevia o nome de todos os homens com quem ela dormia e uma breve história sobre cada um deles, a já mudei de ideia entendo ela sim porque eu também estou fazendo isso agora, quer dizer não é bem isso essa história é sobre mim não sobre os homens que durmo eles só fazem parte da minha vida.

Agora que tenho tempo de sobra e meu aluguel deste mês já está pago vou ler essa porcaria. A primeira página fala de um recorde que ela bateu, 20 homens ao mesmo tempo, me surpreendi muito e ela era realmente uma profissional. Que estranho tem umas 3 páginas com nomes e historinhas realçada de amarelo e um balãozinho escrito "possíveis pai da minha filinha".

-MEU DEUS, eu sou a filinha, eu posso ter um pai!

Um breve filme de uma garotinha inocente cujo a mãe morre e ela é criada com todo amor e carinho passa na minha cabeça, mas obviamente eu não sou essa garotinha pois eu nunca tive um pai, na verdade nunca tive ninguém. Estou no auge da minha liberdade e tudo o que eu tenho é um caderninho de uma puta velha e morta que diz supostamente que eu posso ter um pai.

A primeira história realçada era de Sr. Rodrigo Kalifor, que pelo nome me parece ser alguém importante cujo minha mãe se encontrava sempre, ela não fala muito dele diz apenas o seguinte. "Hoje foi um dia daqueles, Rodrigo chegou com seu terno fino do trabalho e me mandou tirar a roupa, gosto do seu jeito autoritário, fizemos sexo de todas as formas num período de duas horas consecutivas, ele é o mais importante de meus clientes, mas também o mais rude, quando ele foi embora não pude atender mas ninguém no dia estava tão debilitada que não me mentia em pé senti o canal da minha vagina arder, ele podia ter ido mais devagar. Meu emocional fica abalado todas as vezes que ele vem, apesar do cache ser bom ele não é".

Me surpreende saber que ela tinha sentimentos, isso pra mim é uma novidade, acho que nunca pensei nela como um ser humano simplesmente como a vaca puta que fodeu minha vida. E esse Rodrigo, não quero ter um cara assim como pai, rude, autoritário já chega tudo que passei no orfanato.

Nem se quer consigo ler a próxima história, vou sair pra encontrar o Luís hoje ele é um loco que conheci assim que sai do orfanato, o único amigo que eu tenho e o único que possivelmente irei ter.

Ele é um menino forte de aproximadamente 1,81 muito alto no meu conceito, ele é um fofo, tem um olhar sincero e já demonstrou sentimentos por mim só que não me considero digna do amor dele, um cara estudado, bonito e gentil não combina com uma desempregada que só tem o ensino médio e mal sabe falar. Não posso negar que nossa amizade é colorida porem os sentimentos são cinzas, confesso que tem um pontinho vermelho.

Chega dessa história de pai por hoje preciso me ajeitar, dá um trato no cabelo, procurar um sutiã que realce os seios que não tenho. Hoje resolvi inovar pois agora sou uma nova mulher.

Coloquei meu único vestido de renda pêssego e um sobretudo, realmente esse sutiã faz toda diferença, tomei minha bolsa e fui encontra-lo.

Restaurante Speranza, um lugar calmo e chique, logicamente eu não sabia me comportar como deveria mas ele me fez se sentir em casa, comemos burrata que é excelente e seguimos para seu apartamento.

O tempo e estava nublado e entramos em seu apartamento fugindo das gotas de chuva que começava a nos molhar , desde o estacionamento.

Ele apressou-se em busca de uma toalha, caminhando a ate mim para enxugar as gotas que molharam meu rosto. Passou o pano levemente, contornando a minha face. Tão próximo. Nossos olhos estavam proseando. Abri um sorriso e lhe disse