Lost Soul - J.B

• Prólogo •

Podemos acreditar que tudo que a vida nos oferecerá no futuro é repetir o que fizemos ontem e hoje. Mas, se prestarmos atenção, vamos nos dar conta de que nenhum dia é igual a outro. Sou a prova viva disso.

Em uma tarde ensolarada, você está com seu pai em um resort com tudo pago e no outro dia recebe a notícia de que "o famoso empresário de Atlanta, Richard Evans, sofreu um acidente de carro na Rua Middleton e, com ferimentos graves, não resistiu..."

Era a minha vez de buscar as roupas na lavanderia naquela tarde. Ele trabalhava demais. Não tinha tempo para quase nada, mas revezávamos as tarefas da casa. Era para eu estar naquele carro...

Minha mãe morreu quando me deu à luz 20 anos atrás. Meu pai me criou sozinho, apesar de trabalhar tanto, e me apoiou em todos os momentos até agora. Ele dizia que eu não tinha culpa, mas sempre me senti mal por ter "feito" minha mãe morrer. Por minha causa, meu pai perdeu seu verdadeiro amor, sua fonte de inspiração.

E agora eu o perdi, para sempre.

Como no acidente o corpo de meu pai foi parcialmente carbonizado, não podíamos fazer um enterro tradicional. O legista nos aconselhou queimar o resto do corpo, pôr as cinzas em uma urna e jogá-las no mar. Não tinha outra escolha.

Convidei somente três pessoas: Tia Pattie e seu filho adotivo - quem eu nunca suportei desde criança, mas papai o adorava - e minha melhor amiga Emma, que estava sempre do meu lado pra tudo, assim como ele.

- Sinto muito, querida - disse Pattie, enquanto jogávamos as cinzas no mar - Ele a amava muito, muito mesmo - senti lágrimas escorrerem e pisquei, tinha que ser forte, por ele.

- Eu sei, só queria poder expressar melhor o quanto eu o amava - respondi, já fechando a urna.

- Com toda certeza ele sabia, meu doce - ela fez uma pausa - Sabe, seu pai me fez um pedido quando sua mãe morreu. Ele temia que você ficasse sozinha e...

- Diga.

- Ele me pediu que, se você ainda não tivesse sua vida formada quando ele partisse,  eu te levasse para morar comigo.

- Tudo bem - estava tão abalada que nem pensei que ficaria sob o mesmo teto que aquela praga chamada Justin Drew Bieber, o maior cafetão de Atlanta.