- Você viu como ele tá olhava?
Victória me acordou seis horas da manhã dizendo que estava com fome, e queria tomar café comigo, mas a verdade é que ela queria falar sobre a discussão.
Saí da festa e fui andando até a minha casa, estava tão indignada com as formas de agir do filho do Conde, que nem me importei em deixar a porta aberta.
Acabei passando a noite em claro, imaginando todo tipo de resposta possível, no fundo acho que fui um pouco dura de mais com ele.
- Não vi nada além de desprezo. Ele nem bem olhou na minha cara e já saiu me chamando de meramente aceitavel.-Frisei as duas últimas palavras.-Queria estar lá para saber o que ele falou de mim depois que saí.
Minha amiga Sorri, e balança e cabeça negando.-Nada, ele simplesmente foi embora, deixando as outras moças sem uma dança sequer.
- E como você sabe disso?-Me inclino na mesa e encaro ela.
- Eu fiquei conversando com o Filliph, na verdade ele me segurou mais um pouco depois que você saiu.-Victória abaixou o olhar, tímida.-Mathew ficou vendo você sair do salão, toda cheia da si, depois deu uma desculpa qualquer e foi para o quarto dele.
Um certo orgulho cresceu dentro de mim, não pelo fato de discutir com alguém, mas por saber que tudo que aprendi nesses anos com a princesa me deram resultados.
- Não sei, acho ele muito orgulhoso, sendo assim, quanto menos nos encontrarmos melhor.-Levanto da cadeira e começo a juntar minhas coisas.-Vamos logo, hoje tenho uns assuntos pra resolver na cidade, e logo mais tarde vou dar aula para o meu querido Anthony.
*****
Mal entro no salão principal e dou de cara com o Orgulhoso. Ele me diz alguma coisa que não entendo bem.
Hoje ele está de roupa casual, calça e camisa preta, pelo que sei são roupas de cavalgar. De perto ele é bem mais alto que eu.
- Bom dia. - Digo polidamente.
Ele para na minha frente e busca meu olhar, imediatamente sinto meu coração acelerar, mas tento manter a pose, e mantenho meus olhos focados nele. Mathew se aproxima mais ainda;
- Meu pai deseja falar com você. - Ele fala bem perto de mim, de modo que consigo sentir o hálito quente dele.
- Muito obrigado.- Me afasto.- Irei agora mesmo.
Viro as costas e vou em direção a escada, mas minha mãe aparece não sei dá onde e me puxa.
- Bruce esteve aqui. - Ela parece assustada.- Eu estava entrando quando ele parou o carro e pediu pra te ver,quando viu que eu não deixaria ele escreveu um bilhete e me entregou.
- Droga. - Pego o bilhete das mãos trêmulas dela. - Ele falou mais alguma coisa?
Minha mãe somente nega, então olho para o maldito bilhete, penso em jogar fora e acabar logo com isso, mas não sei o que está escrito, pode haver alguma outra coisa. Dobro mais ainda e guardo dentro da blusa.
- Mãe toma muito cuidado, sei como ele é quando quer alguma coisa. - Beijo a minha mãe na testa tentando tranquilizá - lá.
- Acho que você deveria dar um fim, porque se eu pai pagar ele vai querer acabar do jeito dele. - Ela me olha com atenção.
Fico vendo minha mãe se afastar, ela está mais magra que o normal, e mais pálida também. Sou a única filha, nasci quando minha mãe já tinha trinta e nove anos, ela não podia gerar, e quando já tinha perdido todas as esperanças eu vim ao mundo.
Respiro fundo e subo as escadas. A cada degrau que subo tenho vontade e encostar e abrir o bilhete.
- Não importa. - Falo pra mim mesma.
Bato na porta, e ouço o Conde. Então abro a porta:
- Licença, o Senhor queria me ver?
Conde Robert levanta a cabeça e me olha por um tempo, depois como se lembrasse o assunto deixa os papéis e cruza os dedos.
- Você sabe que por uma complicação no parto da minha amada Elisabeth meu filho veio a nascer cego, e até o dia de hoje não havia nada em a ser feito.
Enquanto eu tento digerir cada palavra ele leva a mão até o retrato da esposa e com os dois dedos acaricia o rosto da amada.
- Hoje pela manhã, recebi uma ligação, na verdade já aguardava. Enfim, um médico muito famoso me ligou e pediu para que eu levasse o Antonhy até ele.Mas vou fazer uma viagem ainda hoje, irei buscar minha neta.
- Entendo. O Senhor quer que eu ligue e desmarque.
- Não querida, quero que você vá com ele. Já está tudo pronto, vocês vão sair em uma hora. - Ele se levanta.- Meu filho Mathew vai com vocês, ele mesmo pediu.
A surpresa é tamanha que sento na cadeira, mesmo sem ter a certeza de que ela estaria lá para me amparar. Agora faz sentido o modo como ele veio até mim, como me olhou. Talvez ele queira se vingar de mim, ou falar tudo que ficou entalado na noite passada.
***
Acordei de mal humor, talvez fosse pela noite de bebedeira, ou pela falta que sinto dela. Me arrumei as cegas, de hoje não poderia passar.
Agora voltando, estou pior ainda, deveria ter invadido aquele maldito palácio e falado com ela.- Susan, você poderia ter me atendido. - Sinto tanta raiva que desfiro um soco contra o volante.--Droga.
Tento ligar, mas ela com certeza deu um fim no aparelho para não falar mais comigo, e isso me deixa louco. Ela consegue mexer com a minha cabeça.
- Uma única noite, e acabei com meus planos.
Paro o carro e entro no prédio, estou tão furioso que passo direto para o elevador. A porta se abre e pela primeira vez desde o acontecido me pego imaginando a trajetória da Susan até meu apartamento.
Como ela deve ter se sentido entrando e vendo toda aquela bagunça, e depois abrindo a porta do quarto, quando a Pamela quis fazer uma brincadeira e colocou o vestido dela.
Bato a porta e me jogo no sofá, tento ficar parado por algum tempo. Mas a dor é tanta que cerro os punhos e deixo um grito escapar, se não fosse assim meu peito poderia se romper.
Me arrasto até meu quarto, abro a última gaveta do criado mudo.
- Susan.- Cubro o rosto com as mãos.- O que eu fiz?
Puxo uma caixa de madeira de dentro da gaveta, dentro tiro outra caixa menor. Um anel de noivado...
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O Príncipe e Eu. DEGUSTAÇÃO.
FanfictionOlha só quem está sozinho.-Ela aponta com o queixo. -Se ele não fosse tão orgulhoso eu até iria falar com ele.-Imito a expressão dele.-Mas eu não gosto de dançar.-Falo grosso, imitando a voz dele. -Ele está olhando para você. -Não tá não. -Tá sim. O...