Caminho pela calçada sem ser notada, graças a meu casaco preto e um óculo de sol, posso andar pelas ruas de Willisburgo sem ser parada, não que eu seja uma celebridade. Entro em uma loja pequena, e bato no balcão:
- Licença.- Falo um pouco alto tamanha é a minha pressa.
Uma mulher vem caminhando do fundo da loja, assim que ela percebe quem sou dá meia volta, mexe nas prateleiras e volta com um embrulho.
- Desculpa, estamos cheios de encomendas. Parece que estão descobrindo. - Ela me entrega o pacote e sorri meio sem graça.
Muitos pensam que a família real só veste roupas de grife, mas o Conde prefere mandar fazer ou comprar roupas em lojas pequenas, nada de ser notado, ou imitado. Hoje em especial ele me pediu para buscar um vestido para a neta. Eloise faz quinze anos em breve.
Não sou membro da família real. Trabalho para eles, ou melhor para o Conde, desde quando a querida princesa Elisabeth morreu no parto do pequeno Anthony. Desde então eu passo horas tocando para ele.
Meus pais também trabalham no palácio, minha mãe na cozinha, e meu pai no jardins, ele e o Conde são amigos antigos.
Willisburgo é uma cidade turística estilo medieval,ninguém no palácio tem celular, menos eu.
- Alô! ?
- Bruce?
- Susan? Que saudade.
- Pois é. Hoje consegui sair um pouco, será que a gente pode se ver?
- Que pena. Eu não estou em casa, estou fora da cidade.Nós namoramos à dois anos. Bruce é lindo, o sonho que toda mulher, loiro, olhos verdes, forte, porém distante, não sei se pelo fato de ele ser sócio em uma multinacional e nunca estar em casa. Já faz quase um mês que a gente não sai, nunca pode me ver.
- Quando você chega?
- Hum. Hoje a noite, sete e meia, mais ou menos. Desculpa, mas estão me chamando.Beijo,te adoro.
- Ok.Beijo.Vamos casar assim que ele comprar um apartamento maior. Não sei, mas não me sinto confortável pensando em casar com alguém que só me adora.
Passo pelo portão pequeno e entro no prédio. O porteiro me olha assustado, mas volta a atenção para o jogo com outro homem.
Subo pela escada até o terceiro andar. Procuro na bolsa, uma única chave, sinto um nervosismo, não sei se ele vai gostar. Giro a chave, bem de vagar, tiro os sapatos para não sujar o carpete impecável.
O apartamento de solteiro está uma zona. Passo pela cozinha e vejo dois pratos em cima da mesa, roupas jogadas no sofá, duas toalhas no banheiro, e minha raiva subindo.
Ando em direção à única porta fechada, e ouço barulhos, uma conversa seguida de risadinhas e silêncio.
Pego na maçaneta e sinto cheiro de perfume barato, sinto meu coração bater tão forte que temo ser ouvida, então faço a única coisa que me veio a mente. Abro a porta.
- Mas o que é isso?
Meu agora ex namorado está na cama, graças a Deus com roupa, com a minha melhor amiga. Pamela usa um vestido meu.
Eles me olham com surpresa, parece que o tempo parou, porque ambos prendem a respiração.
- Era essa a viagem Bruce? - Jogo uma camisa nele.
- Susan, olha eu...Não...
- Tudo bem.- Levanto a mão.-Agora entendo porque você nunca tem tempo pra me ver.
Minha respiração acelera muito quando olho para a pessoa que foi minha confidente.
- Pamela. Como você teve coragem, você está noiva. Ele não merece isso. Não merece você.
- Susan.- Ela se levanta.- Deixa eu explicar...
- Não.- Caminho na direção dos dois.- Nunca mais volto aqui.-Tiro o anel que ganhei dele e jogo em cima da cama.- Toma, coloca no dedo, já que você gosta dos restos que eu deixo.
Bruce tenta pegar no meu braço, mas passo por ele e bato a porta do quarto. Não corri, afinal todos esses anos no palácio me fizeram aprender muitas coisas, e ter classe é uma delas.
Passo pela sala e vejo meu reflexo no espelho, paro e me olho. Cabelos negros comprido, tenho os olhos azuis por conta da minha mãe, e a pele branca, traços fortes como diz meu pai.
Bato a porta tranco e jogo a chave por baixo. Finjo que não ouço ele me chamar. Desço a escada, passo pelo porteiro que cochicha com o outro homem, provavelmente falando de mim.
Paro na calçada e dou sinal. Um carro preto sedan para na minha frente. Olho para cima e vejo Bruce tentando dizer alguma coisa, que eu nem me esforço para ouvir. Entro no carro e bato a porta.
- Para onde agora? - O motorista da família real se vira para mim.
- Para Willisburgo. - Bato no ombro dele. - O palácio...
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O Príncipe e Eu. DEGUSTAÇÃO.
FanfictionOlha só quem está sozinho.-Ela aponta com o queixo. -Se ele não fosse tão orgulhoso eu até iria falar com ele.-Imito a expressão dele.-Mas eu não gosto de dançar.-Falo grosso, imitando a voz dele. -Ele está olhando para você. -Não tá não. -Tá sim. O...